33 Tarde Demais (Isaac)

96 16 6
                                    

Ai meu Deus! Eu não tinha conseguido convence-la. Será que não estava claro que era tudo uma armação bem feita? Ainda não estava claro para ela que eu a amava? Que jamais a trairia?
Ela não pensou que se traição fosse o caso, eu seria idiota demais de levar Jennifer para o meu quarto, que estava na frente do dela?
Me senti um completo lixo. Vazio por dentro, meu dia não tinha mais sentido. Gritei com a Jennifer até ficar rouco. Não entendia como ela tinha entrado no meu quarto, e feito toda aquela cena. E para piorar, fez a Luany pensar que eu a tinha procurado.
Sexta tive a obrigação de ir para o colégio. Luany não estava lá. Dava para imaginar como ela estava. Destroçada. Mas não tinha sido minha culpa caramba, ela que não acreditava em mim. Ela não acreditou em nada do que eu disse.
Quando cheguei na escola, fui correndo para falar com Alexia e Courtney, as melhores amigas da Luany. Dei sorte por elas terem entendido minha situação, eu estava em completo desespero, quase chorando. Elas me prometeram me ajudar, e iriam falar com ela.
Final de semana foi um sufoco. Passar um dia sem falar com a Luany, acabou se transformando em missão impossível. Porém, ela não deixava isso acontecer. Ficava me evitando dentro de casa, e nos momentos que eram inevitáveis nosso encontro, ela me olhava com raiva, enquanto eu suplicava compreensão com o olhar.
Nossos ensaios com a banda, não podiam ser piores. Sentia que ela cantava por obrigação, só para não furar com a gente. O que me doía mais, é que ela parecia ser tão forte, nem parecia estar ligando para nosso afastamento. Tanto que na segunda, estava mais desanimado que o comum, com a ideia de que ela não ligava mais para nós dois na cabeça. Não adiantava falar com ela, ela não me escutaria mesmo.
Já no início das aulas de segunda, pedi para o Carlos, para fazer a prova de inglês mais cedo. Expliquei que não me sentia muito bem, e não menti, era verdade. Estava acabado emocionalmente. Luany já fazia parte do meu eu, isso não mudava mais.
A raiva se acumulou por completo dentro de mim, quando o Jacob Wolff foi falar com ela. Pelo abraço que eles deram, parecia que eles tinham voltado a se falar. Aquele cretino estava se aproveitando da situação. Devia estar enchendo a cabeça da Luany de minhoca.
Na hora do almoço, nossos olhos não se desgrudavam. Ela me olhava com rancor e ódio, e isso me machucou demais. Achei que finalmente tinha a conquistado, e na verdade eu tinha, entretanto, fomos vítimas de uma armação. A única coisa que eu queria que a Luany enxergasse. Que foi tudo uma armação!
Sim, fui mais cedo para casa. Entrei no meu quarto, e finalmente pude deixar rolar as lágrimas que eu segurava o dia inteiro. Tomei um banho quente e atravessei o corredor entrando no quarto da Luany.
Abracei suas coisas. O travesseiro onde dormia. Cheirei suas roupas. Inspirei fundo aquele cheiro inebriante de morango e jasmim. Como ela fazia falta. Três dias longe dela, por um motivo equivocado, estava me levando a loucura.
Decidi esfriar minha cabeça. Descer para o jardim, fazer uma longa caminhada por entre as flores e pensar em uma estratégia, de trazer a Luany de volta. E foi isso que eu fiz.
Caminhei no jardim, pelo o que pareceu um eternidade. Sentei embaixo de uma das mangueiras. Fitei o nada. Cogitei hipóteses. O sol já estava se pondo, o céu ganhava uma cor alaranjada. Resolvi por fim, fazer uma última caminhada em volta da casa pelo jardim, até voltar para o meu quarto e me trancar lá.
Enquanto caminhava, entrei em transe de desespero por pensar em algo: E se a Luany nunca se tocasse? E se ela nunca se convencesse que eu não a trai? Isso me corroeu.
Estava decidido a ir para o meu quarto, quando avistei de longe uma coisa pequena, camuflada na grama, que chamou minha atenção. O minúsculo objeto refletia na pouca luz do sol, fazendo tudo em volta brilhar.
Me aproximei aos poucos para analisar melhor e descobrir o que era. Me surpreendi severamente enquanto abaixava, pegava e identificava o objeto. Era um anel... O anel que eu dera a Luany.
Peguei o anel e analisei-o. Achei incrível como ter achado o anel ali, teve a capacidade de me mutilar por dentro. Ela tinha jogado fora? Por impulso olhei para cima. Estava embaixo da sacada do quarto dela. Ela tinha jogado pela sacada? Era a única coisa que tinha lógica, a ser considerada.
Droga, ela tinha jogado fora. Nem me importei com a forma, apenas com a dor que eu sentia. O que eu fiz de errado? Corrigindo, porque ela acha que eu fiz algo errado?
Guardei o anel do bolso. Aquilo significou apenas uma coisa: Luany não queria mais nada comigo. Eu não posso ser o bobo, e esperar quem não me quer. Ela jogou fora aquele anel. Eu não estava preocupado com o valor dele, quanto me custou, não, não era isso! Era o valor que ele tinha para nós dois.
E agora eu sabia, que ele não valia mais de nada. Estava começando a sentir raiva da Luany. Se é assim que ela quer, assim será. Aquele anel jogado fora doeu mais que um tiro no peito. Agora tinha me tocado como magoou.
Eu estou tranquilo comigo mesmo, com a consciência limpa, só espero que no dia que ela descobrir que estava errada, não venha atrás de mim pedir desculpa. No dia em que isso acontecer, estarei pronto para dizer que é tarde demais.
- Isaac! - soou uma voz atrás de mim.
Nem precisava virar para saber de quem era a voz. Luany! Virei-me para ela, que se aproximava de mim. Olha... Esse dia chegou rápido. Ouso dizer que estou prontíssimo para dizer que é tarde demais.

Meu Infinito (SENDO REESCRITO)Onde histórias criam vida. Descubra agora