A dura realidade

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Nas anotações dela eu vi:
"O paciente Harry Edward Styles sofre de um quadro de depressão grave, com alguns surtos psicóticos, perda de memória e alucinações frequentes ligadas a um trauma muito grave sofrido na infância."
— Que trauma? Nunca aconteceu nada comigo, eu não tenho nada disso. — Pensei.
"Aos dez anos perdeu os pais em um incêndio que ocorreu onde vivia na época, na cidade de Broken Hill. Foi encontrado vagando pela cidade alguns dias depois, transtornado e desidratado. Foi internado no hospital local e pouco depois, já recuperado, foi enviado para viver em um orfanato, já que nenhum familiar se apresentou para levá-lo. Pouco tempo depois os surtos começaram, Harry não conseguia identificar pessoas, não sabia onde estava e tentava se ferir. Tinha alucinações sobre o acidente e frequentemente conversava sozinho, dizia a todos que os pais que acabara de perder o visitavam frequentemente e lhe entregavam muitos presentes. Foi enviado para tratamento intensivo nesta mesma clínica, onde passou cerca de dois anos, até se acostumar com pessoas e seus remédios que o faziam se sentir melhor e não sofrer tanto com as sequelas do ocorrido." , continuou, "Aos vinte anos voltou a dar entrada na clínica, dessa vez sob minha responsabilidade, após sofrer de um surto por abandono dos medicamentos. Estava morando sozinho desde que saiu do orfanato e recebia os medicamentos do governo, trabalhava numa livraria, mas nunca teve amigos. Os livros eram sua única companhia, de acordo com seu chefe, o Sr. Jordan. Pouco tempo antes do surto, ainda de acordo com Jordan, Harry começou a falar sobre um garoto chamado Louis, quem sempre via no caminho para casa, no ônibus."
— Louis, meu Louis... O que significa tudo isso?
Meu coração estava acelerado, eu tremia muito e não sabia o que fazer. Como tudo aquilo poderia ser real? Como tudo aquilo poderia ter acontecido e eu não lembrava? Meus pais estavam em casa, meus pais estavam vivos. Nada disso aconteceu. Nada disso aconteceu. Nada disso aconteceu. NADA DISSO ACONTECEU! Mas eu continuei a ler.
"Jordan, que também tinha a chave do apartamento de Harry já que ele era o dono do lugar, pegou seu diário para tentar ajudar no processo de investigação, já que Harry não conseguia lembrar de nada do que aconteceu pelo tamanho do trauma emocional e psicológico. Acontece que Louis, a quem ele sempre se referiu como namorado, na verdade era quase um desconhecido. De fato ele o via no ônibus, de fato ele se apaixonou. De fato Louis se interessou. Eles marcaram um encontro que nunca aconteceu. Louis sofreu um grave acidente de carro e não chegou a encontrar Harry no dia marcado. Ele faleceu no hospital poucos dias depois e Harry não soube até ver em algum lugar. O grande problema é que ele, após perder os pais, se tornou uma pessoa solitária. Ele se apegou a esse outro rapaz mesmo antes de ter um encontro de verdade. Ele imaginou uma história de amor e uma vida ao lado de Louis, e isso foi quebrado pela realidade. Ele não aguentou. Desistiu dos remédios, deixou o emprego e acabou aqui. Não lembra o que aconteceu, não lembra como teve esse surto e mal consegue lembrar de toda a história da sua vida. Ele imaginou tudo. Ainda acredita que os pais estão em casa e seu namorado o espera fora daqui. Aumentamos a dosagem de remédios a fim de fazer com que ele descanse o máximo possível e tente recuperar alguma memória aos poucos. Meses de tentativas e nenhum resultado."

Notas: Desculpem por qualquer dor nesse capítulo. E desculpem se estiver esteticamente feio, estou postando pelo celular. Obrigado pela compreensão. <3

The Lost BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora