Algo Grandioso (Concluído)

Capítulo 1

"Viver uma vida da qual se lembre não é difícil. Difícil é viver uma vida da qual lembrem-se de você".

Dedico esse livro a todos que, no profundo do seu coração, desejam fazer algo grandioso com sua vida, algo extraordinariamente simples e bom para ser lembrado. 

Prólogo

"Já dizia o profeta que o Amor verdadeiro não é invejoso, não se vangloria, não se ensoberbece, não busca seus próprios interesses, não se irrita, não se regozija com a injustiça, tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor verdadeiro jamais acaba."

Quando, no dia em que nasci, ao escrever esse conselho em uma carta endereçada a mim, tenho certeza que meu pai imaginou que eu seria tudo no mundo, menos o que eu me tornei. Eu estava ok com isso, estava ok com minha vida, personalidade, carreira, até que a vida me escolheu. Sabe aquele lance de escolher mudar de vida? Pois é, eu nunca tive, mas e quando a Vida te convida a mudar e não te dá opção de escolha?

"Laura, meu amor, sofrer é inevitável a todos, mas não seja o motivo de sofrimento de alguém; se o for, que seja involuntário."

Papai.

Capítulo Um

Eram quase seis da manhã quando entrei em casa, voltava de mais uma das minhas badaladas festas com as amigas e colegas de apartamento Júlia, Helena e Cecília. Mal adentrei ao pequeno apartamento de setenta metros quadrados, já corri para o banheiro colocar toda aquela maldita tequila para fora.

– Deus do céu, Laura, você precisa se controlar – disse minha amiga Júlia, a única do grupo que não bebia e, portanto, se encontrava sóbria.

– Argh... – resmunguei após retirar a cabeça de dentro do vaso sanitário – E você precisa aprender a perder o controle Júlia, esse é seu problema – eu disse antes de voltar a cabeça para dentro do vaso, onde adormeci abraçada, e essa não seria minha primeira noite de glória, e com certeza, não seria a última.

Eu havia saído do interior há oito anos, logo após o término da faculdade. No início eu dividia quarto numa república, mas, menos de um ano e depois de muitas tequilas juntas, as meninas e eu decidimos dividir um apartamento de dois quartos, obtendo assim uma maior privacidade e uma vida mais digna. Nos conhecemos no curso de teatro, afinal, foi para virar uma estrela que eu havia saído do sítio dos meus pais. Meu sonho de menina era ser atriz; eu vivia encenando quando pequena, e meu pai prometera que após eu me formar ele me ajudaria a realizá-lo. "Você termina a faculdade, realiza meu sonho e depois eu ajudo você a realizar o seu", era dessa maneira que ele me chantageava quando chegava do trabalho e percebia que eu não havia ido pra escola, e assim, logo após minha formatura em nutrição, meu pai cumpriu sua palavra e ajudou-me financeiramente a me mudar para cidade grande e iniciar o curso de atriz. Eu realmente queria ser atriz, mas no fundo, o que eu queria mesmo é ficar livre do autocontrole paterno, ser dona de mim, viajar, sair, badalar, e por isso escolhi a cidade que nunca dormia. Eu amava meus pais, como os amava, mas não estava disposta a passar a vida inteira em um sítio tirando leite de vacas, a simples ideia me arrepiava.