Doze - Alice

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Não conversei com Jax nos dias seguintes

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Não conversei com Jax nos dias seguintes. Apesar disso, e apesar dos olhares que eram lançados a mim estarem um pouco menos incisivos, ele ainda tinha aquela expressão de reprovação eterna no rosto. Reprovação essa que só aumentava ainda mais quando alguém tocava no assunto do tal festival.

– É o festival da colheita – Sebastian me explicou enquanto me ajudava a arrumar a mesa para o café naquele sábado. – Daqui duas semanas. Meu irmão... Ele costuma se apresentar.

– Se apresentar – repeti.

– É, mas não fale alto. Se ele souber que eu estou te contando, vai me matar.

– Por quê?

– Porque... – Sebastian respirou fundo. – Ele não gosta, exatamente. Mas é muito bom, de verdade, e as pessoas o adoram. Então enchem a hospedaria, consomem... Não podemos nos dar o luxo de perder dinheiro assim.

Deixei minha mente vagar sobre o que Jax poderia ser tão bom assim fazendo, mas percebi que ela estava tomando caminhos pouco puritanos e me obriguei a parar. Pensei em perguntar o que era, mas eu sabia que Sebastian não ia me contar. Ele ia me mandar falar com Jax, e eu obviamente não ia fazer aquilo.

– Mas você vai gostar – ele disse por fim, sorrindo sugestivamente. – Todo mundo gosta. É como se ele voltasse a ser... O velho Jax.

Eu não sabia como era "o velho Jax", mas duvidava que pudesse ser pior que o atual. Então fiquei realmente curiosa e comecei a ansiar pelo tal festival. Claro que ver Jax irritado porque eu queria tanto participar da festa era apenas um bônus extra. Claro.

– Aliás, por falar em Jax – Sebastian continuou. – Ele está indo pescar no rio da cachoeira hoje. Você poderia acompanhá-lo.

– Não poderia, não.

Sebastian deixou o corpo mole, e puxou meu braço, dando sacudidinhas nele.

– Qual é, Alice... Não vai doer.

Eu bufei alto, me livrando das mãos de Sebastian e cruzando os braços.

– Não entendo essa sua mania de me empurrar para o Jax, sinceramente.

– E não entendo essa sua mania de dizer que não gosta.

Ah, mas Sebastian era impossível. Mostrei o dedo do meio para ele – algo pelo qual minha mãe me deixaria de castigo nas masmorras – e saí a passos pesados da hospedaria, bufando e ignorando veementemente as tentativas de Sebastian de me chamar para dentro de novo.

Isso, claro, até eu dar de cara com Jax do lado de fora.

E então fui obrigada a parar antes que ele me visse, porque não queria, de jeito nenhum, que ele fugisse dali.

Jax estava usando uma camisa regata meio velha e amarelada que estava um pouco curta, então cada vez que ele levantava os braços, um pedacinho de suas costas ficava à mostra, revelando mais duas covinhas ali. Suas calças gastas estavam dobradas nas canelas, e ele estava descalço. Seu cabelo louro e sujo balançava e embaraçava com o vento conforme ele afagava Filippa.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora