Blue me fez comprar três garrafas de vodca que ela brilhantemente decidiu misturar com todo o tipo de refrigerante existente no supermercado. O resultado? Pelo menos cinco garrafas de bebida na minha geladeira. Espera esse é só o começo ela disse para que cada convidado trouxesse sua própria bebida. Então vamos contar:
Cinco garrafas de vodca com alguma coisa;
Uma garrafa de Whisky e um energético que Luc e João trouxeram;
Uma garrafa de Martini trazida por uma Cela já um pouco alta;
Duas garrafas de Rum e três litros de Coca Cola, que Texy equilibrava nos braços enquanto abria a porta gritando: "CUBA LIBRE!";
Uma tequila José Cuervo trazida pelo rapaz logo atrás de Texy, ajudando- a equilibrar as garrafas;
(Uma pessoa que aliás, eu nunca havia visto antes, e que agora está sentada no meu sofá, não é uma maravilha?)
Uma tigela cheia de balas de gelatina trazida por Ana. Pois é, eu também não entendi;
Uma garrafa de suco de laranja trazida por Erik, pelo menos uma pessoa sensata nessa "noite".
(Sim ele veio!)
Agora vamos somar tudo isso. O resultado? Provavelmente uma catástrofe.
Blue ligou o rádio e agora está tocando alguma dessas músicas do momento, todos estão conversando e bebendo, exceto Erik. Nossa, ele deve estar se sentindo tão deslocado quanto eu, sim, eu sei que estou na minha casa. Aproximo-me dele enquanto como algumas balas, elas têm um gosto estranho, mas não ligo, preciso me distrair para não ficar mandando "meus convidados" tirarem os pés do sofá.
Sento-me ao lado de Erik e fico encarando.
- Nós estamos jogando o jogo do sério ou algo assim?
Ele é o primeiro a falar, eu como resposta sorrio e falo a primeira coisa que vem a minha mente.
- E a sua irmã e o namorado, tiveram uma noite quente?
- Imagino que sim já que quando cheguei no apartamento a encontrei chorando no sofá ao lado do lustre quebrado.
- Como assim? O que houve?
- Parece que eles acabaram, e ela ficou tão irritada que começou a jogar as coisas na parede, ela não sabe muito bem lidar com a raiva.
- A é uma pena...
- Não, ele era um idiota, achava que ia ser o novo Steve Jobs, trabalhava em um projeto chamado Tomato.
Isso me faz rir incontrolavelmente, e ele ri junto, um passo mal planejado já que isso faz com que espirre da sua boca todo o suco que havia tomado depois de terminar a frase.
- A, meu Deus, me desculpe por isso.
- Não foi nada, mas bem, acho que vou ter que trocar de roupa...
- Desculpe, mesmo, eu sou um idiota, por que eu vim?
- Eu estou feliz que você tenha vindo!
Depois de dizer isso lhe dou um beijo na bochecha. Caramba de onde tirei coragem para fazer isso?
Blue me puxa pelo braço e me leva para o quarto.
- Parece que nossa leoa está atacando. RAWR!
Eu coro.
- Ei, o que você quer dizer com isso?
- Você acha que eu não te vi dando em cima do jovem Leonardo DiCaprio ali na nossa sala? Sua safada!
- Não é nada disso, é só que ele é tão, sabe? Apertável!
Ela ri, e completa:
- É claro que ele é apertável, você já viu aquela bunda?
Eu faço cara de inocente e mal tenho tempo de protestar quando ela joga nos meus braços um dos microvestidos que trouxe ontem.
- Vista isso, e não, você não tem direito de escolha!
- Relaxa já aprendi que é impossível tirar algo dessa cabeça azul.
- Do jeito que você fala do meu cabelo me sinto um sorvete de tutti-fruti
- E você não é?
Rio e mostro a língua. Termino de me vestir e não posso negar que estou bastante sexy nesse tubinho preto, mas ainda acho muito exagerado para usar em casa.
Voltamos para sala e as meninas estão em volta do rádio, que aliás, não faço ideia de onde surgiu. Elas estão dançando e começam a puxar Blue junto com elas. Tento me esconder atrás do sofá, talvez elas confundam meu cabelo com uma das almofadas vermelhas. Não funcionou.
Dançamos um pouco, enquanto elas seguram copos sempre cheios nas mãos eu como as balinhas de gelatina que a cada momento me parecem mais gostosas. Todos parecem estar se divertindo e minha opinião sobre essa pequena festa está mudando. Por que eu era contra isso? Todos parecem tão felizes, aliás, eu estou feliz também! Enquanto danço reparo nas cores do abajur ao lado do sofá e em como elas parecem brilhantes, eu nunca havia notado como esse abajur era bonito!
- Ei Cool, onde estão as balas de gelatina?
- Eu comi todas, estavam deliciosas!
Respondo com o pote vazio nas mãos.
- O, não, você disse que comeu todas?
-Sim, por que?
Continuo dançando e as coisas parecem girar a cada movimento que faço com a cabeça. Blue e Ana se olham e começam a rir, como me parece adequado, rio junto com elas.
- Cool, essas balas de gelatina absorveram uma garrafa inteira de tequila.
Ana diz piscando os pequenos olhos azuis ornamentados por todo aquele algodão doce rosa que é seu cabelo encaracolado. Blue abre um sorriso.
- Essa noite com certeza será divertida!
Então estamos rindo abraçadas, e só consigo sentir a musica, fecho os olhos e danço pelo que parecem horas. De vez em quando mãos agarram minha cintura, mas não dou importância para isso, já que estou me divertindo.
Quando olho para o relógio já é meia noite, mas não estou com sono. Sento-me no sofá e vejo que Erik está ali, está mais do que na hora de puxar assunto. Aproximo-me dele sem levantar do sofá, o que faz com que ele comece a rir.
- EEEEII, ERIK, POR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ SE DIVERTINDO?
Isso saiu mais alto do que eu planejava.
- Eu estou me divertindo, olhe só pra mim, sou a cara da diversão.
Ele abre um sorriso brilhante, e começo a reparar no azul intenso dos seus olhos, lembro-me da primeira vez que vi o mar.
- Eu não teria problema algum em me afogar com você.
- Caramba, você está muito bêbada.
Ele continua rindo e eu sem muita ideia do que fazer rio junto. Ficamos sentados rindo e encosto a cabeça no ombro dele, cheira tão bem, fico pensando se devo beijar seu pescoço, isso parece tão certo. Mas sou obrigada a olhar para o centro da sala onde Blue fala do alto de uma cadeira segurando uma garrafa de tequila nas mãos.
As palavras me parecem um pouco embaralhadas, mas posso ouvir garrafa, verdade e consequência. A não, ela não vai fazer isso, vai?
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Descolada
RomanceA vida de Guinevere virou de cabeça para baixo quando ela decidiu que era hora de dar adeus a pequena cidade de interior em que vivia para estudar na cidade mais movimentada do estado. Já sabia que as coisas seriam diferentes no começo, mas não imag...