O adeus

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Estou sentado no chão da sala a noite inteira tentando processar todas as informações que foram jogadas na minha cara ao ler aquelas anotações. Como é possível não lembrar de nada? Como é possível que minha vida toda seja uma sequência de flashbacks apenas de alguns momentos insignificantes enquanto eu imaginei todo o resto, toda a parte mais importante? Me forcei a lembrar da última vez que fui feliz: não consegui. Comecei a tentar lembrar dos meus momentos com Louis e eles pareciam cada vez mais distantes apagados, o mesmo com meus pais. Será que é isso mesmo? A minha vida nunca começou, eu apenas existi por todos esses anos. "Não começou e nem vai começar.", digo em voz alta, minha voz rouca pelo choro.
Levanto com um movimento rápido e tento andar pelos corredores sem tropeçar em nada, já que mal posso ver agora, meus olhos estão marejados de lágrimas, minha cabeça gira e lateja muito forte. Meus pulmões imploram por um pouco mais de ar. Minha garganta quase fecha pelo nó. Minhas mãos tateiam a parece quando começo a ficar cada vez mais desorientado e tonto, sinto que vou cair. E caio. Caio e fico.
Já estava de dia, os enfermeiros me encontram chorando no chão do corredor dos quartos e me levam para o meu. Aplicam um calmante e eu logo apago. Em meus sonhos posso ver Louis e a vida que imaginei aos poucos sumindo... A realidade parte o meu coração.
Acordo e ainda consigo lembrar de tudo, os remédios e a leitura fizeram efeito. Ainda posso sair do quarto e ir lá fora ver o sol, respirar ar puro e observar a natureza, mas não quero. Mesmo assim eu saio. Subo as escadas... Primeiro andar, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto andar. Sento na beirada do prédio e observo um pouco o chão lá em baixo. Penso em Louis, penso nos meus pais, penso na felicidade. Penso no quanto me sinto preso aqui e no quanto vou me sentir preso pelo resto da vida, aqui ou fora daqui. Preso nos meus sonhos, preso na minha imaginação.
Eu não quero mais ser preso. Fico em pé. Eu não quero mais viver de sonhos. Me preparo. Eu não quero mais sentir essa dor. Mergulho. E pela primeira vez desde que eu posso lembrar, a paz invade o meu ser.

"Te vejo em breve, meu Louis".

Notas: Eu voltei só para acabar de foder quem for ler isso, desculpem. Mas eu espero de verdade estar agradando com o que eu escrevo, já que pretendo escrever outras coisas. Obrigado a todos que leram até aqui, até a próxima!

The Lost BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora