Capítulo 11: Mistério em Yorkshire

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Acordei no dia seguinte com os raios de sol que atravessavam os vidros da janela; e como eu já imaginava, Dave não estava mais lá. Então pouco a pouco, as memórias da noite passada foram sendo repassadas uma a uma na minha mente. Meu namorado era um demônio. Espere; Dave era meu namorado? Eu ainda não havia pensado nesses termos. Enfim, isso não importava. Contanto que eu o tivesse ao meu lado, ele poderia ser o que quisesse.

Levantei-me como de costume. Parecia que aquela velha rotina nunca terminaria, mas ainda era a única vida que eu conhecia. Além do que; eu precisava trabalhar, pois aquela pequena herança não duraria para sempre. Levantei-me e me vesti. Preparei um café para espantar os últimos resquícios de sono e logo em seguida fui abrir a barbearia.

Mas naquela manhã algo estava diferente. Pude ver uma pequena multidão aglomerada na praça, mas não parecia ser para um pronunciamento. A curiosidade em mim foi maior, então acabei me aproximando para saber o que se passava. Lá encontrei Jonas e seu pai, então chamei Jonas em particular e perguntei-lhe o que estava acontecendo. Ele me parecia um tanto perturbado, imediatamente temi ser algo relacionado a Rick. Nos afastamos um pouco do tumulto, longe também de seu pai. E então, mais um pesadelo começou.

_Jefferson, você não imagina o que houve aqui. Walter Sólomon foi encontrado enforcado essa manhã. Alguns acham que ele se matou, outros acham que foi assassinado.

_O que você disse? – Perguntei em choque.

É claro que eu não nutria os melhores sentimentos por Walter, mas também não lhe deseja mal, pelo menos, não algo daquele tipo.

_Onde está o corpo?

_Foi removido há pouco. Estão tentando encontrar uma boa explicação pra isso, e o conselho não está nada satisfeito. Temem por uma onda de suicídios em massa. Oh, não. Desculpe, eu não quis ofender, eu só...

_Tudo bem, já entendi. Só mais uma coisa, se vir Rick, diga a ele pra me procurar.

Sai o mais rápido possível daquela aglomeração. Que motivos um homem com o ego e o status de Walter teria para se matar? A não que ser que realmente tenha sido assassinato. Mas quem poderia ter feito algo assim? Nesse momento uma ideia me passou pela cabeça, o que me causou calafrios. Lembro-me que Dave havia perguntado sobre Walter na noite passada... Seria ele o culpado? Teria Dave enforcado Walter? Não. Definitivamente não.

Eram ideias demais, suposições demais, e eu não poderia acusa-lo assim, sem provas, baseado apenas em ideias malucas. Poderia ser apenas coincidência, uma grande e absurda coincidência. Todo cuidado agora seria pouco, pois eu tinha problemas com Walter, e poderia ser considerado suspeito. Teria de agir normalmente e com toda a cautela possível. Já havia perdido a disposição para trabalhar, mas mesmo assim seguiria com a rotina. Não poderia de forma alguma deixar que alguma suspeita caísse sobre mim.

Abri a barbearia, limpei o chão e organizei todos os objetos de trabalho. Qualquer coisa que me distraísse o suficiente para que eu não pensasse tanto no assunto seria bem vinda. Mas naquele dia, nada teve um mínimo de normalidade; não entrou sequer um cliente. Isso nunca havia acontecido. Nunca. Imaginei que se devia ao fato de que a vila estava completamente alarmada com o fato, mas isso não impediu que eu ficasse bem mais perturbado.

Perdi a fome e perdi a concentração. Alguma coisa ali não parecia certa, digo; a situação em si já não era agradável. Mas retomando meu raciocínio anterior, porque motivo Walter teria se enforcado em praça pública envergonhando seu nome e sua família? Arrependimento? Não creio que aquele homem soubesse o que era isso. Tão certo quanto o sol nasce a leste, tinha algo mais nisso que ninguém estava enxergando. Ainda.

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