Reencontro 1/2

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Bom pessoal sei que falei na quarta, mas sério foi tanto flode no feed que decidi por logo, e também porque hoje é aniversário da minha leitora sempre tão amorosa  que pediu um presente e ai está minha querida marci, parabéns pelos seus 24 aninhos. Pessoal espero que gostem :D 

Me assustei com a surpresa, meu coração disparou e me senti encolher e por mais saudade que eu sentisse dele, agora temi o confronto, a maneira como ele ficou e reagiu não me sairá da cabeça desde aquele dia, ele se aproximou devagar, parecia ter o mesmo receio do confronto que eu, tinha se banhado já, e eu sabia que tinha usado aquela essência para que eu lembrasse quem ele era, o seu cheiro que eu mais gostava, era esse que ele usava quando me resgatou da floresta, e era o mesmo que usava quando me agarrei a ele na biblioteca pedindo socorro, senti meu coração pequenino, seu perfume de sândalo tão importante para mim e para minha paz de espírito, mas naquele momento sua presença fez acelerar meu coração, não sabia como seria a conversa e como ele estaria, mas mexeu comigo sua presença e era tão estranho, porque esperei tão ansiosa que ele acordasse.

— Diana?— Ele abaixou devagar ao lado da cama deixando o rosto na direção do meu e eu escondi o rosto no travesseiro e falei baixo.

— Vá embora Nicolae, por favor. 

Não era isso que eu queria dizer, mas saiu automático, pela primeira vez eu não sabia como agir perto dele, mas não consegui ficar sem olhar, queria ver se ele estava bem e quando levantei a cabeça encontrei seus olhos, e vi ali a expectativa, receio, mas também havia alívio neles, baixei o olhar novamente e me apertou o coração quando ele falou em um sussurro demonstrando expectativa e mágoa.

— Está com medo de mim? Nunca lhe faria mal, pequena olha para mim, levantou meu queixo me fazendo encara-lo e falou com tristeza e ansiedade. — Não me odeie pelo que viu na floresta, não fique assim comigo, eu me entreguei a caça quando senti o seu desespero e não suportei ver aquilo, quando ouvi seu grito eu perdi completamente o resto do controle que tinha e deixei a ira me dominar, mas nunca machucaria você, acredite em mim, nunca te faria mal.

Sua voz tão ansiosa por explicar me dava mais tristeza, eu balancei a cabeça negando, como ele podia pensar que eu estava com medo dele quando na verdade eu estava com vergonha por tudo o que ele tinha visto? Eu me sentia suja, me sentia indigna, meu orgulho ferido, pois estava nua lutando para não ser invadida por um porco, tudo de mais escondido eu tinha mostrado ali enquanto lutava, e o mais doído era ser ele em particular ter me visto daquele jeito, pensar nisso me afetava de uma maneira que eu não conseguia entender.

— Tem nojo de mim não é Nicolae, aquela deve ter sido uma cena horrível pra você, o jeito que você reagiu.

Ele estalou a língua em desagrado e deitou devagar na cama ao meu lado, ficando de lado na cama e de frente para mim, ficou com o rosto perto do meu, quase sem se mexer me analisando com calma, eu poderia jurar que ele procurava alguma diferença em mim, ele estava preocupado, eu o conhecia bem para saber disso, levantou a mão e tirou as mechas de cabelo do meu rosto falando baixo, naquela distância me senti inebriar pelo cheiro de menta e sândalo, um onda perpassou pelo meu estômago e era a primeira vez que isso acontecia ao sentir sua proximidade, não era incômodo era... nervosismo?

— Nunca vai deixar de ser tola não é? Sempre vai achar que nos baseamos por costumes humanos, meu único medo foi você se perder, se fechar ao mundo, se fechar para mim, não sabia como você estava e imaginei o pior.

Ele suspirou ainda me olhando fixamente. — Ele te feriu muito?

Neguei com a cabeça sem tirar meus olhos dele, estava lindo naquela posição tão pertinho de mim. — Não graças a vocês.

— Ele travou o maxilar enquanto olhava para mim, eu sabia que ele estava desesperado para perguntar, não ia adiantar, ele precisava saber.

— Não chegou ao fim, você evitou isso. — Olhei para ele. — Obrigada por isso.

Ele fechou os olhos aliviado. — Graças ao eterno cheguei a tempo.

— Iria me odiar se ele tivesse conseguido?

Ele franziu o cenho indignado. — Como pode perguntar isso? A mulher nunca é culpada quando um abuso acontece, o homem é Diana, nunca esqueça isso, e eu iria é odiar a mim mesmo se isso tivesse acontecido, sei o trauma que você sofreu quando presenciou todos aqueles estupros e nunca me perdoaria se ele conseguisse ter violado você, apesar de não deixar de ser algo muito parecido o que sofreu aquele dia também, mas se tivesse acontecido... — Ele falou o resto em um fio de voz como se estivesse lembrando. — Eu morreria pequena.

— Porque ficou tão abalado?

— Porque de tudo que podia te acontecer isso seria imperdoável, justo você sofrer isso na pele... eu não suportei ver o que te faziam, porque sua dor é minha também, sempre me afetará suas dores e seus medos, entenda isso e sempre irei vingar os que te machucarem, será sempre mais forte que eu.

Fique pensativa, me sentia um pouco mais tranquila, um peso grande saiu de meu peito, seu olhar para mim mudou, ele me olhou com ternura deixando um meio sorriso bobo nos lábios e eu amoleci com aqueles olhos orgulhosos apesar de não saber o motivo de estar me olhando dessa forma.

— Estou muito feliz em ver como você está forte, fiquei com receio de encontrar uma Diana transtornada pelo medo, e olha você aqui, nunca me perdoaria se você voltasse e ter medo como antes.

O abracei, esse era o meu Nicolae de volta, e ele se ajeitou na cama, beijou minha testa e rodeou os braços me puxando para ele, mas eu queria tirar aquele olhar preocupado que teimava em ficar e só agindo como se não tivesse me afetado que eu conseguiria isso.

— Só foi dor de cabeça para vocês essa minha ideia de se infiltrar no reino Humanis, me culpo por tanto transtorno.

— Não sofra com isso, muita coisa boa aconteceu também, se não fosse isso jamais teríamos descoberto sobre as sombrias que são mantidas prisioneiras e também não teríamos as meninas na mansão, apesar de tudo, coisa boas aconteceram com isso, sossega pequena.

Eu sorri, ali estava ele vendo o lado bom de tudo, mas nesse ponto era verdade, havia muitas mulheres sendo cortejadas, então animada contei a ele as novidades sobre elas, o que vi enquanto ele dormia.

— Fui com Dimitri duas vezes na mansão do irmão Lucas, e ficamos de longe vendo a movimentação, achei tão bonitinho Nicolae, ver eles ajudando as moças com as tarefas diárias, jardim, estufas, pomar, alguns estavam até nos parreirais ajudando os humanos e havia grupos delas com muitos deles contando histórias, sentados na varanda tranquilos e na segunda vez ouvimos músicas e até mesmo risadas lá dentro, elas estão se adaptando bem, não quisemos aparecer por lá, porque Dimitri achou que Rael não ia gostar de saber que os interrompemos, mas mesmo de longe gostei muito do que vi.

Nicolae sorriu pegou minha mão que descansava em seu peito, levou a boca ficando a brincar com meus dedos, os passando em seus lábios pensativo então começou a falar.

— Posso dizer que em um ano ou pouco mais teremos nossos primeiros sombrios da nova geração andando por ai, agora elas estão basicamente confinadas na mansão com os irmãos sombrios lhes fazendo toda a corte, enfim há esperança minha pequena, há esperança.

Ele ficou distraído ainda brincando com meus dedos, costumava fazer isso sempre antes, mas agora me senti ansiosa com o gesto, ele continuou a falar ainda os passando por sua boca um a um devagar e sinceramente não prestei muita atenção ao que ele dizia, fiquei meio hipnotizada com seu gesto tão antigo, mas com sensações tão diferentes de antes.

Ops tem mais, tive que dividir em dois, mas não vou ser muito má dessa vez, vou por o outro logo.



Tratado dos Párias- Príncipe CaçadorOnde histórias criam vida. Descubra agora