18. Gabriel

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"Claro que sim, sempre! Você não entende o quanto se tornou importante pra mim? Eu preciso de você na minha vida agora."

Porra!

Meus olhos encontraram os da Lívia e me faltou ar, me faltou chão, me faltou reação...

Meu pai sempre dizia: "não importa se seu coração esteja em pedaços, a parte que pertence a família sempre deve bater mais forte". Foi pensando nisso que pedi para Lívia acompanhar Diego, vi a cumplicidade entre eles e pensei que poderia suportar aquilo, mas de jeito nenhum eu estava preparado para ouvir que Diego precisava dela na vida dele, agora.

Eu os segui de longe porque sabia que meu primo estava precisando daquele tempo, acompanhei sua história com meu tio e estive sempre do seu lado, mas Diego nunca foi um cara durão de esconder os sentimentos como eu, eu sabia que a rejeição do tio Fabrício com sua profissão fazia meu primo sofrer e pensar que ele poderia morrer sem que os dois se acertassem me dava um nó no peito.

Eu os vi na varanda quando cheguei e esperei na caminhonete que eles entrassem primeiro, honrar as palavras do meu pai já era difícil, eu não precisava me torturar ainda mais.

Vi quando ele a beijou e desviei o olhar cerrando os punhos. Ela corresponder foi o tiro de misericórdia, aquilo estava me matando e eu não iria morrer sem lutar. Desci da caminhonete e subi os degraus de dois em dois, mas quando Diego disse que precisava dela, ela o abraçou ainda mais forte e sorriu e foi como se aqueles degraus tivessem subitamente sumido dali, naquele momento fui quebrado em milhares de pedaços e não havia um maior para bater mais forte pela família, eu estava estilhaçado e com medo, com muito medo de perder aquela mulher, não queria ver aquilo, não conseguia ver aquilo porque a verdade bateu em mim como se eu tivesse jogado a caminhonete em direção a um muro de concreto, agora eu entendia o que Tiago quis dizer quando me perguntou se eu recuaria, porque se isso fosse deixá-la feliz eu recuaria sem pensar, se ela havia feito a escolha dela eu não lutaria contra isso porque sua vontade era o que me importava. Eu poderia passar o resto da minha vida a observando de longe me sentindo satisfeito porque ela estava feliz, mesmo que pra isso eu tivesse que guardar meu coração em outro lugar.

Eu sacrificaria todos os meus princípios e não lutaria mais porque o que eu sentia por aquela mulher não era desejo e nem capricho, eu estava completamente apaixonado pela professora.



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