6 Encarando a Realidade

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Um pouco antes de entrar no ônibus, vi ele dando um aceno para mim e eu retribui. Entrei, passei pela roleta e sentei na terceira cadeira da fileira direita do ônibus. E Alexia bem depois de mim.


- Agora me fala Luany, você ouviu do que ele te chamou? - perguntou ela animada dando pulinhos do seu banco.


- Ah, é isso.


- Sim é isso. E então?


- Então o que criatura? - ela estava enrolando demais.


- "Maninha", Luany! - ela fez aspas no ar - "Maninha"! O que levou ele a te chamar assim?


- Sei lá, ele me chamou assim hoje duas vezes.


- Amiga! Você tem ideia do que significa?


- Não, o que significa? - perguntei nem um pouco interessada.


- Ele está querendo se aproximar de mim por você! - exclamou ela animada batendo palminhas.


Eu não pude deixar de revirar os olhos. A teoria ridícula que Alexia inventou para tudo isso é muito nada a ver. Me recostei melhor na cadeira coisa que ela não tinha deixado eu fazer até agora. Bom... Eu sabia que o que ela disse não era verdade. Coitadinha! Está se iludindo demais. Só que eu não sou ninguém para ela, para dizer se era verdade ou não. Uma certa questão me atormenta muito. O que ela vê naquele engomadinho sem graça? Passamos bastante parte do percurso caladas.


Naquele momento para mim, o silêncio estava melhor do que qualquer conversa.


Meu ponto, como sempre, era o primeiro a chegar. Me despedi da minha amiga, dei sinal e desci do ônibus. Pelo menos dessa vez eu não passei do ponto. O céu ainda não estava totalmente escuro, mas todas as lâmpadas de todos os postes estavam acesas, iluminando o humilde bairro onde eu morava. O alívio de sentir que era só atravessar a rua e andar uns cem metros para chegar em casa me invadia. 


Para minha infelicidade, o desespero vinha junto. Eu não sei muito bem o porque, mas a ideia de meu pai ter outra família, me dava medo. Só de pensar que eu já tive uma família feliz, e agora só um pai que está quase me abandonando para outra gente, me deixa para baixo. Acho que agora vai ser só eu e eu.


Cheguei finalmente em casa e percebi de cara que a grama do jardim não era mais a mesma. Havia sido cortada. Abri o portão de grade do lado de fora, caminhei pela grama até a entrada da casa e entrei nela. A casa estava bem organizada do verbo não ter quase nenhum movel. Surpreendi-me severamente. Fomos roubados? Mais qual era o bandido que iria querer nossas coisas velhas? As paredes brancas da pequena sala não eram mais as mesmas. Estavam faltando nossos quadros. Quadros cujo neles vinham fotografados momentos marcantes da minha infância.


Faltava nossa TV e a decoração. Ainda chocada, larquei minha mochila no sofá - o único móvel que restara - e fui entrando no corredor que dava acesso aos outros cômodos, principalmente a cozinha. Fui devagar, vai que tinha algum ladrão, assassino ou até mesmo um psicopata lá dentro. Não encontrei mais do que o meu pai de costas, mexendo com muitos papéis que mais parecia dinheiro na bancada da pia. 

Meu Infinito (SENDO REESCRITO)Onde histórias criam vida. Descubra agora