10

27 3 2
                                    

- A Vanessa? - pergunta o Jorge.

- Não faço a mínima ideia. - respondo.

- Porquê? - pergunta o Jorge.

- Simples... já não namoramos. - respondo.

- Porquê? - pergunto o Jorge.

A curiosidade há de matar o gato, eu juro.

- Traiu-me. Segundo ela diz. - digo.

- E tu não acreditaste? - pergunta ele.

- Muito sinceramente, eu já nem sei no que acreditar. - digo.

- Por mim eu pegava a irmã dela como vingança. - diz o Daniel.

Fora de questão, mas não deixava de ser uma má ideia. Posso tomá-la em consideração num momento de crise.

- Não faz o meu género. - digo.

- E quem faz o teu género? - pergunta o Daniel.

- Não me apetece responder. - digo.

- Por quê não? - pergunta o Jorge.

A curiosidade pode até matar o gato, mas um gato de chumbo como esse, ninguém supera.

- Poupem-me, por que já dói-me a cabeça. - digo.

- Está bem. - diz o Jorge.

- Deve ser por causa dos cornos. - diz o Daniel.

Minhas senhoras e meus senhores, eis um daqueles comentários de "conversas de quintal" que podem muito bem provocar a III Guerra Mundial. Ele podia muito bem ter guardado aquele comentário só para ele, mas boca tentou a mente.

Pensei em chegar ao ponto fraco dele falando da Tessa, mas não adiantava eu estava em pleno sinal de tristeza para provacá-lo além do mais eu estava ficando com preguiça de falar.

- Isso é estranho. - diz o Jorge - Ele nem respondeu, é sinal de que está mesmo mal.

- Já passa. - diz o Daniel ainda tentando me provocar.

- Deixa-o em paz. - ordena o Jorge.

- Está bem. - diz o Daniel.

Para que conste quem cala nem sempre consente. Mas pode estar a ver como atacar.

Dali em diante mas ninguém falou parecia melhor assim, mas também notei que calado eu entrava em pensamentos e acho que já dá para saber se pensava em quê e em quem, não é? Era estranho. Parecia que eu a odiava mas também a amava, tudo ao mesmo tempo. Até pensei que tinha dois corações... um que amava e outro que odiava, ou então, o meu único coração foi dividido em dois. E se estivesse dividido será que ainda seria possível concertá-lo? Muito sinceramente, nem eu mesmo sei responder esse pergunta, é que eram tantas perguntas que eu até ficava desorientado.

- Desculpa Du. - disse o Daniel.

- Como queiras. - digo.

- Sério? - pergunta ele.

- Estou sempre sério. - digo.

E por aí a conversa morreu, seguimos o caminho todo para a escola em silêncio sem que ninguém falasse.

********************************

Era uma bela manhã no Cais do Porto de Luanda, o céu estava aberto na expectativa de um dia ensolarado e que para quem trabalha no Cais a vinda do Sol tinha as suas vantagens e desvantagens.

- Mas que calor hein! - dizia o Fernando.

- Pois é! - diz o Tito concordando - Mas como sempre meu caro amigo, hoje não há tempo para falar, temos de trabalhar no duro para pôr comida em casa. - acrescentou ele.

Venha A MimOnde histórias criam vida. Descubra agora