21 Minhas Humildes Confições

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O medo batia cada vez mais forte na minha porta. Perguntei-me onde estava toda aquela minha determinação da noite passada. Simplesmente evaporou pelos ares e eu não sei como permiti isso. O dia de quinta, hoje, tinha começado perfeito, ao lado de uma pessoa muito especial. Isaac tinha deixado meu quarto pela manhã com a deixa de que tinha algo a fazer. Logo depois dele, eu deixei o quarto também. Desci e surpreendentemente recebi do meu pai a atenção que tanto estava precisando a um tempo. Ele me mostrou seu tal escritório. Lilian tinha oferecido emprego a ele em sua empresa, e isso é algo bom. Ele estava ganhando bem mais, e trabalhando bem menos. Os dois passaram um longo tempo falando sobre o casamento deles. Que estava bastante coisa pronta, e como sempre, Lilian me esnobando. Odiei essa parte logicamente, mas enfim, tudo ocorreu perfeitamente bem, até a mensagem de Jacob chegar no meu celular: "Vem aqui em casa às seis e vê se não demora, não estou disposto a ficar esperando ninguém por muito tempo".

Aquilo misteriosamente acabou comigo. Aquela mensagem transpassou rancor, ódio e uma súbita energia negativa. Suas palavras eram secas. Havia acontecido algo e aquilo simplemente mexeu com o meu eu o resto do dia. Não dava um minuto, e eu estava parada, com os olhos fixados no nada, mergulhada em meus devaneios.

Acabou que aquilo fez um estrago em outra coisa que não tinha nada a ver. O conselho que Isaac me dera de viver o presente sem se importar com o futuro, já não estava sendo mais válido. Eu queria faze-lo válido, mas não dava. Aquele terrível medo de deixa-lo e magoá-lo me invadiu de novo e novamente fiquei atordoada.

Acabou que o dia foi uma droga!

E agora eu estava terminando de trançar meu cabelo para encontrar Jacob. O nervosismo que pulsava em minhas veias era incontrolável, só pela sensação de que não era algo bom.

Terminei de prender os fios soltos que não se juntaram a trança e peguei minha pequena bolsa tira-cola. Ao virar para a porta para sair, me olhei no espelho. Eu infelizmente via-me como uma garota insegura, incerta de suas decisões. Involuntariamente olhei para o lado e avistei minha carta de aceitação na universidade de Paris colada na parede. Aquela carta traria muitos resultados positivos no futuro, mas agora no presente, só estava trazendo confusão. Na verdade, minha situação ia além da confusão.

A vontade de acabar com aquilo tudo, me invadiu. Queria pegar aquela carta, enfiar na minha bolsa e contar para todos o que conquistei. E foi o que fiz. O primeiro a saber, seria Jacob. Eu acabaria de ver com isso. Estava fazendo uma grande bola de neve sem nenhum motivo coerente. Arranquei-a da parede e coloquei dobrada na bolsa.

Deixei o quarto, desci as escadas rapidamente e quando estava prestes a abrir a porta de entrada, aquela voz seriamente irritante me fez parar.

- Onde a garotinha vai? - Charlotte perguntou entrando na sala.

Céus, porque? Toda vez que eu quisesse sair a noite seria assim?

- Não tenho que te dar satisfações.

- Tem razão, não tem, afinal de contas, eu sei onde vai.

- Impossível.

- Você vai ver Jacob e quando souber o porque de ele ter te chamado, vai tentar inutilmente consertar o erro que fez.

Agora ela me deixou confusa. Como ela sabia que eu ia ver Jacob? Será que ela tinha algo a ver? Como assim ia tentar consertar meu erro?

- O que sabe sobre?

- Ah meu amor, eu simplesmente dei o troco por você ter feito o que eu mandei não fazer. Se relacionar com o meu irmão.

Ah droga! Ela tinha sim, um dedo naquilo tudo. Jacob estava bravo comigo por causa dela? Mas o que ela usou contra mim.

Meu Infinito (SENDO REESCRITO)Onde histórias criam vida. Descubra agora