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Você pendura a mochila no ombro esquerdo.

Fecha os olhos e deseja profundamente sentir a coisa que lambia a pele e Eles chamavam de brisa.

Você sempre desejou isso. Mas nunca, nunca conseguiu fazer essa vontade que explode dentro do peito sair para fora e se tornar real.

Ela pode sair do seu interior pelo quase sorriso que ela mesmo provoca em seus lábios.

Ela pode sair do seu mundo e por um segundo habitar o mesmo mundo em que você existe.

Sim.

O mundo que você tem dentro de si é diferente desse em que você existe agora.

Mas não.

Ela apenas fica aí. Dentro. Ela explode. E continua. Dentro de você.

Uma vontade. Um desejo que cresce de dentro e para dentro. De verdade.

Mas você o tem. E sebe que, às vezes, desejar é o bastante.

Você abre os olhos, e sente a única coisa que Eles permitiram aos que ainda restaram sentir.

A coisa que arde e queima. A coisa que não lambe. A coisa que morde a pele. A coisa que se ergue soberanamente acima de tudo e ofusca os olhos de quem tenta enxergá-la.

E diante você, a estrada de terra azul em meio as árvores de vidro te levará à realidade.

Não.

Não a realidade do que é real.

E sim.

A realidade do que ainda é um sonho. Um desejo. Uma vontade.

A vontade que é sua e também é grande e desejável o suficiente para ser um sonho.

Um sonho que você vai sonhar agora.

Um sonho que mais que qualquer coisa, você quer que seja real.


CONTINUA...


Azul - A Cor do Último SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora