Carl

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Gritos.

Tiros.

Droga! Eu havia adormecido sem perceber, alguns gritos e tiros eram possíveis de se ouvir de não muito longe. Corri em direção à floresta abrindo a mochila e pegando minha pistola. Cheguei ao local e os gritos haviam parado, subi em uma das árvores para ter uma visão melhor do que estava acontecendo, eu estava ficando boa nisso, diga-se de passagem. E droga! Mil vezes droga, era ele. Atirei naqueles bichos que o cercava sem pensar duas vezes. Duzentos e um, duzentos e dois, duzentos e três... duzentos e sete. Talvez eu seja mesmo uma salva-vidas, as balas de sua arma aparentemente haviam acabado e o coitado agora se protegia com uma faca. Após todos aqueles mortos-vivos estarem definitivamente mortos no chão, o garoto olhou em sua volta tentando encontrar quem havia o salvado. Optei por não aparecer, seria melhor. Decidi ficar ali esperando até que o mesmo fosse embora para que eu voltasse a segui-lo, afinal, é exatamente isso o que eu tenho feito nos últimos dias...

O homem ainda estava dormindo quando o garoto chegou e começou a xingá-lo. Ele disse que seu pai não foi capaz de proteger quem ele mais ama: os amigos e principalmente sua mãe e sua irmã. Provavelmente, ele quis que seu pai compreendesse que ele é capaz de viver sozinho. O que me surpreendeu foi o fato dele ter desejado mesmo o pior para o seu pai, que ele morresse. O dia se passou e na manhã seguinte, o mini xerife ainda quis fazer os seus testes e eu claro o segui. Ele foi a uma outra casa para provocar os bichos. Porém, um deles quase o mordeu e a brincadeira perdeu a graça. Felizmente ele conseguiu se safar mas acabou perdendo seu sapato. Ele marcou a sua vitória com uma frase no quarto: "Um walker dentro da casa teve um dos meus sapatos, mas ele não me teve". Logo quando ele chegou, viu que o homem não estava bem. O pai não conseguia respirar e o jovem ficou com medo de que ele se transformasse em um bicho e que tivesse que dar um tiro nele. A ficha dele caiu e ele se arrependeu de ter desejado mal ao seu pai.

O tempo se passou e o homem conseguiu se recuperar e o garoto no qual se chamava Carl, contou o que fez ao pai que ficou orgulhoso do filho. O homem reconheceu que ele não percebeu que o menino havia crescido e que ele agora sabe se defender sozinho e procurar comida. Porém, Carl achou a comida mas não deixou muita coisa para o seu pai. Comeu quase tudo! Decide que continuaria observando o pequeno e interessante grupo até que eu encontrasse um novo carro e pudesse voltar a estrada.

Por conta da distração acabei caindo da árvore e droga, aquilo doeu pra caramba! Olhei para cima e percebi que minha mochila ainda estava na árvore. Eu precisava pegá-la, de algum jeito, mas precisava. Estava quase chorando por conta da dor quando ouvi passos atrás de mim.

- Quem é você? – disse a voz na qual eu já conhecia. Virei-me lentamente mordendo o lábio inferior devido ao nervosíssimo.

- Olá. – foi tudo o que eu disse seguido do sorriso amarelo.

- Quem é você? – ele repetiu, dessa vez apontando a arma para mim.

- Acho melhor você abaixar isso. – falei e o mesmo abaixou a pistola que portava.

- Desculpa. Você está bem? – Acabei de cair de uma árvore não poderia estar melhor, pensei.

- Vou ficar. – disse.

- Posso ver? - o encarei. - Digo, o seu pé?

- Tanto faz. – digo dando de ombros. – Você é podólogoou coisa do tipo?

- Não. – ele mexendo no meu pé e me fazendo gemer de dor. – Mas eu sei que você torceu o tornozelo. – ele sorri olhando para mim, e que sorriso!

Carl parecia preocupado, o que foi um tanto que esquisito já que eu era uma completa desconhecida para ele. Mas talvez ele só estivesse tentando ser legal com quem acabou de salvar sua vida.

- Você pode me fazer um favor? – perguntei e ele fez que sim com a cabeça. – Sobe naquela árvore? Minha mochila está lá.

O garoto então escalou na árvore jogando minha mochila lá de cima.

- Wow! Isso está pesado. – ele ri.

- Com o tempo acostuma, aliás, eu estou sozinha desde que tudo começou, preciso estar prevenida. – respondo observando ele descer. – Está com fome?

- Um pouco. – ele diz limpando as mãos em sua calça.

- Então pega, eu não dividiria meu almoço com ninguém, mas já que você me ajudou... – digo entregando algumas barrinhas de cereais.

- Você chama isso de almoço? – pergunta rindo.

- Você tem algo melhor? – retruquei levantando uma sobrancelha.

Ficamos sentados ali até ouvirmos alguns grunhidos.

- Precisamos sair daqui. – alertei. – Ali dentro! – apontei para o tronco de uma árvore que mais parecia uma mini caverna, mini mesmo.

Carl pegou a mochila e me ajudou a correr até lá. Não eram muitos mas também não me arriscaria e nem desperdiçaria minhas balas.

O espaço parecia ser muito pequeno para nós dois, Carl olhou para meus olhos e em seguida para meus lábios, eu o olhei de volta o que o fez ficar sem graça e em seguida olhar para fora, provavelmente tentando disfarçar, o que me faz rir.


Purpose - The Walking Dead (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora