Capitulo 2

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Caramba, acho que eu preciso tentar começar a jogar na loteria por que afinal de contas, qual era a probabilidade de conhecer um dos meus professores de uma maneira tão, como posso dizer... Desagradável, inadequada?  Está bem, na verdade, estou me perguntando qual a probabilidade de antes mesmo do começo da aula já achar meu professor um mala.

O mala está falando melhor prestar atenção.

-Então pessoal, como já disse antes sou professor de literatura, e essa é a matéria que mais se repete ao longo dos seus horários então nós nos veremos bastante!

Por favor, alguém alcança o grampeador para que eu possa usar em meus pulsos e ter uma morte lenta, estou entrando em combustão. Como pude ser tão mal educada com um professor?

-Sou novo na faculdade, tive a sorte de começar a carreira muito cedo então não devo ter muito mais do que a idade de vocês, tenho 26 anos e espero que não se sintam mal por isso.

Não por isso.

-Bem eu fiz uma pequena apresentação agora espero que todos façam o mesmo, para que possamos nos conhecer melhor. Ei você ai, comece!

Estou agradecida por não ser a primeira, pois preciso de algum tempo para digerir as informações. Então ele é bem jovem, é professor de literatura e acha que eu sou uma maluca caipira, bom acho que tenho o momento da minha apresentação para mudar essa primeira impressão, ou não.

Enquanto acalmo minha mente, uma nova ideia me surge. O que importa o que ele pensa de mim? Não vou mudar primeira impressão coisíssima nenhuma, se ele acha que sou uma caipira do interior, ele que fique achando, não ligo mesmo.  

Enquanto passava por essa pequena epifania algumas pessoas faziam suas apresentações. Todos são tão diferentes do que eu imaginava, uma garota acabou de falar sobre a sua posição sexual favorita, acho que isso não é adequado para uma aula de literatura, mas parece que ninguém aqui tem esse discernimento. Tenho quase certeza que o garoto antes dela citou como sua atriz favorita uma que interpreta em filmes pornô.  Como eu conheço o nome? Sabe como é... Cidade de interior, os garotos não tem muito que fazer e falam pelos cotovelos, até sobre aquilo que não queremos ouvir. Bem parece que na cidade isso não é diferente...

-Ei, você não achou esse professor de literatura um gatinho? Parece até um deus grego!

Tomei um susto, um vulto azul que não sei de que maneira não havia notado antes me sussurrou essa frase. Então ela levantou e se pôs a falar, é engraçado pois só consegui ouvir seu nome Joana, não conseguia parar de olhar pra seus cabelos azuis vibrantes, Joana seria chamada de louca na minha cidade, imagina só, eu passei de cabelo rosa por um dia e fizeram um alvoroço, imagina se a sereia azul tivesse dado umas voltas por lá, seria comparada a Joana D'Arc, não tenho dúvidas, talvez até cogitassem a ideia de queima-la na fogueira... Não pude evitar soltar uma gargalhada.

A sala inteira está me olhando, por que eu ficaria surpresa? Era obvio que ao meu menor deslize todos ficariam em silencio e somente a minha risada de porquinho seria ouvida. 

-Bom, senhorita...

- Guinevere, Guinevere Salomão.

-Acho que a senhorita está muito feliz com essa aula, quem sabe possa nos falar um pouco sobre você.

Mais uma vez eu tive vontade de socar a cara desse professor, e a minha também, isso realmente não é bom.

-Como disse antes, me chamo Guinevere Salomão, tenho 20 anos e vim de uma cidade vizinha daqui, gosto de ler, de livros, e de séries. Obrigada.

Falei tudo isso em uma velocidade que achei que jamais seria capaz. Sentei-me. Ninguém conseguiria fazer com que me levantasse de novo, sentia minhas bochechas queimarem em rubor, tamanha vergonha que sentia.

-Ei garota, vai com calma, por que todo esse nervosismo?

E a garota azul, talvez pela cor, talvez pelo sorriso conseguiu me fazer sorrir.

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