11 - O silêncio é a melhor forma de expressão

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"Mais valia ter ficado calado"


Depois de prendê-la ele veio na minha direção e perguntou o que eu estava a fazer ali. Seguindo o meu plano, apenas lhe respondi:

- Bem... 'Tava na zona a dar uma volta e ia voltar para casa. De repente, olho para o meu lado, vejo-vos e penso: "Olha quem é. Vamos ajudá-lo."

- Claro... E em que parte disso é que te apercebeste que eu estava a trabalhar? - Aqui não me contive e tive que ser o mais sarcástico possível.

- Na parte em que tu estavas berrar, a pedir para ela - apontei para a mulher que estava presa encostada a uma parede. - parar. Foi nessa parte.

- Mas olha que engraçadinho!

- Sou, não sou? - Ele acenou com a cabeça e depois disse:

- Mas acho outra coisa ainda mais engraçada... Eu que costumo ter razão... - Aqui interrompi-o com um "cough", dizendo "Snob" pelo meio. Ele voltou a falar:

- Cala-te... Eu que costumo ter razão 'tou finalmente enganado. Pensava que tu estavas aqui por teres estado a investigar... Parece que não.

- Pois...

- Diz-me apenas a verdade... O que é que 'tavas fazer aqui?

- Eu já te disse.... - A expressão facial dele mudou por completo para uma cara que berrava "Acredito mesmo nisso", e eu decidi seguir para o segundo passo do plano. - Ok... Eu estava a pensar no que poderia  ter acontecido e pensei nas mensagens... Vim à morada para seguir durante um pouco o Sr. Lima para ver se ele estava a agir de forma suspeita...

- Eu avisei-te para não te meteres em coisas destas... Já levaste com um ferro ou seja lá o que for na cabeça por minha causa e eu não te quero em perigo. Além disso, estás a por a minha carreira em risco também! Por isso, por favor, pára.

- Ok... Mas eu depois ia-te dizer se encontrasse alguma coisa. - inventei eu.

- Eu não quero saber... Já te expliquei duas vezes porque é que não podes e já me desobedeceste duas vezes... Estás a intrometer-te no caso e posso-te prender por obstrução à justiça.

- Eu só estou a tentar ajudar...

- Mas não o estás a fazer... Este caso pode ser mais perigoso do que o que tu pensas. Podemos ficar os dois em grande perigo por estarmos a investigar por isso vais parar com a tua pequena investigação. 

- Ok... Só uma pequena coisa... - disse eu. - Já encontraste o segundo telemóvel que ele tinha?

- Que segundo telemóvel?

- E já sabes da amante?

- Não... - respondeu ele, surpreendido.

- Bem, é uma pena. Eu não te posso contar, lembras-te? Porque não faço parte da investigação...

- Se eu te considerar como suspeito então tens obrigação de contar...

- Não, não tenho. Ou me apresentas um mandato ou me deixas ajudar na investigação e eu digo-te tudo...

- 'Tás a pôr-me entre a espada e a parede! - exclamou ele, entredentes.

- Eu sei, mas eu acho que podia pelo menos poder arranjar algumas informações, mesmo que seja para depois entregá-las a ti.

- Mas não és polícia. Já deve ser a quarta vez que 'tou a repetir isto!

- Ok... És tu que perdes.

Virei as costas mas ouvi-o de repente a dizer que concordava... Agora já tinha mais liberdade. Mas mesmo assim não devia ter falado tanto. Era óbvio que não lhe ia contar nada do que soubesse, mas já tinha abrido mão de duas vantagens que teria se ele não soubesse de nada. Devia mesmo ter estado calado.





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