26 Enterro

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Quando entrei em casa, subi correndo para o meu quarto. Adentrei ele e sentei na cama. Do nada... Eu comecei a chorar. Na verdade, não foi do nada. Eu tinha motivos mais que suficientes para isso.

Isaac chegou ao quarto meio ofegante por ter tentado acompanhar minha rapidez, e se escorou no batente da porta, cruzando os braços e me encarando. Me olhando chorar.

Minhas lágrimas desciam amargamente, fazendo com que cada partícula do meu corpo sofresse junto. A dor de perder um pai ou uma mãe, não é igual a nenhuma outra. Imagine-se sem sua mãe ou seu pai.

É como se uma cratera acabasse de se abrir embaixo de você, e você fosse sugada para debaixo da terra, e todo o peso da terra, estivesse em cima de você.

- Não chora loirinha. Você não tem ideia de como isso corta o meu coração - falou Isaac se sentando do meu lado e me abraçando.

Do que adiantava dizer aquilo? Nada ia fazer meu coração parar de doer.

- Não é tão fácil parar de chorar quanto parece.

Ele ficou calado. Depois de alguns segundos, disse:

- Deus só te dá, o que você sabe suportar. O que você não suporta, Ele não te dá.

- Nossa! - exclamei em meio de um misto de choro e riso - Então eu devo ser bem forte - falei com certa ironia, porque a última coisa que eu sou é forte.

- Esse é o problema. Não podemos nos subestimar, não temos ideia da força que existe dentro de nós.

- Mas meu mundo está desabando. Está tudo...

- Não importa! - enterrompeu-me me abraçando de lado - Não importa se seu mundo está desabando, você não pode desabar junto com ele.

Retribui agora de verdade seu abraço. Fiquei de frente para ele, e enlacei meus braços por seu tronco e ele por meu pescoço.

- Sabe de uma coisa? - sussurrei em seu ouvido.

- O que?

- Me disseram, que um dia alguém especial me abraçará tão forte, que todos os pedaços dentro de mim, vão se juntar novamente. Senti que esse momento foi agora.

Com isso, ele abaixou a cabeça e começou a beijar meu pescoço, traçando um caminho até meus lábios. Começou a me beijar de forma calma, como uma forma de reconforto.

Enquanto nossos lábios estavam unidos, enquanto nós estávamos nos beijando como se fossemos uma só alma, senti que o pedaço vazio no meu coração, estava se preenchendo aos poucos.

Não era passe de mágica, muito menos um pó de pilipimpim, era amor. Algo intenso, digno de ser vivido. Não sei se Isaac sente o mesmo, mas ele me faz querer viver. Ele faz eu me sentir viva. É algo surreal, que eu não troco por nada. Eu achava que sabia o que era amor, até conhece-lo melhor.

Após nossos lábios se desgrudarem, ele sorriu para mim e disse:

- É o que você faz na dificuldade, que determina seu futuro. Não faça sua vida parar por causa disso, porque enquanto você tiver vida, nada é perca de tempo, e nada é tarde demais.

- Obrigado pelo conselho. Apesar de ter dezoito anos, e quase não ter experiência de vida, você da conselhos como se fosse aqueles velhos carrancudos de sessenta anos que já quebrou a cara muitas vezes.

Ele abaixou a cabeça e começou a rir.

- Você é admirável! - falou me olhando com ternura.

- Igualmente! - respondi olhando-o da mesma forma.

Meu Infinito (SENDO REESCRITO)Onde histórias criam vida. Descubra agora