Trinta e sete - Alice

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– Ora, ora, ora – disse ele com um sorrisinho no rosto

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– Ora, ora, ora – disse ele com um sorrisinho no rosto. – Isso foi mais interessante do que eu imaginava.

Não. Não, não, não.

Eu sabia que tinha concordado, sabia que não podia quebrar o acordo, não depois dele ter cumprido a parte dele, mas eu simplesmente...

– Não – pedi. – Por favor, não agora.

Rumpelstiltskin riu, porque é claro que aquilo era muito engraçado para ele.

– Não o que, princesa? Se eu bem me recordo, há apenas alguns minutos você estava fazendo promessas e nós estávamos firmando acordos.

Sim, eu sabia daquilo. Mas era tão frustrante que bem agora, depois de tudo...

– O que está acontecendo? – Jax perguntou, as sobrancelhas franzidas, os olhos passando de mim para Rumpel, para Sebastian. – O que ele está fazendo aqui?

Rumpelstiltskin riu de novo e a risada dele já estava me dando nos nervos. Se ele risse de novo eu não sabia se conseguiria evitar estrangulá-lo.

Os guardas pareceram um pouco agitados.

– Vossa majestade? – um deles perguntou, se dirigindo à Jax, para desespero de Quentin. – O senhor quer o duende para fora?

Rumpelstiltskin parou de rir, os olhinhos pretos ardendo.

– Não me chame de duende! E eu também não vou sair! – ele se virou para mim e começou a andar lentamente pelo quarto. – Eu estou aqui porque alguém me deve uma lembrança.

As sobrancelhas de Jax se franziram ainda mais e, quando os olhos de Rumpel grudaram nos meus, ele se virou para mim.

– Alice? Do que ele está falando?

– Eu estou falando – Rumpel respondeu, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. – do acordo que a princesa fez comigo, e o preço que agora precisa ser pago.

Jax continuava sem entender, então eu expliquei. Contei sobre o primeiro acordo com Tobias, depois do segundo acordo, sozinha. Ele não me interrompeu em nenhum momento, e quando terminei, Jax continuava calado. Talvez fossem coisas demais para ele assimilar em tão pouco tempo.

– Diga alguma coisa! – pedi, segurando sua camisa. – Eu não queria, Jax, mas eu precisava. Por você, por Sebastian. Eu não podia simplesmente deixar vocês sofrerem por minha causa, porque é por minha causa que vocês estão aqui.

Achei que ele fosse brigar comigo, depois achei que ele fosse simplesmente ficar calado para sempre. Os olhos dele ficaram me encarando por um tempo, depois se voltaram para Rumpel, e depois para mim mais uma vez.

– Seja lá o que for, Alice – ele disse, finalmente, colocando as mãos sobre as minhas. – Vai ficar tudo bem, nós... nós vamos dar um jeito.

Olhei para ele, franzindo as sobrancelhas. O que ele estava dizendo?

– Jax, ele vai pegar uma memória minha. Eu... Pode ser que eu não me lembre mais de você.

E foi quando eu entendi. É claro que eu não me lembraria mais de Jax. Uma lembrança que mostrasse o príncipe Trent sendo libertado da maldição era valioso. Visto em primeira mão, por alguém que pôde estar ali e encostar nele... não tinha preço.

Jax não estava entendendo e aquilo estava me deixando maluca. Ele sorriu. Sorriu.

– Você bateu a cabeça? – perguntei. – Porque não acho que você está entendendo a situação, eu...

Ele colocou o indicador sobre os meus lábios.

– Shhhhhhh. Você não me ajudou a quebrar a maldição por acaso. Nós não estamos aqui por acaso e eu não posso acreditar que uma...mera lembrança vai poder nos separar. Alice – ele apertou minhas mãos. – Se eu consegui fazer com que você se importasse comigo sendo um idiota, eu acho que consigo te conquistar de novo sendo o príncipe que você merece.

Filho da mãe.

Meus olhos começaram a arder de novo e eu me segurei para não chorar, porque já estava cansada daquilo. Ao invés disso, me joguei nos braços dele, sentindo seu coração batendo forte contra o peito. Se Rumpelstiltskin queria me fazer esquecer Jax, pelo menos então eu o esqueceria em seus braços.

– É hora de cumprir o acordo – ele disse, chegando perto. Fechei os olhos, esperando sentir alguma coisa em minha cabeça, alguma coisa dentro de mim. Lembro que abri os olhos só um pouquinho, meio como quando você está petrificado de medo, mas precisa ver o que está acontecendo. Vi a fada. Ele estava olhando fixamente para Rumpel, depois seus olhos se fincaram em Quentin. Seus lábios se mexeram, como se ele estivesse sussurrando alguma coisa, e depois ele se virou para mim, dando uma piscadinha.

Franzi as sobrancelhas. O que ele estava fazendo?

E foi quando o grito de Quentin explodiu no ar.

Eu me virei, me soltando de Jax. Os guardas que seguravam Quentin tinham o soltado e agora ele estava no chão, mãos na cabeça, gritando e gritando.

Quando olhei para Rumpelstiltskin ele estava com os olhos arregalados, a boca aberta.

– Não! – ele gritou. – Não!

Rumpelstiltskin começou o rodopiar, os olhinhos negros voando de um olhar para outro. A fada começou a rir.

– Você! – ele gritou, o dedo longo apontando na direção da fada. – Foi você! O que você fez?

A fada continuou a rir.

– Só fiz uma troca, Rumpel. Nós fadas-madrinhas somos muito boas nisso. Mas olhe ali, você conseguiu a sua lembrança.

Rumpel se virou, eu também. No chão, ao redor de Jax, uma pequena poça de líquido brilhante estava se cumulando. A lembrança.

– Eu precisava de uma lembrança de Alice! – Rumpelstiltsin grunhiu. – Não desse impostor! De Alice!

A fada riu e riu.

– Ah, mas é uma lembrança de Alice. Só não da cabeça dela.

– O que?

– Você devia saber melhor do que eu, Rumpel. – a fada continuou. – É preciso prestar atenção em cada palavra em um acordo. Não é assim que você ganha sua vida? Procurando falhas em cada promessa que suas vítimas fazem?

Rumpel parecia possesso. Ele olhava da fada para a poça de lembrança, provavelmente ponderando se deveria exigir explicações ou se corria para pegar a lembrança, porque mesmo que não fosse a que ele queria, ainda era uma lembrança valiosa que ele podia usar depois.

– Você – a fada continuou. – Nunca disse que a lembrança tinha que sair de Alice. Apenas que deveria ser dela. Ali está, nos pés de Quentin, a lembrança da primeira vez que ele viu Alice. A dívida está paga.

Não!

– E agora que a dívida está paga –

– Não!

– Você precisa ir embora.

Pof.

Rumpel se desfez em fumaça. Quentin levantou a cabeça, ainda trêmulo. O líquido brilhante começou a desaparecer, talvez lembranças precisassem ficar guardadas, ou sumiriam.

Quando Quentin olhou ao redor da torre, seus olhos não pararam em ninguém. Ao invés disso, pareciam não estar entendendo o que estava acontecendo.

– O que... – ele finalmente olhou para mim. – Quem é você?

Eu sorri. Olhei para a fada e ele estava sorrindo também.

– Ninguém – respondi. – Para você eu sou ninguém.

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora