Álgebra era de fato uma matéria que eu apreciava. Minha mãe nunca teve muito dinheiro para poder fazer uma poupança para a faculdade ou qualquer coisa do tipo, na verdade, desde que meu pai nos deixou quando eu ainda tinha apenas 2 anos, as coisas não foram nada fáceis para ela. De certa forma eu também sabia que não podia contar com o dinheiro de Sam, seu novo marido e tenente do exército americano, para ir para uma faculdade. Então quando eu decidi que queria Stanford sabia que teria que correr atrás disso sozinha. Por esse motivo era que eu me preocupava tanto com o histórico escolar e as notas, tentando ir bem na maior quantidade de disciplinas possíveis, mesmo que às vezes fosse tentadora a ideia de jogar tudo para o alto e vender arte na praia. No entanto, a vida fazia questão de me lembrar que eu não tinha habilidades suficientes para produzir artesanato algum.
A aula acabou mais rápido do que eu esperava, talvez a forma como me envolvi com a matéria e com os cálculos tivesse me feito perder a noção do tempo. A essa altura eu já pensava em um plano B para escapar do almoço em grupo, mas, tão logo quanto eu pretendi usar a desculpa de que precisava tirar uma dúvida crucial com o professor e mandar que eles fossem na frente, Chris e Robert levantaram de suas cadeiras esperando que eu fosse com eles. Não havia nada que eu pudesse fazer, então apenas segui a dupla para fora da sala, quase como uma criança que vai obrigada pelos pais ao encontro mensal com o dentista.
Assim que saímos da sala demos de cara com Ben Martin que se encontrava encostado na parede oposta à porta e, desse ponto de vista, eu podia reparar alguns detalhes a mais nele: apesar de ser magro seus músculos eram definidos e sutilmente evidentes enquanto apertavam-se nas mangas da camisa de flanela. Ele também era notavelmente bonito e eu começava a desconfiar se ele realmente não fazia parte de algum nicho de pessoas populares da escola. Também me questionei se minha companhia era assim tão agradável ao ponto dele insistir em me esperar na porta da sala, apenas para almoçar comigo. Fui dispersa dos pensamentos quando vejo Robert e ele tocarem as mãos em um cumprimento rápido, demonstrando que realmente se conheciam.
– Oi Ben, o que acha de almoçar com a gente hoje? – Chris fala na primeira oportunidade de contato que tem com o moreno me fazendo arquear uma sobrancelha. Então minhas suspeitas sobre ela realmente fazer de tudo para conseguir o que queria estavam corretas e, sinceramente, eu não via como Ben, sendo do jeito que ele demonstrara ser nas poucas horas em que eu o conhecia, poderia dizer não a ela. Cubro a boca com a mão contendo uma risadinha, não porque era engraçado, mas porque agora era tão nitidamente óbvio que ela havia falado aquilo apenas para me convencer a sentar na mesma mesa que eles e eu prontamente e sem questionar cedi aos seus desejos.
– Ah, com vocês? – Ben pareceu confuso ao avaliar a proposta da garota a sua frente, outro detalhe que denunciava que, provavelmente, eles sentarem juntos não era um hábito recorrente. O moreno me lança um olhar rápido e tudo o que posso fazer é dar de ombros e eu tinha noção que os cantos da minha boca ainda estavam levantados em um projeto de sorriso enquanto o faço, aquela situação fazia esse divertimento surgir em mim de forma supreendentemente espontânea. – Claro... tudo bem então. – ele completa depois de um tempo, fazendo Christin soltar um longo suspiro e erguer as mãos para o céu como se tudo realmente conspirasse para seus planos darem certo, e eu, claramente, não duvidaria nada dessa possibilidade.
– Ótimo, vamos. – ela concluía animada batendo duas palmas antes de seguir na nossa frente, abraçada com o namorado.
– Oi. – Ben murmura em um tom baixo o suficiente para que só eu ouvisse e esbarra nossos ombros me lançando um sorriso enquanto seguíamos o casal em direção ao refeitório. Solto outro sorriso fraco em resposta, eu ainda não estava acostumada com toda essa hospitalidade vinda de outros adolescentes. O que provavelmente era normal para eles, para mim era inédito a cada atitude, me fazendo agora analisar se realmente havia tanto mal assim em eu fazer alguns "colegas" antes da faculdade.
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Florescer
Подростковая литератураEssa não é uma história de amor, bom, depende do ponto de vista. Eu diria que essa é a história de como eu me perdi e me encontrei sozinha, de como eu precisei sofrer para aprender a me colocar em primeiro lugar e de como eu precisei abrir mão de al...