35 A Desilusão Continua

77 16 0
                                    

Aguentar a Jennifer pendurada no pescoço do Isaac por quarenta e cinco minutos em tempo vago, era além do meu limite.
Como era tempo vago, o professor de álgebra tinha faltado, fomos para a sala de jogos do colégio.
Sentou nos pufes, num canto do salão, eu, Jacob, Courtney e Alexia. E eu, tendo que aturar o velho grupinho de sempre do outro lado do salão: Isaac, Charlotte, Jennifer e Thomas.
Isaac estava sentado ao lado de Thomas conversando algo e Charlotte do outro lado retocando o batom vermelho. Já Jennifer, estava em pé, agarrando Isaac por atrás. Dando abraços e carícias no cabelo. Ele não retribuía o carinho de jeito nenhum, mas também não a afastava.
Eu estava logicamente vermelha de pura raiva explodindo pelos ouvidos!
- Calma amiga... - Courtney falou - Desse jeito, você vai rasgar meu braço.
De primera não entendi seu comentário, mas depois entendi. Courtney estava sentada ao meu lado e eu estava com a mão em cima de seu braço e estava apertando-o com toda a força. Tirei minha mão de seu braço.
- Sua unha está bem afiada hein... - Alexia falou vendo a situação e começou a massagear o braço de Courtney.
- Desculpa, mas é difícil encarar essa cena.
- Tudo bem... - disse Courtney - Eu te entendo. Não é fácil mesmo ter que encarar isso.
Ela apontou com a cabeça, para Diego em um outro ponto da sala, com uma garota da sala do Jacob conversando com ele e dando sorrisinhos meigos.
- Não se preocupe - reconfortei-a - Diego gosta de você, o que não é me caso.
- Ah para, ele gosta sim de você - falou Ale - Ele só está com raiva, por esse tal motivo que impediu vocês de se desculparem por cinco minutos.
Revirei o olho. Quando essa raiva passaria então?
- Não adianta. A sorte não está do meu lado - sibilei.
- Para de falar isso Luany - disse Jacob calmamente - Você ainda está na sua luta para a felicidade, não desista.
- Esse é o problema. A luta para a felicidade sempre foi acirrada, mas nem sempre ganhada.
Todos ficaram calados com o que eu disse e eu abaixei a cabeça, brincando com a costura da calça.
- O que me deixa mais chateada, é que Thomas, Diego, Rush, fizeram amizade comigo, e por causa do Isaac, eles ainda nem falaram comigo desde segunda quando Isaac disse que eu estava fora da banda. Já é sexta...
Foi só eu dizer isso, que aconteceu algo automático. Thomas se virou para mim, da onde estava sentado - ao lado de Isaac -, e começou a caminhar em minha direção.
- Posso falar com você? - Thomas perguntou.
Eu assenti e levantei. Seguimos até o lado de fora no pátio.
- Eu queria dizer primeiramente que... O lance da banda... Não foi culpa minha - olhei-o incrédula.
- Não parece, você é o líder. Qualquer decisão, tem que ter seu consentimento.
- Não quando a peça fundamental da banda ameaça sair...
Isaac. Falou que sairia se eu continuasse. Não há palavras para descrever o quão doloroso foi escutar isso. Ô vida injusta...
- Você preferiu ele do que eu...
- Calma, eu explico...
- Não precisa explicar. Eu entendo. Eu não era nada além de uma vocalista idiota. Já Isaac canta, toca e compôs. Se ele sair, está tudo perdido.
- Eu queria que você não ficasse brava comigo - falou abaixando a cabeça - Eu gosto muito de você... Quer dizer, como amiga, é claro... Só não quero perder sua amizade.
Aqueles intervalos dos ensaios da banda foram preciosos para nós dois. Para nossa amizade. Acabamos criando um laço dificílimo de desfazer-se.
- Não se preocupe, eu entendo. Só fico me perguntando como vou me apresentar agora.
- A única solução é sozinha.
- Mas como? Eu morro de vergonha. Com vocês tudo bem, mas sozinha... Não vai dar.
Thomas fez uma cara pensativa e falou:
- Eu posso te ajudar nos seus ensaios se você quiser. Você escolhe uma música, e marcamos um lugar para ensaiar. Eu te ajudo com os instrumentos.
Sorri abertamente para ele e o abracei.
- Obrigada. Vai me ajudar bastante.
- De nada. Os amigos ajudam uns aos outros.
- Mas vem cá... O Isaac... Está muito bravo comigo?
Ele desviou o rosto e começou a fitar o nada.
- Sim ou não?
- Sim.
- E você sabe o porque Thomas? - ele passou uns segundos em silêncio e respondeu:
- Sei - meu semblante se iluminou - Mas prometi guardar segredo - ele murchou novamente - Mas... Acabei de ter uma ideia.
Franzi o cenho.
- Que ideia?
- Amanhã as cinco na minha casa? Eu te explico tudo.
- Pode ser - sorri.
- Então... Está tudo bem entre a gente?
- Claro - falei sorrindo mais ainda. Ele me abraçou.
Começamos a seguir de volta para a sala de jogos. Quando abrimos a porta, eu notei que Isaac não estava mais lá.
Consequentemente, estar em um ambiente em que Isaac não estava, virava tortura. Cada segundo sem ele, é uma tortura e eu estou a semana inteira sendo torturada.
- Thomas, para onde...
Quando eu ia terminar minha frase, não senti mais meus pés no chão. Alguém tinha me pegado no colo por trás. Quando virei meu rosto, vi que era Diego.
- O que está fazendo seu doido?
- Me divertindo. Segura essa Thomas.
Como se eu fosse uma bolinha de papel, que pesava um grama, ele me jogou no ar e Thomas me pegou. E pelo o que pareceu uma eternidade, eles ficaram nesse joguinho de ficar me jogando no colo um do outro.
- Parem! Agora! Me coloquem no chão!
Quem disse que me escutaram? Continuaram.
Como estávamos perto da porta, vi Isaac entrando e mal medi meus pensamentos quando Thomas falou:
- Pensa rápido Harris.
E ele me jogou no colo do Isaac. Foi tudo muito rápido, mas eu vi como se tivesse sido em câmera lenta. Isaac jogou os livros que estavam em mãos no chão, e correu para tentar me pegar. Consegui cair nos braços de Isaac, mas ele me pegou de mal jeito e caiu no chão.
Minha queda foi amortecida por seu corpo, mas a dele não. Caiu com tudo no chão, e mesmo assim, não deixou de envolver seus braços em meu corpo em sinal de proteção.
Ainda no chão, ele sussurrou para mim:
- Você tá legal? - assenti.
- E você?
- É... Acho que no mínimo quebrei a coluna vertebral, fora isso, sim, eu tô bem.
Mordi a língua para não rir. Levatei de cima dele e ofereci minha mão para também ajuda-lo a levantar. Depois disso, encarei Thomas e Diego.
- Vocês não tinham brincadeira melhor pra fazer não?
Eles começaram a rir, e Isaac se afastou para fora da sala, já que o sinal tinha acabado de tocar. As pessoas iam passando por mim e me encarando curiosamente. Será que não já chega, ser o motivo das conversas do colégio? Mas um motivo para faze-los falar sobre mim. E Isaac.

Meu Infinito (SENDO REESCRITO)Onde histórias criam vida. Descubra agora