Vinte e três - Jax

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Então era isso

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Então era isso.

Alice tinha ido com Quentin e eu tinha ficado nas Terras Não-Clamadas, sem meu irmão e com um gato imprestável que fazia questão de ficar me lembrando a todo momento como minha suposta performance na frente do exército de Quentin tinha sido, aparentemente, patética.

– O que você queria que eu tivesse feito? – rosnei, batendo o machado com tanta força contra o tronco de árvore que uma lasca voou e quase acertou o gato. Eu não teria me importado se tivesse.

– Você podia ter se esforçado um pouquinho mais, Trent. – resmungou ele, porque parecia que era a única coisa que ele sabia fazer. – Quer dizer, eu quase morri para vir te avisar que tinham pegado seu irmão, caso você não tenha percebido.

Ele levantou a patinha enfaixada para enfatizar. Como eu seu fosse ficar com dó, francamente.

Então Tobias continuou a falar e falar, mas eu não estava mais ouvindo. Tudo em que eu conseguia pensar era em como tirar Alice das mãos de Quentin sem acabar morto – ou sem que ela acabasse morta – no processo todo.

Maldita maldição...

Maldição.

Maldição...?

Meus olhos correram para Tobias, que estava sentado lambendo suas partes íntimas – uma coisa que ele aparentemente gostava bastante de fazer. Larguei o machado e andei até ele, me sentando à sua frente.

– Tobias? – chamei. Ele parou, virando-se lentamente na minha direção. Havia alguma coisa nos olhos dele... E no modo como ele falava...

– Trent? – ele repetiu.

Só uma pessoa me chamava de Trent.

– Tobias.... Tobias? Tobias!

O gato miserável continuou a me encarar como se eu tivesse ficado completamente maluco, mas eu tinha certeza... era ele. Claro, agora tudo fazia sentido. Como ele vivia protegendo Alice, como aparecia nos lugares mais inesperados.

– Tobias, dos estábulos – eu disse.

Vi o gato engolir em seco, algo que, eu tinha bastante certeza, gatos normais não costumavam fazer. Então ele se endireitou com toda a dignidade que um gato é capaz de recolher, me olhou nos olhos e, sem nenhuma cerimônia ou sinal prévio, pulou na minha cara e arranhou minhas bochechas.

Eu gritei, porque o que mais eu podia fazer? Quando finalmente consegui puxá-lo pela pelagem, Tobias chiou, se retorceu e conseguiu escapar, correndo para o meio da floresta.

Ótimo. Simplesmente magnífico.

Passei a mão pelo meu rosto, só para constatar o que já era óbvio. Havia grandes arranhões nas minhas bochechas, que sangravam e ardiam.

Terminei de cortar a lenha que minha mãe precisava, coloquei tudo na carroça e parti para a hospedaria. Enquanto Filippa me puxava, fiquei imaginando onde Sebastian estaria e o que Quentin teria feito com ele – porque Sebastian podia ser um banana na maior parte do tempo, mas ainda assim era meu irmão,

Coração de vidro [FINALIZADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora