6. Lívia

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Gabriel me levou ao Bella Isa em Portal das Vinhas, um desses restaurantes que é preciso fazer reservas com pelo menos uma semana de antecedência, porém quando chegamos já havia uma ótima mesa de frente para o jardim a nossa espera, ele deveria ser um cliente assíduo e imaginei quantas mulheres ele já havia levado para jantar ali. A suspeita de sua frequência se confirmou quando uma linda ruiva de olhos castanhos veio cumprimentá-lo entusiasmada:

_Gabriel, finalmente! Já estava mandando uma equipe de busca até Santa Clarisse, pensei que nunca mais viria me ver. _ o tom de intimidade com que ela falava, a maneira como jogava os cabelos e o fato dela ter me ignorado de propósito deixou claro que aquela ali já havia passado pela cama de Gabriel. Então sorri divertida, e alguém poderia culpá-la por isso?

Ele levantou para cumprimentar a moça e virou-se um pouco envergonhado para nos apresentar, porém parou por alguns segundos me encarando e levantou as sobrancelhas confuso com o meu ar de diversão. Seja lá o que pensou, ele se recuperou rapidamente e abriu aquele meio sorriso de fazer o sangue ferver nas veias:

_Lívia essa é a Isabela, a dona do restaurante. Isabela essa é Lívia uma, amiga.

A maneira como ele disse amiga me arrepiou a espinha, haviam promessas feitas por trás daquela palavra, e não importa quais fossem eu gostaria de cumprir cada uma delas. Isabela também percebeu e abriu o sorriso mais falso que eu já vira em minha vida antes de segurar minha mão e me puxar para dois beijinhos, seus dedos praticamente estrangularam os meus e os beijos pareciam conter ácido, mas quando ela se afastou seu olhar era o de um filhotinho inocente. Ela era boa!

Primeiro a Giovana e agora a Isabela, aquilo estava se tornando bem divertido pensei sorrindo e mais uma vez notei Gabriel me observando sem entender, deitei levemente a cabeça e sustentei seu olhar abrindo ainda mais o sorriso.

_É sempre um prazer conhecer uma das amigas do Gabriel_ falou Isabela e a bruxa até fingiu constrangimento quando completou_ Ah, desculpe! Quero dizer, não que eu conheça muitas é claro.

Gabriel corou e tive que me segurar para não rir, não é que o papelão que a tal Isabela estava fazendo servia para alguma coisa? Ver o Caipira sem graça valia até a dor nos dedos. Encarando a ruiva respondi:

_ Ah, não se desculpe Isabela, não somos amigos realmente. Pra falar a verdade_ abaixei a voz em tom de cumplicidade_ eu nem gosto muito dele, é só curiosidade sexual mesmo.

Até eu fiquei surpresa com a risada alta de Gabriel, Isabela no entanto não pareceu achar graça, mas manteve a compostura com um sorriso forçado ela me olhou friamente e disse:

_Espero que tenham um ótimo jantar e estarei a disposição se precisarem de mim.

_É claro que estará _ falei de maneira suave_ Mas acho que dou conta do recado_ pisquei pra ela.

Isabela apenas se virou e partiu, olhei para Gabriel esperando para ser repreendida, mas seu rosto estava iluminado por um sorriso aberto e seus olhos estavam cheios de orgulho, sentou-se novamente e, passando a mão pelos cabelos deixou que ela descansasse um pouco na nuca quando disse:

_Nossa, professora! Você é mesmo um furacão, nunca vi a Isabela ficar sem a última palavra.

_Acontece com todas, ela vai se recuperar.

Então ele se inclinou por cima da mesa como se fosse me contar um segredo e perguntou:

_ Falou a verdade sobre a curiosidade sexual?

_Não! _ respondi dando de ombros_ mas fui sincera sobre não gostar muito de você.

Ele sorriu e eu também, ambos sabíamos que eu estava mentindo.

A Segunda VezOnde histórias criam vida. Descubra agora