Capítulo 8.

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Não sei o que responder, pois sou hipnotizada pelo seu par de olhos azuis.      

Olhos cintilantes. Brilhantes como as estrelas e azuis como o mar.

-Você está bem? Por favor, responda logo. –diz o garoto, que, pelo modo que fala, parece irritado.

Eu deveria estar irritada e não ele. Não foi ele quem perdeu uma prova super importante. Fui eu. Então tenho todo o direito de ficar nervosa, ao contrário dele. Que, na verdade, devia estar me socorrendo.

-Eu estou bem. –indago.

-Tudo bem, então você pode ir embora sozinha não é? –pergunta. Fico de cara no chão. Essa pergunta é a mais idiota que eu já ouvi em toda a minha vida.

Não sei o que responder, somente franzo as sobrancelhas. Logo depois, o garoto se levanta, pega sua moto do asfalto e diz:

-Quer carona? Se sim, sobe ai. –fala, me entregando o capacete. Recuso.

-Eu sei o caminho de casa.

-Olha, eu não quero me ferrar por causa desse acidentezinho, então sobe logo ai. –agora me jogando o capacete.

Como eu sei que meu irmão tagarelaria na minha cabeça sobre esse incidente durante uma semana, coloco o capacete na cabeça, sentido dor nas costas, e subo na garupa, como o garoto pediu. Ou melhor, mandou.

Não gostaria de estar ali, realmente, não queria estar. Me sinto forçada a fazer algo, coisa que não suporto. Eu odeio que me forcem a fazer algo que não gosto. Me sinto inútil, e essa é uma das piores coisas. Eu deveria ter gritado, dado autoridade. Mas não. Simplesmente peguei o capacete e montei na garupa da moto, sem questionar.

Talvez eu precise mesmo descansar um pouco.

Ele liga o motor e logo estamos em movimento. A velocidade é rápida, o que me deixa desconfortável.

Seguro na parte de trás da moto, pois não quero apertar a cintura de um estranho. Principalmente um estranho patético.

-Onde você mora?

-O que? –pergunto, porque não consigo ouvir direito.

-Onde é sua casa, garota? –grita.

-A alguns quarteirões daqui. –afirmo.

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Logo estou no portão de casa. Finalmente, penso.

Entrego o capacete ao garoto. Ele a coloca sobre a moto e me acompanha, o que eu desconfio.

-Tudo bem, você já me entregou. Pode ir embora. –digo, curta e grossa.

-Eu vou assim que falar com seus pais. Cadê eles? –fala, já invadindo minha residência.

Tento o impedir, mas minhas ações são em vão. O garoto quer conversar com meus pais, porém, eles não estão aqui. É provável que a Maga esteja, então já fico um pouco mais aliviada.

-Não, não precisa. –questiono.

O garoto, pelo que percebi, é bastante ignorante. Assim como eu, às vezes. Suas roupas são bastante chamativas. E não chamativas cheia de cores, ao contrário, são escuras e amedrontadoras, confesso. Um estilo que eu não costumo ver. Um estilo que demonstra como a pessoa está, e acho que eu deveria estar me vestindo de preto também, porque eu não estou nada bem, se quer saber.

Ele abre a porta e pergunta se tem alguém, e assim que ouve o barulho das escadas, se senta numa das cadeiras da mesa, confortável.

A cara da Maga fica um pouco assustada. Com certeza deve estar pensando em algo relacionado a mim. "Que belas influências."

-Olá, senhor...? –cumprimenta.

-Não sou senhor. Eu só estou passando aqui para pedir desculpas pelo acidente da sua filha. Eu não queria machucá-la, sério. Mas peça a ela, para não sair com a cabeça nas nuvens, isso não é bom. Ah, e meu nome é Théo. Se ela tiver quebrado algum osso, você me liga, daí a gente pode acertar as coisas. Agora eu tenho que ir. –diz. Ele diz e aperta mão da Margaret. Passa pela porta e vai embora. Simples.

Maga parece confusa. Tão confusa quanto eu. Ela quer explicações e eu tenho que dar. Mesmo que não queira. Mesmo que meu único desejo seja deitar e dormir por toda a eternidade, eu tenho que me sentar no sofá, de frente a Margaret, e explicar detalhe por detalhe.

Antes que sentemos, ela pergunta se quero um gole d'água. Recuso. Não quero perder mais tempo. Quero sair dali logo, não quero antecipar as coisas.

Assim que já estamos confortavelmente no sofá, Maga olha profundamente nos meus olhos. Um olhar materno. E mesmo sem pronunciar palavra alguma, sei que está na hora de eu explicar.

Como eu imaginava, Margaret faz milhares de perguntas. Por quê? Como? Mesmo que eu diga as mesmas coisas diversas vezes, parece que ela nunca entenderá, e perguntará tudo novamente.

Estou cansada, por esse motivo, peço licença e subo as escadas em direção ao meu quarto.



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