A janela que havia ao lado da cama estava aberta e as cortinas balançavam conforme a velocidade do vento, seus braços abraçavam a si mesma e calmamente ela descia os curtos degraus da velha escada. Sky havia esperado até a madrugada para sair do quarto para não encontra-lo, ela ligou a pequena televisão e sentou-se no sofá - se cobrindo com uma fina coberta que, minutos atrás, estava dobrada no canto do sofá. O tempo não estava bom, o céu estava escuro e ventava muito, fazendo com que várias árvores balançassem numa alta velocidade e, fazendo também, com que a pequena janela no final da sala se abrisse. Ela levantou-se e fechou-a, mas logo após sentar novamente escutou um barulho e levantou-se novamente, o barulho se intensificava a cada segundo, não era um barulho tão alto, mas era notável. Ela andou até a janela e afastou as cortinas, olhando para fora viu dois carros grandes estacionarem logo ao lado do velho carro de Thomas, ela franziu o cenho. Quem iria visita-los as três da madrugada? Ela se questionou por vários segundos, até as luzes do carro se apagarem e dois homens saírem do primeiro carro, sendo seguidos por um outro que havia saído do segundo. Aquela cena não seria tão assustadora assim, se eles não estivessem armados.
Os dois primeiros homens carregavam uma pequena arma, mas o terceiro segurava uma grande, que poderia fazer um grande estrago. Ela deu alguns passos para trás, até bater suas costas contra a parede e arregalou os olhos, ela tinha que fazer alguma coisa. Ela correu até as escadas, suas pernas pareciam gelatina e ela tentou se controlar, subiu rapidamente - tropeçando várias vezes - e chegou até o quarto de Thomas, suas mãos rapidamente alcançaram a maçaneta e, milagrosamente, a porta estava destrancada. Correu até ele, que estava dormindo, e abanou-o.
- É madrugada, Sky - ele suspirou, ainda com os olhos fechados - Não estou afim das suas brincadeirinhas agora.
- Thomas, temos um problema.
- O que? Caiu da cama?
- Ah, cale a boca - ela sussurrou - Thomas, estamos sendo...
Um barulho alto na porta a fez parar de falar, a porta abriu vagarosamente, e dali, um dos dois homens que carregava uma arma pequena apareceu. Ele deu quatro passos para frente - ficando a frente de Sky - ela foi recuar, mas suas pernas não obedeceram. O homem era alto e, infelizmente, forte, ele empurrou Sky, fazendo-a bater contra a parede e cair no chão, bem a tempo de escutar seu nome sendo chamado por Thomas. A repentina batida a fez suspender a respiração e soltar um gemido de dor, ela suspirou e colocou as mãos no chão, tentando se levantar. Ela olhou para cima e viu o homem dar um soco no rosto de Thomas que, por ser pego de surpresa, não conseguiu se defender, o homem dava vários socos no rosto dele e ele recuava. Ela se levantou, respirando rapidamente, e se apoiando nos moveis. Ela deu um passo para frente - tentando achar uma saída - olhou para o quarto inteiro e segurou um grande abajur de ursinhos que estava ao lado da cama, chegou mais perto do homem, que por estar de costas não a viu, e jogou o abajur contra a cabeça dele.
- Atacados - ela completou.
- Não me diga - ele exclamou, limpando o sangue que saia de um machucado, recém feito, em sua testa - Nem havia percebido.
- Pare de ser um idiota - ela revirou os olhos - Temos que sair daqui, há mais dois homens e um dele está, muito, armado.
Ele concordou com a cabeça e se ajoelhou ao lado do homem que, vendo melhor, era mais baixo do que pensava e pegou a arma que antes estava em suas mãos. Thomas se levantou e foi até a porta, olhando para todos os lados, mas a casa estava silenciosa e não havia nem sinal dos outros homens. Ele saiu, sussurrando para ela o seguir e eles desceram a escada com passos certos em direção a cozinha, onde Thomas pegou uma faca. Ele fechou a gaveta e barulhos de passos foram bem audíveis vindo da sala. Ele segurou na mão dela e puxou-a de volta para o quarto, onde trancou a porta e encostou alguns móveis contra a mesma, ele abriu a janela e olhou para ela.
- Temos que pular - ele sussurou.
- Tudo bem, nem é tão alto assim - ela disse, olhou para baixo e sentiu um frio na barriga, era alto.
- No três - ele disse, quando os homens começaram a tentar abrir a porta - Um, dois.
- Três - ela gritou e pulou, sem antes ver os homens invadirem o quarto.
Ela caiu primeiro em pé, mas depois caiu de joelho. Ela sentiu uma dor ardente em seus joelhos, olhou para o lado e viu Thomas se levantar, havia um corte em seu braço - não muito fundo - e um fio de sangue saia do mesmo. Ele ajudou-a a se levantar e ela olhou para os joelhos, que sangravam e pensou que aquele era um péssimo dia para usar shorts.
- Sky - ele a segurou pelos ombros - Segure isso.
Ele tirou suas mãos dos ombros dela e segurou o cabo da faca, colocando nas mãos da garota. Ela olhou para baixo ao sentir algo gelado em suas mãos, fechou-as em volta do cabo da faca e subiu o olhar, olhando para Thomas.
- Temos que nos separar - ele sussurrou - Eles estão nesse momento descendo as escadas, se não me engano e vai ser mais fácil se nos separarmos.
- O que? - ela exclamou - Você está louco? Nunca assistiu aqueles filmes de terror em que eles se separam e, previsivelmente, todos morrem?
- Não vamos morrer, Sky - ele disse - Olhe para mim.
Ela levantou a cabeça e o encarou, seus olhos verdes transmitiam uma enorme tranquilidade e ela suspirou.
- Me encontre no outro lado do lago - ele sussurrou - Vai ficar tudo bem.
Ela assentiu com a cabeça e controlou sua respiração, deu um passo para trás e apertou mais a faca contra os dedos, como se aquilo passasse segurança. Mordeu os lábios até sentir o gosto metálico do sangue e sentiu o impacto da realidade.
- Não morras - ela sussurrou - Por favor.
Ela viu-o assentir e se virou, ficando de frente para o lago. Vai ficar tudo bem, pensou, é só atravessar o lago.
E então, ela correu.
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Meu senhor do céu, 1027 palavras.
O que será que vai acontecer? Uh?
Ok ok, byeeeeee <3
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Don't give up //
ActionTalvez, naquele dia, ele não estivesse lá para salvá-la, talvez ele não pudesse salvá-la. Talvez ela pudesse se salvar sozinha, talvez ela não quisesse ser salva. A vida é repleta de grandes talvezes.