Capitulo 6

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Mais uma vez a manhã se passou com aulas entediantes, bem eu escolhi esse curso, não sei o que eu estava esperando, fogos de artificio talvez? A vida universitária definitivamente não é tão glamorosa quanto eu esperava, onde estão as festas, as pegações nos corredores? Ok, eu sei que só tivemos dois dias de aula, mas definitivamente, eu esperava mais.

Blue queria que eu almoçasse com ela, mas eu estava louca por um momento só meu, no meu apartamento.

Dei um perdido na Sereia e acabei vindo sozinha. É estranho para caramba poder falar, meu apartamento, algo só meu, tudo bem que são apenas duas peças e um banheiro, mais ainda assim é meu.  A cama no centro do quarto, o abajur de ursinhos carinhosos que tenho desde os 6 anos, o mural de recados na parede, ainda vazio, tudo isso está dentro do meu apartamento, caramba. É engraçado pensar que até alguns poucos dias atrás eu estava naquele fim de mundo esperando Judas aparecer para descolar um par de botas, torcendo que fossem Dr. Martens, lógico. E agora cá estou eu na cidade, vivendo meu sonho. Então por que será que não consigo tirar esse maldito vizinho, traço, professor, traço, irritante, traço, o cara com os olhos mais bonitos que eu já conheci, da cabeça?

Ainda não entendi por que ele estava tão irritado hoje durante a aula, como se eu tivesse a obrigação de acorda-lo, como se tivéssemos alguma relação ou algo assim, que eu saiba mal somos amigos, ou será que estou enganada?

Será que isso vai ficar martelando minha cabeça pra sempre? Talvez eu tenha sido um pouco ingrata, ele me ouviu choramingar bêbada, aposto que não foi nada agradável... Será que devo pedir desculpa para ele? Definitivamente eu preciso.  Dou um pulo da cama e já me dirijo à porta, se não fizer isso por impulso aposto que nunca farei. Espera que horas são agora? Olho o relógio do Mickey da minha cabeceira e reparo o quão cedo é, duas da tarde, ele ainda deve estar na faculdade não? Afinal de contas, ele é um professor... Deito-me de novo, toda minha coragem e certeza sendo sufocados junto do meu travesseiro, na minha cama nas cobertas, no meu sono.

***

"Estou correndo na chuva, não sei de que, ou de quem, mãos firmes me puxam pela cintura. Estamos tão próximos, nossas bocas se encontram e as gotas de chuva molham nossos corpos enquanto algo muito mais quente acontece entre nós. Sinto suas mãos delicadas massageando meu pescoço e puxando levemente meus cabelos. Nunca senti algo assim, quero apenas estar mais perto, mais perto, mais..."

***

Caramba eu preciso parar com esses sonhos, estou parecendo uma menininha de 15 anos novamente, não estou entendendo. Caramba o Mickey está anunciando oito horas da noite, dormi seis horas em uma tarde, isso deve ser normal para um urso, sei lá, não para uma pessoa, para uma preguiça quem sabe? Esse pensamento me distrai, meu estomago está roncando, acho que agora posso me comparar a um leão, pelo menos o som é bastante parecido.

Como alguns biscoitos que tenho no armário da minha pequeníssima cozinha/sala/hall de entrada/ lugar de atividades diversas. Posso ouvir um som vindo do vizinho, Gustavo já deve estar em casa. De novo sou possuída por aquela vontade de ir me explicar, falar com ele, e quando menos percebo já estou na porta dele, batendo, não sei ao menos o que dizer, mas já que estou aqui.

A porta se abre, e caramba, a mulher mais bonita que já vi na vida está aqui na minha frente, os olhos azuis com os gigantes cílios piscando, olhando para minha cara de espanto.

- O que você quer querida?

Sinto-me ofuscada pelo brilho de seus cabelos loiros perfeitamente enrolados em cachos. Ela não usa roupa alguma, só um lingerie que parece ter saído de um catalogo famoso.

Deve ter algo de errado nessa garota, ela não pode ser perfeita. A, eu sabia, olha ali uma estria, caramba, essa deve ser a estria mais bonita que já vi.

DescoladaOnde histórias criam vida. Descubra agora