Capitulo 1

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-Quem ligou essa porcaria de despertador?

Ok sabia que havia sido eu mesma, e também que morava sozinha, mas acredito que não existe nada de errado em um mau humor matutino. Mas sabia que era muito errado chegar atrasada na faculdade, no primeiro dia de aula, no primeiro dia em uma cidade nova.

Levantei-me com a agilidade de um bicho preguiça e vesti as roupas que separei antes de dormir, o que deve ter acontecido a menos de 6 horas atrás já que só cheguei ao meu apartamento no meio da noite. Agora podia notar que eu realmente estava com sono já que separei uma das minhas camisetas de pijama para o primeiro dia. Peguei outra blusa qualquer na minha mala e vesti o jeans confortável que havia separado, agora só faltava escovar os dentes e sair, o café teria que ficar para mais tarde.

As coisas estavam indo bem até eu chegar a essa parada de ônibus, ninguém me contou que eu teria que ser o Robert Langdon e decifrar todos essas cifras e códigos para chegar à faculdade.  Tenho vergonha demais de admitir a minha ignorância de garota do interior perto de toda essa gente da cidade, ok, essa frase me faz parecer mais caipira ainda, mas fazer o que? Vim de uma cidade pequena do interior do estado para estudar, nem preciso dizer que meus pais adoraram minha decisão né? Só pra constar no interior também usamos do sarcasmo.

Tem um carinha estranho me olhando de maneira igualmente estranha, não posso negar que estou com um pouco de medo, afinal ouvimos cada coisa que acontece na cidade. Ei ele está chegando perto de mim, ai meu deus.

-Sabe eu tenho um spray de pimenta.

Tudo bem, talvez eu não devesse ter dito isso, as pessoas estão me olhando.

-Calma, calma, se você quiser eu saio de perto, só achei que você estivesse um pouco perdida.

-A me desculpa, eu pensei que você fosse tipo esses caras que a gente vê no noticiário, esses que roubam garotas indefesas na parada do ônibus.

- Você não é daqui né?

Bom parece que eu fui bastante óbvia e agora ele claramente estava tirando uma com a minha cara.

-Afinal de contas, vai me ajudar ou não?

-AHA, ok tudo bem, para onde você está querendo ir?

-Para a faculdade federal.

-Sério?

-Não, estou brincando, quero ir para o Beco Diagonal, sabe onde encontro Pó de Flu?

-Calma ai nervosinha, só achei engraçado por que vou pra lá também.

A que maravilha, meu dia não podia começar melhor, além de aguentar ele rindo da minha cara aqui vou ter que vê-lo todos os dias na faculdade, que maravilha!

-Olha lá, nosso ônibus chegando, é esse que tu precisa pegar para chegar lá...

Assim que o ônibus chegou eu fiz questão de sentar na cadeira mais afastada, colocar a bolsa no assento do lado, e fazer a cara mais emburrada possível, parece que ele entendeu meu sinal, já que foi rindo sentar em outro assento.

Não sei como é possível, mas sempre consigo me envolver nesse tipo de bagunça, lá na minha cidade eu era conhecida como a esquisita do cabelo rosa, mesmo que tenha ficado daquele jeito só uma vez, por acidente. Aqui parece que vou ser conhecida como a caipira do interior, e era só isso que eu não queria.

Não vou negar que tive que espiar onde o rapaz estava descendo para acompanha-lo e tornar-me então independente no meu caminho. A faculdade era enorme, muito maior do que aquela que possuímos lá no interior, e isso me assustou um pouco. Mas o que eu esperava? Lá na minha cidade tinha tão pouca gente que dava pra levar a galinha de estimação pra aula, outro fato engraçado, as pessoas realmente tinham galinhas de estimação.

Entrei na faculdade e agora não estava mais perdida já que tinha em mãos um mapa do campus que havia impresso com meses de antecedência e que decorei inteirinho. Minha primeira aula era de literatura, começaria em uns quinze minutos, o que me deu tempo de ir à cantina e tomar um café. É engraçado ver toda essa gente diferente, já que sempre convivi com as mesmas pessoas. Sempre tive os mesmo amigos, sempre namorei o mesmo garoto, mas isso tudo deixei pra trás quando decidi vir estudar na cidade, aquele não era meu lugar, eu sabia que podia ser muito mais, longe dali. Com as amigas mais antigas sempre poderia manter contato, do namorado antigo eu queria mais era distância.

Depois do café fui indo para aula de literatura, e qual não foi minha surpresa ao ver o rapaz do ônibus na porta. Eu estou começando a achar que sou muito azarada.  Depois de entrar sentei em uma classe e esperei o começo da aula, achei estranho pois o cara do ônibus continuava na porta, depois de todos dentro da sala ele entrou, e foi então que eu parei de achar que era azarada e passei a ter certeza.

-Bom dia pessoal eu sou Gustavo Genre e sou seu professor de literatura.

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