conto 5

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Nunca gostei de trabalhar em escritório. Ainda não sei porque cargas d’água to fazendo Administração. É sério mesmo, sinto uma sensação horrível ao ficar o dia todo de terno e gravata atrás de uma mesa assinando processos, redigindo contratos, lendo e-mails de trabalho. Gosto mesmo é de ficar no meio da “oreada” da bagunça e da muvuca. Por isso amei ter trabalhado como voluntário na Secretaria de Desenvolvimento, na verdade até hoje ainda colho bons frutos daquele tempo.. e que tempos! Aprendi bastante, a gente sempre aprende! Conheci muita gente, gente muito boa e outros nem tanto.  Minha época de voluntário foi um máximo -de bom e de ruim-! Ajudar as pessoas.. Huhull!! Mas nem tudo são flores.. todos os voluntários e voluntárias que é a parte que aqui interessa eram transportados amontoados e apertadosem vans ou combis. Sempre estive ali no meio da galera mas sem me envolver muito. Ficava ali brincando, conversando, observando. E como é de se esperar alguém sempre nota também. E apesar de toda dificuldade tudo era uma folia só.. mulher no colo de homem, homem no colo de mulher, gente cantando música, gente cantando gente, algumas vezes trabalhávamos até de noite, mas todo ônus tem seu bônus! Em um certo dia de trabalho no Núcleo Bandeirante bem ali mesmo, perto do setor motéis mas não neles uma das voluntárias me disse que tinha uma coisa pra me contar. Falou com um certo ar de interesse, daquele jeito que quando a gente vê sabe o quanto sugestivo é. Mas disse que queria falar só quando ficássemos à sós… 

-Sós?! Mas nunca ficamos sós! 

Pensei.

Foi provavelmente uma das coisas mais inusitadas que já vi. Ela só queria me contar que apesar do interesse existente tinha que me dizer que a amiga dela estava muito afim de mim. Pasmem! Era só isso! Porque não ficar com ela né?! Porque não ficar com as duas ué?! A amiga dela era uma morena baixinha, seios pequenos, cintura fina, bunda grande, coxas firmes, olhar safado, que adorava as sacanagens que eu falava. Nunca me abstive de falar bobagem quando estava com a galera. E daí vinha o seu interesse e o das suas amigas.. sexo sacana! Se soubessem o quanto sou um cara “comportado” ..heeeê! Mas elas souberam. Depois da segunda vez que a levei pra minha casa, ela passou a contar tudo que fazíamos para suas amigas. E, de quebra, aquela voluntária que havia falado do interesse da outra, sempre vinha me perguntar se era verdade, se era tudo aquilo daquele jeito mesmo. Perguntava com detalhes que sinceramente ainda nem sei como detalhar aqui. Eu, muito modesto que sou, não confirmava nada, mas também não podia negar a verdade. Dei crédito pra que ela pudesse matar a sua curiosidade, causada por uma pontinha de inveja da sua amiga que deveria ser a única usuária desse produto aqui, mas insistia em fazia uma grande propaganda. Num dia de folga, estava lá eu, saindo tranquilamente da padaria, andando em direção ao meu carro quando encontro: a amiga curiosa! 

-Opa, como vai a tarde de folga?

-Bem e contigo?

-Bem também.

Conversamos parados ao lado do carro. Eu ainda segurava os pães e um refrigerante. 

-E aí, recebendo visitas?

-Não é ninguém de diferente não..

-É nossa amiga?

-Não.. ela foi pra casa de uma tia ou algo assim.

-To louca por um bom banho, ta um calor infernal..

Fingi não entender a indireta..

-Bem, eu acho melhor eu ir.. aproveitar o meu finzinho de folga, ta calor mesmo! Esse sol não te incomoda?

-Claro que incomoda! Cê tem mesmo que ir?

-Não, não tenho, mas o frio do ar condicionado é melhor que o calor desse dia ensolarado.. cê num acha? Posso te dar uma carona, ta indo pra casa?

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