O despertador berrando em meus ouvidos me acordou aquela manhã, era domingo, mas isso não fazia diferença alguma, pois eu precisava me levantar a tempo para acordar meus irmãos, fazer o café da manhã e organizar tudo para estarmos na capela antes das 10 horas. Posso ouvir os grunhidos de Christin vindos da minha cama ao ser acordada também. Eu dormia em um colchão de ar velho no chão ao seu lado quando ela vinha ficar aqui, não porque não podíamos dormir juntos, mas porque gostaríamos de esperar até a formatura para avançar algumas etapas do nosso relacionamento, ou ao menos era do que eu tentava me convencer.
Desde que decidimos ir à mesma faculdade, nossos pais acharam inadmissível a ideia de morarmos juntos sem sermos casados, isso por causa de toda a moral cristã que nossas famílias seguiam e sustentavam ao longo dos anos, então eu nem bem havia feito um pedido e o nosso casamento já tinha data marcada para depois da formatura. Por muitos anos foi fácil aceitar as coisas que eles sempre impuseram para nós, mas de uns tempos para cá eu não vejo a hora de nos mudarmos e podermos ter o controle de nossas próprias vidas, talvez por isso aceitei tão facilmente a ideia de me casar aos 18 anos.
- Amor... - murmuro depois de me levantar e sentar na cama ao seu lado. Chris era de longe uma das garotas mais bonitas que eu já havia conhecido em toda a minha vida, eu não compreendia como ela poderia retribuir aos meus sentimentos, era certamente uma dádiva, porque eu também não reclamaria se passasse a vida inteira a amando em segredo, sem sequer ser notado. Toco seu rosto devagar afastando alguns fios de cabelo que estavam emaranhados por ali, suas pálpebras vacilam algumas vezes antes de seus olhos se abrirem e se encontrarem com os meus. - Bom dia. - concluo observando sua íris azul enquanto ela tentava focar a visão.
- Bom dia. - ela responde com a voz rouca e me lança um sorriso amassado, o que me faz rir fraco. Observei atentamente seus olhos quando eles desviaram dos meus para o meu abdômen desnudo. Eu não era o tipo de cara com um corpo atlético e cobiçado por todo rabo de saia do colegial, meu corpo era magro em geral, com alguns músculos sutis que se formaram devido as atividades do dia a dia, nada de extraordinário e, ainda assim, Chris parecia admira-lo. Sua mão se ergue calmamente pelo meu braço até encontrar minha nuca e me puxar de maneira delicada em sua direção. Eu sabia o que ela queria, sabia que me custaria todo o autocontrole possível, mas quem era eu para nega-la? Encosto meus lábios nos seus devagar, selando-os calmamente antes de começar uma movimentação suave, seus dedos alcançam rapidamente meu cabelo para brincar com os cachos do jeito que ela gostava e minha mão livre escorrega para a sua cintura, onde eu aperto sem muita força. Meu interior já começava a pulsar em desejo, mas uma parte de mim não queria desistir de toda aquela espera quando já estávamos tão perto. No entanto, me contradizendo, Christin passa uma perna para o lado oposto do meu corpo, não interrompendo o beijo e me obrigando a ficar posicionado entre suas pernas. Eu estava prestes a me aproximar de forma definitiva quando a porta do quarto simplesmente se escancara revelando Drew, Paul e Livy.Não me lembro de ter usado uma velocidade tão brusca para fazer qualquer coisa na minha vida, como usei para sair de cima de Chris e rolar me sentando de volta na cama ao seu lado. Pisco os olhos perplexo, encarando os três de pijamas infantis e a caçula com sua pelúcia favorita nos braços, todos tinham uma expressão de indignação nos olhos.
- Robert, papai e mamãe já foram, você está atrasado. - Drew, o irmão do meio diz com uma voz inquisitória e responsável demais para um garotinho de 8 anos. Os outros dois eram gêmeos e tinham 5 anos cada um. Semicerro os olhos fitando as pestinhas por um segundo antes de finalmente me levantar e respirar fundo, sacolejando os braços para que fossem para fora do quarto.
- Certo, missão café da manhã, vamos lá! - falo em um tom tedioso enquanto forço uma animação e recebo a língua birrenta dos gêmeos em resposta. Paro antes de sair do quarto, observando a morena deitada sobre a minha cama que ainda parecia levemente em choque e constrangida com a situação, solto uma risadinha fraca para ela, que usa o lençol para cobrir o rosto envergonhado e cortar o contato visual comigo, mas sem deixar de rir também, me permitindo ouvir o som gostoso que ela emitia ao se divertir antes de fechar a porta e ir em direção a cozinha.
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Florescer
Teen FictionEssa não é uma história de amor, bom, depende do ponto de vista. Eu diria que essa é a história de como eu me perdi e me encontrei sozinha, de como eu precisei sofrer para aprender a me colocar em primeiro lugar e de como eu precisei abrir mão de al...