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Você caminha pelo tempo que Eles chamavam de Dia. E quando o Dia ia embora para voltar depois, eles chamavam o tempo de Noite.

A noite era quando o tempo era sombra.

A sombra que tinha furos no alto, por onde se podia ver o tempo que se foi e que depois seria de novo.

E é para a Noite que a estrada de terra azul vai te levar. Para a sombra.

A sombra que trazia o sono.

O sono que fabricava sonhos.

Sonhos que deixavam de existir quando não existiam mais.

Então o tempo que foi, era de novo.

E os sonhos que existiam nunca foram azul.

Nem desejo.

Nem vontade.

Nem sorrisos consequentes.

Nem explosão.

Nem nada mais além de sonhos.

Apesar de agora e de tudo, aquele antes não te chama.

Você lembra que aquele era um mundo onde o sorriso verdadeiro era provocado pelo mínimo de sentimento... E depois passou a ser por nenhum. A verdade que se sentia e fabricava sorrisos fora a cada dia sendo esquecida, e só explodia de dentro pra fora quando precisava ser vista e não sentida. Sentimentos em forma de verdade foram substituídos pelos que causaram toda dor e sofrimento...

Foi quando o pior aconteceu.

A dor e o sofrimento passaram a causar prazer.

E o prazer se tornou grande e único a cada um Deles.

Logo os sorrisos não existiam mais.

Então veio o arrependimento e os gritos de socorro.

Depois veio o silêncio como resposta.

E o que sobrou? O sorriso.

Ele voltou a existir. Foi de tudo o mais simples que restou. De novo.

Você imagina; e lembra também. Pois tudo que existe hoje é uma memória do tempo em que o sorriso, que era tudo e o mais simples, deixou de existir para depois voltar. Porque ele sempre volta.

E tudo bem.

Você só precisa da linha sob seus pés que te levará à escuridão.

E no final, tudo irá se iluminar de azul.

CONTINUA...


Azul - A Cor do Último SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora