15. Lívia

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Às 19h59min eu me olhava no espelho praguejando por dar ouvidos à Natália e às 20h Diego tocou a campainha. Que merda! Além de tudo ainda era pontual.

Assim que me viu ficou claro em seu olhar que ele aprovava a escolha e xinguei minha amiga mentalmente, ela era muito esperta, sabia que Didi era um homem de gostos simples e meu jeans justo com blusinha de cetim preta de alças finas e decote ousado em conjunto com as sandálias de salto alto também pretas me davam exatamente a aparência de "menos é mais", sensualidade e sofisticação.

Me aproximei e Diego pegou minhas mãos me olhando de cima a baixo, porém não haviam segundas intenções somente aprovação e me peguei comparando sua reação à de Gabriel, enquanto o Caipira havia praticamente me despido com os olhos no sábado anterior Didi me olhava com quase devoção:

_É inútil dizer que você está linda! _ e ele levou minhas mãos a boca beijando ambas antes de beijar meu rosto.

Tudo bem, não vou negar que aquele gesto fez meu coração derreter, alguém teria coragem de me condenar por isso? Sorri constrangida, mais por meu pensamento do que pelas palavras dele.

_É sempre bom ouvir._ respondi dando de ombros. Eu sabia que flertar com ele não era certo e poderia lhe dar esperanças, mas sinceramente era muito difícil ficar indiferente àqueles olhos maravilhosamente verdes fixos aos meus.

_ Linda!_ ele disse com a voz suave e beijou uma mão_ Linda!_ ele beijou a outra mão_ Linda!_ ele beijou minha bochecha esquerda e fechei os olhos com a sensação_ Posso repetir a noite toda se você quiser._ ele beijou o canto do meu lábio do lado direito e estremeci, Diego estava sendo ousado e pensar que eu não estava resistindo me dava um misto de medo, culpa e satisfação.

Seus olhos continuaram fixos em mim e seus dedos eram deliciosamente quentes enquanto seguravam os meus, ficamos nos encarando por segundos quando engoli em seco e falei:

_Bem, não precisa ser a noite toda, a cada uma hora já está bom.

Ele mordeu o lábio inferior e olhou pra baixo por um instante e quando voltou a me encarar lá estava aquele sorriso de provocar arritmia. Soltou minha mão e me segurei para não protestar, ele deu alguns passos para trás e abriu a porta do carro para que eu entrasse, coloquei o pé dentro do carro e falei antes de entrar:

_Você também está muito bem.

E era verdade, o jeans lhe caía perfeitamente e a camiseta branca de gola V por baixo da camisa xadrez com as mangas dobradas o deixava com um ar jovem, porém o sapatênis dava um pouco de seriedade ao visual, mas além das roupas o cheiro dele era um de seus pontos fortes, loção pós barba e sabonete de sálvia, eu já havia sentido o mesmo cheiro das outras vezes que nos encontramos, mas dessa vez eu tinha a impressão que iria demorar um pouco para esquecer.

Não consegui desviar os olhos de suas covinhas quando ele respondeu:

_Ponto pra mim!

E tive que rir, isso era o que eu dizia.

*******

Chegamos ao Bar Karaôke Saloon em Portal das Vinhas e não fiquei impressionada com a popularidade de Diego no local, ele era cumprimentado desde o manobrista do estacionamento até o dono do Bar, um cara grande e careca com pinta de motoqueiro que se chamava Saulo, quando saí para jantar com Gabriel ele recebeu o mesmo tratamento, e fiquei desconfiada que toda a atenção que eles recebiam não era só por causa da imponência que eles transmitiam ou a indiscutível beleza surreal daqueles homens, eu tinha quase certeza que o fato de serem da família Dávila tinha muito peso naquele comportamento.

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