Aquariana. Uns 2 anos mais velha. Quesito simpatia: nota dez! Quesito luxúria: nota onze! Ela é daquelas poucas mulheres que ainda usam cabelos cacheados e volumosos. Rala bastante, corre atrás do dela. Vive me chamando de velho e de chato. Riamos bastante sobre isso, já que sou mais novo. Ela é sincera, meiga, apaixonada pela vida. Educada e direta em todas os sentidos. Muito fogosa, não tem a mínima pretensão de esconder quando a libido aumenta. Um pouco mais baixa que eu. Branquinha. Eu adorava aperta-la, não só pra ver as marcas, mas porque é incontestavelmente gostoso. Ela tem uns quilinhos a mais, mas não se limita a pensar que é menos atraente por isso. Toda mulher gordinha já devia saber que é o tipo de mulher que é fantasia secreta de nós homens. Poucos admitem, mas as gordinhas são sensacionais na cama! Ela, no caso, é muito amiga de uma antiga paixão. Cachinhos é como costumava chamá-la. Nos conhecemos num barzinho. Rimos, dançamos, conversamos e rolou. Depois disso, sempre após a correria de um dia cheio de trabalho eu costumava buscá-la para deixá-la na sua casa. Embora, pra mim sempre houvesse outra etapa, outra correria depois do trabalho, era muito gostoso ir de encontro a ela e, em algumas raras vezes, subir pra um banho regado de carícias (antes ou depois do banho). Ao sair do estágio eu ainda enfrentava mais 4 horas maçantes de aulas. Já saia do escritório louco por um banho. Descia solidariamente a ponte Costa e Silva, por volta das 18h45 rumo ao setor de clubes sul, para busca-la. Fiz esse percurso poucas vezes, porém, quando estávamos indo embora juntos, eu passava pelo engarrafamento da via do Zoo sem me dar conta o quão parado estava. Não sei dizer ao certo, mas acredito que a viagem do fim do expediente se tornava mais breve por ser mais interessante. Quando a encontrava ela me recebia com um lindo sorriso e um beijo carinhoso. Ao longo do caminho a gente falava sobre tudo, sobre como fora o dia no trabalho, as poucas e engraçadas reclamações que sempre existem, um pouco disso, outro pouco daquilo, mas sempre sem deixar faltar um pouquinho de sacanagem também. Durante nossas pequenas viagens, suas pequenas mãos me procuravam suavemente, me provocando e me tirando a atenção. Eu realmente não sei como nunca bati o carro durante essas suas brincadeiras. Essa mania dela sempre deixava desconcertado, sem conseguir dar a devida atenção para o trânsito.. ou sem saber se essa atenção devia ser somente dela.
Certa vez, em uma tarde nublada, numa dessas viagens comuns de fim de expediente, durante o engarrafamento de sempre, nós conversávamos sobre um assunto qualquer enquanto sua mão relapsa deslizava entre as minhas pernas. Não me lembro sobre o que falávamos, mas sugeri que ela tirasse meu cinto pra que a gente ficasse mais a vontade. Sua reação foi ótima. Enquanto eu dirigia ela desprendeu meu cinto de segurança e com uma certa dificuldade abriu meu cinto e o botão da minha calça.. correu levemente seus dedos abrindo o zíper e desabotoou os últimos botões da minha camisa, que antes estava por dentro da calça. Àquele ponto, a reação dela a minha sugestão realmente estava me agradando muito mais do eu esperava. Com receio (ainda não sei bem porque) de que alguém percebesse a cena, já que os vidros do meu carro eram claros (e isso eu já resolvi) ela me cobriu com seu casaco “escondendo” a brincadeira dos possíveis observadores. Enquanto o clima ficava mais gostoso a gente discutia se dava pra rolar um “algo mais” naquelas circunstâncias. O trânsito não estava parado, mas estava devagar. Coloquei o carro na faixa do meio e mantive a velocidade enquanto ela se ajeitava no banco do carona. Quando senti seus lábios me tocarem, um calor gostoso tomou conta do meu corpo. Uma brincadeira talvez perigosa. Um fetiche, uma fantasia, minha ou dela eu nem sei. Mas algo realmente enlouquecedor. Enquanto ela nos divertia com a sua brincadeira inusitada, eu abri levemente os vidros, pois já estava suando e cada vez que ela descia um pouco mais sua boca eu suspirava mais forte, estava difícil de me controlar.. minhas mãos vagueavam sobre os cabelos dela, seus cachos, os cachinhos.. que eu tanto adorava ver bagunçados e caídos sobre o suor do seu rosto todas as vezes que nos encontrávamos. Ela me devorou com capricho, indicando sua empolgação.. A viagem foi mais rápida do que eu imaginava e antes mesmo que ela terminasse a brincadeira já estávamos no Guará. Dessa vez adiamos o fim. Não era incomum começar e ter que terminar depois. Certos compromissos não me davam outra alternativa já que faziam parte da minha vida.
Um fato curioso e acho que também um fator psicológico: durante o seu primeiro orgasmo comigo eu estava usando meias. Isso mesmo. Meias! Apenas meias. A única peça de roupas que ela fez o favor de exigir que eu tirasse. Chegou a dizer que era broxante transar com alguém de meias. Há! Que superstição. Não se olham os pés de quem você está sentado no colo. As meias devem ser o detalhe que vocês, mulheres, menos deveriam notar. Claro que estou generalizando, afinal a cena pode realmente não ser linda: um homem nú, de meias, mas esse detalhe, em dadas vezes, e aí entra o fator psicológico dela, tornou-se peça chave durante os seus orgasmos mais fortes. Eu sempre estava de meias. Apenas meias. Embora esse fato curioso não tenha acontecido sempre, chegou a se repetir algumas vezes. No fim de tudo, ao se recuperar, ela deitava ao meu lado com poucas forças, sua boca gostosa e rosada me tocava e ela me abraçava com carinho. Seus olhos luminosos e ressaqueados cativavam minha atenção. E só aí ela percebia que eu estava usando meias, quando seus pés tocavam os meus. A gente ria disso. Esse prazer que ela me proporcionava sempre acabava com o mesmo ritual. Quando ela me prendia em um abraço pulsante de braços e pernas, onde não havia descanso até chegarmos ao fim. A minha resposta era um abraço apertado e vários beijos demorados.
Contentamento, delícia, malícia. A maravilhosa lembrança de vê-la sorrir. Que sorriso lindo! Manhosa, esperta, gostosa e desinibida. Acho que na nossa transa mais intensa esse fato foi irrelevante. Não haviam meias, não haviam roupas. Só o prazer. Nos lembrando constantemente porque buscávamos aquela sensação agradável, nos deleitar com essa loucura. Foi durante uma tarde chuvosa de domingo, na sala do seu apartamento. Suas amigas haviam saído e estávamos à toa agarrados num daqueles sofás-camas que quando a gente abre vira um colchão. Entre conversas amenas, e demais mazelas, nós nos prendemos entre abraços e beijos aumentando ainda mais o desejo e a vontade de fazer loucuras. São essas loucuras que nos levam aos momentos mais intensos da nossa existência onde as palavras nem sempre cabem. E nessa tarde o que se ouvia, se é que alguém nos ouvia, eram apenas gemidos, sussurros só nossos, vez ou outra um gritinho de empolgação que ressoava. Nada incomum pra mais um dos nossos encontros de prazer. Nossos corpos interagem em ondulações vigorosas, ela me alucinava com o frescor do seus beijos e os seus lábios quentes. E que lábios quentes! Me dizia sempre que meu beijo a deixava excitada, mas na verdade era a sua boca que me deixava maluco. A sensação do que ela sentia com meu beijo era só uma transmissão do que eu queria lhe passar. Prazer! Desejo! Tivemos mais de uma rodada de sacanagem intensa. Sexo sem nexo, saudável, safado, gostoso.. Achava lindo apreciar as reações do seu corpo durante nossos orgasmos. Os olhos luminosos, o rosto corado, as mãos me apertando e as suas unhas cravando em mim. Aquela sensação maravilhosa. O deleite, o gozo, o agrado do corpo a corpo.. Era tudo que a gente sentia num só beijo.
Entre um e outro fato específico, o que me deixava mais maluco e empolgado durante nossas transas era colocá-la deitada de bruços enquanto beijava e acariciava suas costas, mordendo suavemente sua nuca, o que a fazia gemer. Como não podia ser diferente, ao sentir o calor do seu corpo maravilhoso e macio, repeti tal gesto. A cena dela mordendo o lençol enquanto eu sentia o cheiro dos seus cabelos perfumados não sairá da minha mente. Nossos suspiros cada vez mais profundos e a pulsação mais forte evidenciavam o êxtase e nos impulsionou em direção à outro mundo. Não percebemos logo, mas o prédio estava se desmanchando em água e a gente enrolado um no outro sem dar conta que o mundo podia acabar que a gente não ia nem ver. Os vizinhos bateram na porta algumas muitas vezes antes que percebêssemos que já estava na hora de fazer uma pausa. Mais uma vez era hora de interromper o prazer.
Felizmente tivemos outras chances de repetir e de chegar até o fim. Mas, hoje o único alimento que pode saciar os prantos desse prazer intenso é a lembrança. Não sei bem de onde começou essa minha distância. Disse algumas vezes que podia nem voltar, aquele velho jargão cafajeste antes de ir embora “Ei, vê se não se apaixona..”. Era o segredo versus a certeza. Era nossa vontade sem vergonha de se experimentar. Nossas conversas desde o começo pareciam um texto, com uma importância de certa forma fundamental, onde as palavras vinham ao lume com ausência de autoria. Eram um bilhete de amantes. Não sei bem o que aconteceu. Acho que o encanto acabou. “E quando acaba o encanto meu caro.. Acaba tudo.” .
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contos que te conto
Short StoryEstórias contadas por um homem que aproveitou sua mocidade se entregando aos prazeres da vida e que hoje não passam de lembranças.