Capítulo 3 - O bom doutor

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~Na mídia, vestido da Cássia no fim do capítulo.~


-Qual disse que era seu nome? –Perguntei enquanto ele se abaixava para apanhar meu livro.

-Torton. Lysander Torton. –Ele me entregou o livro e reprimi o impulso de tocar seu rosto. A semelhança era incrível, eles poderiam ser gêmeos!

-Você tem algum irmão gêmeo? –Perguntei e ele inclinou a cabeça de lado, examinando minha pergunta.

-Não, por que?

-Você parece um amigo meu. –Falei pegando meu livro e o abraçando a altura do peito, em defensiva. –Está tudo bem, Mara, ele pode ficar, traga chá para ele também.

-Sim, senhorita. –Mara disse fechando a porta e entrando para a cozinha.

-Por aqui. –Chamei-o e ele me seguiu até a sala de música. –Disse que veio a pedido de meu irmão?

-Sim, isso mesmo. –Ele disse arrumando os óculos redondos sobre seu nariz. Suas maneiras eram mais delicadas que as de Bram e ele se vestia de forma mais refinada, terno e gravata e sapatos sociais. –Ele disse que tem notado certas mudanças em seu temperamento.

-Assuntos de mulher. –Desconversei, sentando-me na espreguiçadeira da sala e lhe apontando a poltrona, ambos sob a janela.

Não podia explicar minhas mudanças de humor, mas tampouco cederia a um psiquiatra que poderia muito bem me mandar para um asilo como minha mãe. Ele abriu sua pasta e tirou alguns papeis.

-Diga, senhorita Balmer, chegou a ver estas fotos? –Ele perguntou estendendo-me as fotos e as examinei. Eram as fotos que papai recebera ontem.

-Não, não as vi, por que?

-Pode dar uma olhada nas fotos que a senhorita tirou com seu noivo, Bram, por favor? –Olhei-o desconfiada e peguei as fotos, examinando uma por uma. Papai com Kassian. Papai com Kassian e eu, várias repetições de fotos com nós três juntos, fotos sozinhos e minha foto com Bram. Mas Bram não estava na foto.

-O que é isso, foi um tipo de defeito na lente? –Perguntei checando as outras fotos. Bram não estava em nenhuma das fotos em que devia estar. Mas apenas Bram não aparecia nas fotos.

-Excluindo apenas uma pessoa? Duvidoso.

-O que está insinuando?

-Cássia...

-É senhorita Balmer, para você. –Silvei.

-Certo, perdão. Senhorita Balmer, existe a chance de que a senhorita esteja delirando. –Ele disse, provavelmente tentando ser delicado, porém com a sensibilidade de um elefante! Não contive um riso, porém foi um riso estranho, saiu pelo nariz.

-O que?

-Existe a possibilidade que... Que a senhorita sofra de delírios, veja coisas que não estão lá, e sua constante mudança de humor também é um indício. Chama-se "esquizofrenia", mas eu precisaria realizar alguns testes para constatar se é o caso ou não.

-Que tipo de testes?

-Exames de sangue, vamos analisar sua mente.

-Minha mente. –Apontei. Ninguém abriria minha cabeça!

-Com perguntas. –Ele disse.

-E se estiver errado?

-Isso é apenas para tranquilizar sua família

-Claro, porque seria um grande inconveniente ter as mulheres da casa internadas. –Falei amargamente. Estava sendo difícil me manter formal nesta conversa quando a pessoa na minha frente parecia meu namorado e estava me dizendo que eu estou louca.

Queimada ( #2 Duologia Arruinada)Onde histórias criam vida. Descubra agora