Capítulo 17: Êxtase

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A presente situação fez com que eu me sentisse a pessoa mais egoísta do mundo. Eu estava feliz pelo fato de Dave agora poder caminhar sob a luz do sol, mas para ter essa habilidade, outra acabou sendo tirada dele. Mais uma vez eu não sabia o que dizer. Nem o que fazer. Mas Dave sabia, ele sempre sabia a melhor coisa para ser dita ou feita. Sua expressão de irritação logo se abrandou quando ao mesmo tempo ele me envolveu em seu abraço.

_ Não se preocupe, vamos ficar bem. Só preciso ter mais cuidado agora. Nós dois precisamos – Dave falou calmamente, quase num sussurro – Eu cuido de você. Minha promessa ainda está de pé. Sempre estará.

Meu coração estava levemente acelerado; antes devido à preocupação em saber que seu poder da invisibilidade havia sumido, logo em seguida a preocupação se dissipou dando espaço à agitação comum de todas as vezes que nossos corpos se tocavam. Vestidos ou não.

Já era noite. Dave não precisava comer, a não ser que quisesse. De qualquer forma, eu estava com fome depois de uma tarde inteira de preocupação e nervosismo. Eu já havia me acostumado a sempre trancar a porta da frente desde que Dave e eu estávamos oficialmente juntos. Naquela época não existia algo com a definição de "namoro". As pessoas se casavam rapidamente com outras pessoas escolhidas por seus pais ou tutores. Tudo era basicamente interesse econômico. E por pouco, muito pouco eu também não entrei nessa estatística.

Enquanto passava as trancas na porta, Dave tirava as botas. E em sequência tirava as partes do elegante terno. Paletó, gravata, colete, e a camisa. Era impossível não olhar, por mais que eu tentasse. Era como se uma força invisível forçasse minha visão sempre na direção dele, com o propósito de reparar cada movimento gracioso; e essa mesma força invisível sempre acabava me arrastando direto de encontro a ele. Cada músculo de seus braços e peito se movimentando por baixo da pele impecável com aquela aparência bronzeada. Nesse momento, ele ergueu o rosto, para me flagrar observando-o. Apreciando cada segundo de um ato tão comum. Mas não era necessário ressaltar que ele não era comum.

Dave se levantou, caminhando a passos leves e graciosos como os de um gato em minha direção. Nessa hora eu já sabia que meus planos de ir para cozinha estavam arruinados. Meu amante sombrio tinha outra ideia. Uma que eu não conseguiria recusar. Quando enfim ele estava diante de mim, eu já estava grudado ao chão sem conseguir dar um passo. Não havia para onde correr. Agora a única peça de roupa que ele usava era a calça, que em instantes iria para o chão juntamente com as outras peças tiradas. Enquanto sua mão acariciava meu rosto, nossos olhos se encaravam naquela conexão eletrizante que tínhamos. Então, subitamente ele me pegou em seus braços. Eu me assustei, mas logo voltei ao jogo. Ele caminhou até meu quarto – aliás, nosso quarto – onde me colocou na cama.

Óbvio que naquele momento eu já estava ansioso para o que viria em seguida. Olhando diretamente para mim com aquela expressão maliciosa que me enlouquecia, sem nenhum pudor ele desabotoou a calça e veio pra cima de mim. Eu não conseguia manter minhas mãos sob controle enquanto ele me olhava nos olhos, nossas bocas próximas uma da outra, mas ainda sem se tocar. Era como se pra ele fosse um jogo. Ele era o predador, e eu, claramente a presa.

Comecei a desabotoar minha própria camisa, mas Dave segurou minhas mãos, afastando as uma da outra e quando pensei que ele mesmo iria desabotoá-la; ele a rasgou. Rápido e certeiro. Eu enlouqueci. Puxei-o para junto de mim. Estávamos colados, e nunca era junto o bastante.

Mais uma vez tomando a iniciativa, ele arrancou minha calça sem desabotoá-la antes. Em um único puxão, da mesma forma que a camisa. Senti em minha cintura o ardor dos arranhões que esse movimento me causou, e quer saber? Eu estava adorando tudo aquilo. Dave me beijava alternando suas mordidas entre meus lábios, meu pescoço e minhas orelhas. Então eu me virei invertendo nossas posições, desta vez eu quem estava por cima.

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