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6- VISION

Seria tão mais fácil, pra todas essas merdas de sonho sumirem de vez.

Uma semana. UMA. E o tormento só piora, a voz fica na minha mente muitas vezes, em reuniões, minha secretaria tomou a frente, já que não consigo prestar a atenção. Em nada. Depois de muita conversa com meus pais e até meu melhor amigo, decidi ir atrás de um psiquiatra. Hoje à noite minha primeira consulta.

-Traga minha agenda... -digo sem olhar pra secretaria. Durante uma semana eu não fodo e isso só fode meu psicológico. Malditos sonhos. Preocupação é oque reina. Meus pais me ligam todo dia e ontem soube do sonho de minha mãe.

Uma bela jovem. Com inocência no andar. Passa ao meu lado e nem me olho só esboça um quase inaudível 'desculpa'. Continuo a andar, mas logo vejo uma ambulância passar e meus pensamentos voam pra jovem e assim decido correr o mais rápido que posso.

Entro no primeiro taxi e peço que siga a ambulância.

Meu coração bate descompassado e a dor me domina. Entro correndo no hospital e peço informações sobre a ultima entrada e sou direcionada ao quinto andar. O dos traumas graves. Lagrimas já escorrem em meus olhos e a dor é sem duvida a pior de todas.

Após horas, um medico aparece, sem falar o nome da moça eu logo me apresento e sou levada a sua sala.

-A senhora é oque da bela dama?

-Uma amiga.

-Ela sofreu um grande trauma e seu filho foi levado.

Caio de joelho no chão e a única coisa que vejo é a escuridão que atinge meu corpo. Abro meus olhos e me vejo deitada em uma cama qualquer e tudo a minha volta fica negro, obscuro e a voz se faz justa...

-Ele a matou. Ele levou seu filho... Ele os matou.

Assim foi narrado o sonho pelo telefone, minha mãe chorava como se tivesse vivido aquilo e a dor agora são de todos e não só minha. Mas por quê? Porque nós?

-Senhor?

-Sim?

-Sua agenda, uma reunião com a Senhora Franchini em meia hora.

-Ok. Deixe um café La na sala de reuniões.

-Claro.

¨¨*¨¨

Ando calmamente ate a sala de reuniões. Um grande projeto, grande dinheiro. Nunca ansiei tanto pegar férias e realmente sumir e acabar com a dor. Sem motivo.

Comprimento a minha cliente e logo começo a mostrar os slides do planejamento de sua boate, que é sucesso garantido. Os brilhos nos olhos são a gratificação de nosso trabalho, nada melhor que ver o quanto seu trabalho foi amado e admirado.

-Eu não tenho nem palavras. Esse é o projeto, mas espetacular... Quando começamos a obra?

Ai sim... Grana... grana... E aquela voz aparece.

-Você a matou.

-Semana que vem começamos, já que uma obra foi terminada ontem.

-O prazo?

-Dois meses.

-Espero ansiosa.

Despeço-me e volto a minha sala, peço um lanche pra secretaria e me afundo em mais trabalhos, responder emails é um saco, principalmente quando seu corpo pede folga. Folga do que?

¨¨*¨¨

- Cara nem é tão ruim assim.

-Claro panaca, não é você que ira se abrir...

-Relaxa.

Confesso que o lugar é extraordinário, tudo bem pensado. A recepção é toda em tons de branco e azul, lembrando o céu. A liberdade da alma. Uma pequena estante com livros diversos, mas oque me chama a atenção é o maior clássico, orgulho e preconceito. Uma bancada de mármore da secretaria, sofás macios todos num tom de roxo bem claro.

-Senhor Arthur a doutora Milene Goulart irá te receber.

Assim sou guiado á uma sala até bem ampla, mas a doutora me chama a atenção, seus óculos claros e seu corpo tão magro que diria que era Americana, mas seu sorriso é lindo e tudo revela uma grande profissional e amiga.

-Sente-se na poltrona que desejar.

Sento-me numa de um tom bege e a olho esperando perguntas.

-O que te trás aqui?

-Sonhos, são pesadelos na verdade, ele sempre mostra uma bela mulher sofrendo e uma voz me acusando de mata-la e seu filho.

-desde quando vem sonhando com isso?

- há quase dois meses.

Ela anota tudo que falo e tudo me deixa confortável. Uma ótima profissional, não podia fazer melhor escolha.

-Sofreu algum acidente? Ou trauma?

-Não apareceu logo que minha Irma viajou.

¨¨*¨¨

A consulta foi algo que me acalmou, conselhos foram dados e até um remédio e recomendação de mais descanso. A palavra da doutora não sai de minha mente:

-Reveja seu passado e busque mudar, você errou em algo e seus sonhos, a voz, é sua mente mandando uma mensagem, não sei por que, mas te garanto que analisar e rever são a melhor coisa que você poderá fazer. Volte em duas semanas e conversaremos mais.

Fui embora e direto pra um bar próximo de minha casa e assim bebi... bebi até esquecer o sentido da vida.

Pra que viver?

Porque viver?

Como viver?

Perguntas tão parecida, mas tão diferentes e sem resposta. Uma vida jamais será regada a rosas, até porque elas morrem, vivem, sorriem e logo secam... Porque não comparar o ciclo de vida com o de uma rosa? Já que somos iguais, ou mais frágeis que elas.

Não sei como, mas apenas sei que sinto meu corpo descansar em minha cama.

-Se mate igual você a matou. Você a tirou da vida... Você tirou a raiz da rosa. Tirou seu brotinho.

Maldita MulherOnde histórias criam vida. Descubra agora