E sigo com estes pensamentos como se quisesse, com eles, saber o caminho que eu deveria percorrer se eu fosse buscar, e também consertar, tudo aquilo que ficou para trás; reconheci a poesia como a única que me deu remédios, que não sararam as feridas, entretanto, mas, agradeci, mesmo assim, pois valeu a intenção. Permanecia os sintomas de cegueira por escotoma que apareciam como tragos hidratados no melhor, sem gelo, em tons menores.
Creio que serei demitido por justa causa por abandono de emprego. Será que vão sofrer se eu os deixar como fui deixado? Tanto faz. Sei que, quando não fui, fumei um como nunca mais tinha. Dos vários o mais saboroso trago mais bem tragado. Tive, então, tempo para começar a observar melhor as coisas e tudo ia em dois pra lá, dois pra cá; só eu não me mexia; e assim como eu ficava, imóvel, eu achava ser, na verdade, o único a não estar só em todos os lugares que eu ia; mesmo sendo o único que não tinha companhia. Percebi que eu era o menos só em meio aos mais solitários; o que não mudava nada, eu continuava sentindo as mesmas coisas - só mais consolado por não ser o ser mais fodido do mundo.
Se eu, ainda que figurativamente, caia aos prantos era por ver a distância de tão perto de quem foi próximo um dia; acontecia com uma certa frequência. Não sei que droga que eu usava que me deixava dormente por algum tempo, mas, ela tinha um certo prazo e, certamente, começava a perder a sua eficácia aos poucos. Mas eu tinha aprendido coisas importantes com a dor; como, por exemplo, abstrair meu choro e fazer com que ele se mascarasse por todos os meios quais eu me expandia.
Foi nessa época que entrou em minha vida Aninha. Essa que não serviu para nada, senão, foder também mais um pouco; pelo menos, foi algo mais poético. Platônico. Em minhas ideias nós nos amamos como jamais alguém imaginou ser possível e, talvez fosse possível ser real, se não uma mera ilusão minha acreditar que me rodeiam pessoas boas demais para me permitir ri um pouco; até o que pareciam ser meu mais fiel felá - não o do pub em Maranguape, este é o último deles; longe de ser o mais fiel. Se talvez eu fosse o que fui há um tempo atrás eu tivesse, agora, uma ética mais politicamente aceita e me pusesse a não falar sobre o tal do Ariano - entretanto não farei dos relatos que virão discursos de ódio contra ele. De fato teve uma extrema importância na minha construção de personalidade, mas, exagera na sua importância em minha vida - há poucos dias durante nossa história que eu me arrependa de tê-lo conhecido, mas, o que tenho mais é o dia em que o conheci. Foi meu tutor, se assim posso dizer, por quatro anos - eu que vim do interior que sequer música escutava, sequer filme assistia, sequer noção de algo tinha. Vim com minha família e nos instalamos na casa de minha tia, que tinha um violão velho com muita poeira. No novo colégio, não conseguia me unir aos descolados, não me dava bem nas conversas com as garotas e, então, restou-me os nerds, que andavam junto com os roqueiros e lá estava ele tocando sua guitarra; semanas depois pedi para que ele me ensinasse a tocar tudo que sabia. Ao longo do tempo, mostrou-se potencialmente provável a parceira junto à música, a poesia. E achamos ser especiais ao nos auto denominar "poetas das lágrimas, dos versos e vômitos" e dizíamos que dois, para isto, era o bastante. Começou então uma amizade que parecia ser eterna; parecia. Mas jamais houve ser tão autodestrutivo e mimado. Por fim, no fim, limitou-se a dizer que eu, por inveja, quisera sempre ser ele - explicarei tudo com mais detalhes em outros escritos meus.
No dia em que conheci Aninha, Ariano também o fez e ela era o poema mais belo que eu havia esquecido de assinar minha autoria e que roubaram de mim. Uma cama bagunçada que me esperava enquanto eu tinha "quilômetros a andar antes de dormir" onde eu poderia deitar e, nos peitos dela, repousar o pensamento e amor; descansando então, também o meu peito já surrado demais. Poderia. Que se eu viajasse para o canto mais remeto do planeta voltaria o quão mais rápido conseguisse para voltar para Olinda, que não é onde ela mora, mas é mais próximo que o canto mais remoto; e então dormiria em minha cama bagunçada. Que por culpa dele, ela não me ouviu chamar e não me permitiu saber se ela viria, ou não. E o mais verdadeiro e melhor roteiro para a nossa vida seria um filme do Woody Allen num sábado a tarde e, pela noite, preparar-se ambos para se verem toda a madrugada no Antigo e a ressaca do domingo, tomando água e café, vendo, no sofá, Tarantino. Queria até a chatice dela na segunda e a ansiedade para o fim de semana. Não fosse por ele, assim poderia ser; mas, por culpa, foi: "quase sempre, em uma noite, dizer "pra sempre" é cedo demais, mas, as vezes em certas noites dizer "adeus" é muito tarde. Saí tarde e cheguei cedo, no outro dia." Apenas isso, mesmo sendo dias depois de uma noite de drogas e rock n' roll que se deixou o sexo para depois - pra um dia, quem sabe, talvez! - Visto que, ouvíamos baladas de Hard Rock que emocionavam até os mais brutos - Mas até tu, Brutos? - E fez com que ela se fosse, assim, embora sem dizer mais nenhuma palavra além das que parecem terem sido ensaiadas, no máximo e mais honesto, apenas ápice de momento bom que não é mais suficiente. Roubada de mim, deixando os cheiro dela nas minhas músicas. Maldito seja ele também.
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E ela disse: "Nunca Apague a Luz".
Storie d'amoreRomance ou ficção? Não sei lhe responder, ao certo. Trata de uma nada épica odisseia ambientada nos cantos mais decrépitos de Olinda e Recife de um personagem que passeia por vários de mim contando a saga de alguém que não é nenhum herói, tampouco v...