4 - Paul

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Narrado por Paul.

O primeiro dia de aula passou em um piscar de olhos. E como sempre, foi aquela coisa chata de apresentação de alunos novos e professores. A única pessoa nova que talvez tenha me surpreendido um pouco era a Marie, que retornara a cidade sem mais nem menos. Mas pouco me importa. Já refiz minha vida e ninguém vai estraga-la de novo.

Sempre que me lembro que eu tinha tudo, antes do desaparecimento de Emily, me da um aperto no estômago. Eu tinha amigos sinceros, uma namorada que eu amava e que me amava, tinha basicamente uma vida estável e verdadeira. Agora, tudo mudou. Tenho uma namorada que só esta comigo pela popularidade, amigos que só estão comigo pelo mesmo motivo, uma família instável e uma vida de aparências. Está tudo definitivamente um caos.

Quando vi Jenny em minha sala, senti um frio no estômago em que jamais senti por Suzie. Ela possuia uma expressão vazia e calma. Não a via desde o final do ano passado, e não havia mudado nada.

Quando as aulas acabaram senti um alívio momentâneo, pois vi Jenny, Marie e Connor conversando com preocupação aparente. Senti uma saudade inexplicável. E ao mesmo tempo uma sensação de traição por se juntarem novamente sem me chamar. Me sinto na obrigação de escutar a conversa.

- (...) Nos vemos as 15:30, então. Na casa!

Achei que havia escutado errado. Como assim? A casa abandonada? Eu iria investigar.

- Pauuul!

Suzie! Tinha que despistar.

- Oi, minha linda! - a cumprimentei com um selinho.
- Tarde de filmes em minha casa hoje?
- Puts, não vai rolar!
- Por que?
- Bom... - pensa rápido, merda - tenho um trabalho de... - senhor, estamos no começo do ano. Deu vontade de me socar. - do curso de inglês! - boa.

Ela ergueu uma sombrancelha, desconfiada.

- Hum! Então a gente se fala por mensagem mais tarde.

E saiu.

Fui para minha casa me arrumar e fazer a lição de inglês, já que essa parte não foi uma mentira total.

Deu 15:20 e eu parti rumo ao local abandonado, que ficava a sete minutos de caminhada da minha casa.

Cheguei e os vi em frente a casa entrando. E fui espionar pela janela.

Tudo estava exatamente como havíamos deixado. Desde a posição do sofá, até os jogos espalhados na estante.
Algo me chamou atenção, e assim que percebi, Jenny pegou, abriu e explorou a pequena caixa de lembraças. Me lembrava muito pouco do que havia ali. Algumas cartas de amizade, fotos de recordação e alguns objetos que não pude deduzir.

Jenny pegou um envelope desgastado pelo tempo e local. Assim que abriu me lembrei na hora. A carta. Que eu havia escrevido uma semana antes da tragédia. A carta que eu havia jurado amor eterno. Quando ela começou ler em voz alta, senti meu corpo todo como se estivesse derretendo. Quanta coisa havia ocorrido.

De: Paul.
Para: Jenny

Meu amor,
Sei que somos muito jovens para compreender o amor, mas depois que te conheci compreendi coisas inexplicáveis.
Quando ler está carta, espero termos lá pelos 18 anos e quase casados. Sei que meu amor é eterno. E se algum dia ficarmos separados lembre-se: o que é eterno e sincero sempre volta de uma forma ou outra. Te amo muito, muito, muito!
Para sempre seu!

Guardei a carta para que no futuro pudéssemos ler juntos. Mas tomamos rumos diferentes. Ela pegou a carta e guardou no bolso, sentou no sofá e começou a se debulhar em lágrimas.
No começos lágrimas tímidas mas depois chorava como se não houvesse mais motivo para sorrir. Senti vontade de consola-la mas lembrei que eu era o motivo de sua dor. Meus olhos ardiam.

Eu tinha sido um tremendo filho da puta. Abandonei quando ela mais precisava. Se eu pudesse voltar no tempo teria feito tudo diferente.

Marie pegou uma carta em algum canto que não vi pois estava distraído. Leu em voz alta mas não soube distinguir suas palavras. Os três se entreolharam com uma expressão de tristeza, angústia e medo. Fiquei um tanto curioso para saber o que havia naquele papel.

Ouvi um barulho conhecido. Meu celular! Havia recebido mensagem. E pelo visto não fui o único a perceber.

Os três olharam para a porta ao mesmo tempo assustados.

Droga! Quando eu ia conseguir ser discreto?

Era Suzie mandando boa tarde.

Praguejei mentalmente por não haver onde se esconder. Congelei no lugar.

Mas pra que? Por que eu simplesmente não saí correndo? Por que eu não conseguia me mexer? Mas agora era tarde demais.

A porta se abriu.

***

*O* voltei amigos!
Sentiram saudades? Espero que sim kkkk
Voltei e espero que seja para ficar! Não desistam de mim, por favor.
Sei que foi um capítulo curto, mas foi só mais para anunciar meu retorno. O próximo é da Marie (finalmente) e pode haver mais surpresas. Até o próximo!
Leh ❤

O Terrível Caso de Emily Katzen (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora