15 - A prova irrefutável

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"Todos somos culpados de algo"


Ele não parecia ter reagido muito.  Não havia nenhum barulho que indicasse que algo tinha mesmo acontecido por isso ignorei. Talvez ele já soubesse e apenas estivesse a fingir... A mensagem podia ser uma farsa.

De qualquer maneira, na altura comecei a fazer as malas. Tinha decidido que o stress era demasiado ultimamente e, assim, ia fazer uma pequena viagem na qual levaria a minha família ao Algarve. Só para relaxar um pouco. Já tinha comprado os bilhetes há três dias atrás num site de uma empresa de voos internacionais.

Nem me dei ao trabalho de lhe responder. Precisava de férias. Precisava de fugir. Nos últimos dias tinha acumulado imenso: o stress do meu chefe morrer, as mentiras do meu amigo e as minhas... Era demasiado.

Na estação, entretanto, o Carlos estava a falar com o seu chefe sobre a investigação. Parecia que naquela esquadra era obrigatório prestar declarações por cada passo que se fazia. Mas a única coisa que ouvi foi ele a comentar que iria voltar à cena do crime. Porém, quando estava a sair, o médico-legista que tinha feito a autópsia interrompeu-o, dizendo:

- Detetive... Já terminei a autópsia do Senhor Alves...

- Sim, e então?

- Bem, eu estava enganado. Apesar das grandes quantidades de água nos pulmões da vítima, o tiro é que resultou na sua morte. O tiro provém da arma que também foi encontrada no local. Os técnicos acabaram de me confirmar isso. - continuou ele.

- Ok. Eu agora estou um bocado ocupado por isso...

- Sim, claro... Desculpe.

Ele continuou com o seu caminho. Como já tinha planeado, foi às piscinas outra vez para tentar encontrar outra ou outras provas. ele chegou lá alguns minutos depois, tendo entrado. Pelo que me pareceu, a cena ainda estava selada e as piscinas ainda não tinham aberto, pelo que Mário enfrentava um enorme prejuízo com o homicídio do meu chefe.

Os passos dele faziam tanto eco no corredor que até se conseguiam ouvir. Ele estava lá sozinho. Ouvi-o uns 30 segundos depois a queixar-se... Devia ter-se molhado com aqueles sensores que têm para as pessoas se molharem antes de entrarem na piscina em si. Ele não era tão atento como eu... Todas as vezes que eu ia lá, mesmo na manhã fatídica, não me tinha molhado com o sensor.

De qualquer maneira, depois de se recompor tudo se silenciou. O silêncio que tinha sido experienciado quando nós estávamos os dois lá juntos tinha voltado a atacar. Não se ouviu nada durante 2 minutos. Mas ele depois acabou por berrar para si próprio "Voilà!" quando encontrou algo que na altura não percebi. Mas pouco tempo depois falou outra vez, tendo dito "O que é que me deixaste?", pelo que presumi que, qualquer que fosse a prova, tinha impressões digitais ou fibras ou ADN, ou algo assim.

Ele acabou por voltar ao laboratório o mais rapidamente possível. Entregou a prova a um técnico e disse para procurar impressões digitais, pelo que na altura orgulhei-me de mim próprio pelo meu palpite tão acertado.

Ele foi para casa depois. Deviam ser 17 e apesar de achar que ele ainda podia fazer muita coisa, não reagi muito. Afinal, eu também estava muito preguiçoso. Já não andava a investigar nada... Só o estava a utilizar como uma muleta.

No dia seguinte, quando ele chegou lá, por volta das 9 horas da manhã, ele foi logo interrompido por um técnico, que lhe apresentou os resultados. E aposto que vocês vão ficar mais que surpreendidos com eles... Eles são mesmo chocantes. Se bem que eu já estava à espera.

- Detetive, as impressões digitais pertencem a um homem chamado Samuel Santareno.

- Espere, o quê? - berrou o meu amigo.



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