Capítulo 14

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Cheguei do hospital aproximadamente às nove, como eu não havia dormido direito devido a discussão com o Sr. Sem fé na noite anterior, acordei atrasada e tive de trabalhar até mais tarde para compensar. Foi um dia difícil, não consegui tirar ele da cabeça, muito menos suas últimas palavras sobre eu ter tido um ano difícil. Eu realmente estava tentando começar uma vida nova, mas se as pessoas ficassem me lembrando toda hora das bobagens que cometi, ficaria difícil. Quando me aproximei da porta principal, percebi que minha mãe tinha visitas, o que me irritou profundamente, pois, eu estava extremamente cansada e nem um pouco a fim de fazer sala, queria somente jantar e subir para meu quarto. Quase na porta, reconheci a voz do Humberto e isso me fez parar, e mesmo sabendo que estava agindo errado, fiquei escondida tentando escutar a conversa. Ouvi que ele dizia:

– Dona Estela, eu agradeço o café, é sempre bom conversar com a senhora, agora sei por que o Otávio adora ficar aqui.

– Eu que agradeço sua companhia, mas você ainda não me disse o real motivo da visita, disse?

– Na verdade não, eu vim aqui para é, na verdade, minha intenção é...

– Desembucha meu filho – escutei minha mãe dizer ansiosa, tanto quanto eu do lado de fora ouvindo atrás da porta.

– Bom, eu queria permissão para namorar a Laura.

– Como? – Perguntamos praticamente juntas quando adentrei a sala, branca igual a uma folha de papel.

– Laura, eu não sabia, que estava aí – Ele gaguejou enquanto corava.

– Pois é, nem eu imaginaria que você estaria aqui pedindo minha mão para minha mãe, não é?

– Olha – interferiu Dona Estela – eu não acho que precise da minha permissão, a Laura é bem grandinha e dona do nariz dela, mas já que veio, eu dou minha permissão, minha benção, tudo que precisar e vou indo terminar o jantar para deixar vocês se entenderem porque pelo que percebi, nem a Laura sabia que estava namorando – e então ela saiu dando risinhos abafados.

– Humberto, pode me explicar o que significa isso?

– Significa o que você viu, eu pedindo permissão para namorar com você, qual sua dúvida? – ele respondeu com um sorrisinho sarcástico no canto da boca.

– Engraçadinho, estou morrendo de rir, está vendo? – eu estava realmente perdendo a paciência com ele mas não podia negar que estava adorando fazer aquela cena – Me explica que negócio é esse de namorar, por favor.

– Explico sim – Ele disse se posicionando a apenas um passo de distância, pude sentir seu cheiro amadeirado, cheiro que me causava arrepios – Se quiser rolar comigo de novo naquele feno, e eu sei que quer, vai ter de ser do meu jeito, o jeito antigo, com compromisso, não quero a cidade inteira comentando.

Eu quei sem palavras, como ele ousava insinuar que eu queria rolar no feno com ele novamente? Ainda mais depois da lição de moral que me deu depois? Na verdade, não queria vê-lo nunca mais, pensando melhor, podia vê-lo de vez em quando, pensando melhor ainda, acho que todo dia estaria de bom tamanho, ai céus, sim, eu queria rolar no feno com ele todos os dias se possível, mas claro que não precisava admitir.

Algo Grandioso (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora