23. Lívia

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_Caramba, Nat! Como é que você consegue me convencer a fazer essas coisas?­_ me olhei mais uma vez no espelho e, embora estivesse feliz com o resultado, estava completamente fora da minha zona de conforto.

Natália se posicionou ao meu lado no espelho, ela chegou mais cedo em minha casa e quando abriu as duas maletas que trouxe fiquei aliviada quando ela tirou roupas e maquiagens, se tratando da Natália só Deus sabia o que poderia sair dali de dentro. Nat nos olhou dos pés a cabeça e sorriu satisfeita:

_É disso que estou falando!_ ela disse alisando a micro _ muito micro_ saia jeans que deixavam suas pernas um pouco mais compridas mesmo combinada ao par de botas pretas de salto alto que chegavam um pouco abaixo dos joelhos. Eu sabia que a baixa estatura incomodava minha amiga, mesmo eu dizendo sinceramente que isso não afetava em nada sua beleza estonteante, tenho certeza de que todos concordavam comigo que Natália era incrivelmente linda apesar do seu tamanho, todos menos ela.

-Nat, eu sei que é um bar sertanejo, mas você tem certeza de que temos que nos vestir assim? Não acha que estamos exagerando?

Ela desviou o olhar do espelho somente o tempo para me olhar de cima a baixo e voltou a se maquiar.

_Claro que sim Lívia, se vamos entrar no clima então temos que fazer direito, e depois você nem está tão a caráter assim.

Era verdade, eu me recusei terminantemente a colocar uma das saias que a Nat trouxe, se nela já ficavam muito curtas, em mim, que era dez centímetros maior, pareciam apenas uma faixa de tecido. Frustrada ela teve que se virar com algo meu mesmo e depois de garimpar as profundezas do meu armário ela finalmente encontrou um vestido em tons de marrom, ele tinha alças finas e mangas caídas nos ombros, se ajustava com perfeição em minha cintura e podia ser regulado atrás com um cordão transpassado, a saia era rodada e tão leve que qualquer movimento mais brusco o fazia levantar o que era um perigo já que era tão curto que mal chegava na metade das minhas coxas, e esse foi o fato decisivo na escolha da Nat. Tivemos um pequeno duelo quando ela insistiu que eu usasse minhas botas montaria marrons e é claro que ela ganhou. Para não perder o detalhe do vestido amarrei meus cabelos num rabo de cavalo alto deixando alguns fios soltos na nuca e ao redor da orelha assim como minha franja, a maquiagem em tom dourado combinou perfeitamente com a produção. Olhei para Nat e sorri, não podia negar que estávamos bonitas.

E levando-se em consideração os queixos caídos dos meninos quando nos viram eles também achavam. Tiago soltou um assobio alto e Gabriel me lançou aquele sorriso de partir uma pedra ao meio. Me aproximei do Caipira e perguntei baixinho:

_Gostou?

_Do quê?_ ele devolveu a pergunta sem desviar os olhos e meu sorriso vacilou.

_Você nem reparou?

A princípio ele não respondeu, então passou o polegar em meus lábios e se aproximou do meu ouvido, sua voz era baixa e sensual.

_Lívia, eu sou capaz de dizer cada tom de marrom que tem no seu vestido, ou que tem um pequeno risco do lado direito de sua bota, ou que a barra do seu vestido está exatamente oito dedos acima do seu joelho. Eu consigo me lembrar que o jeans que você estava usando na primeira vez que te vi estavam gastos nos bolsos traseiros e que era o mesmo jeans que você usava quando te encontrei na estrada da fábrica. Consigo me lembrar que o vestido verde que você usou na primeira vez que saímos combinava perfeitamente com os pontinhos espalhados pelos seus olhos que mesmo fechados ainda posso dizer com toda certeza de que são castanhos amendoados. E sabe porque eu posso fazer tudo isso? Por que desde que te conheci minha mente é totalmente preenchida por você, o tempo todo você, sempre você. Mas se quer realmente saber. Sim. Você está linda e gostosa pra caralho.

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