Capítulo 14.

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O domingo foi tranqüilo. Passei, praticamente, o dia inteiro dentro de casa. O que é bom, na verdade. Só saí pra comprar comida com meu irmão, mas não ficamos muito tempo fora.

Fazia tempo que isso não acontecia. Normalmente eu ficava na casa da Mira nos sábados e domingos, pois achava um saco ficar em casa em pleno final de semana. Realmente ainda é, mas nesse caso eu até que gostei. Esqueci como é maravilhoso conversar com Thomas. O domingo com ele foi o melhor que já tive, sem dúvidas.

Miriam me ligou algumas vezes para me chamar para sair, mas eu não queria servir de vela, ou melhor, tocha olímpica na frente deles. É um saco. Não tenho namorado pra levar comigo e formar um encontro a quatro, então o melhor que tenho a fazer é ficar em casa curtindo um bom filme.

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É segunda. Não tenho aula de geografia nesse dia, o que é um grande alívio pra mim.

Dessa vez não me atraso. Dormi bem no dia anterior, facilitando minha vida por hoje. Acordo até sorridente, eu diria.

-Bom dia, Maga. –cumprimento Margaret, na cozinha. Me sento na cadeira e tomo meu café sem pressa.

-Ah, a mocinha resolveu comer direito desta vez? Bom dia pra você também! –Ela aperta minha bochecha. Já pedi milhões de vezes para parar com esse hábito, mas é inevitável continuar insistindo.

Logo o ônibus buzina em frente a minha casa e vou pro colégio. Subo no mesmo e coloco meus fones. Uma ótima terapia é ouvir uma boa música.

A fase de gostar de bandinhas já deveria ter passado para mim, entretanto acho que sou atrasada até nesse quesito. Coloco "radioactive", de Imagine Dragons, para tocar. Fecho os olhos e ignoro todos que estão ao meu lado, prestando atenção na música.

"I'm waking up to ash and dust
I wipe my brow and I sweat my rust
I'm breathing in the chemicals
I'm breaking in, and shaping up
Then checking out on the prison bus
This is it, the apocalypse, whoa"

(Estou acordando em cinzas e pó
Enxugo minha testa e suo minha ferrugem
Estou inalando os produtos químicos
Estou invadindo e tomando forma
E então desço do ônibus da prisão
É isso, o apocalipse, oh)

Canto de acordo com a música. Em silêncio claro, não quero que achem que estou louca. Eu já sei disso, não preciso da opinião dos outros.

"I'm waking up, I feel it in my bones
Enough to make my systems blow
Welcome to the new age, to the new age
Welcome to the new age, to the new age
Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive
Whoa, whoa, I'm radioactive, radioactive"

(Estou acordando, sinto isso em meus ossos
O bastante para explodir meus sistemas
Bem-vindo à nova era, à nova era
Bem-vindo à nova era, à nova era
Oh, oh, sou radioativo, radioativo
Oh, oh, sou radioativo, radioativo)

Felizmente, ou infelizmente, não sei, o ônibus chega ao colégio. Percebo isso porque alguém me cutuca, pois eu estava de olhos fechados e com o som no último, não prestando atenção no caminho.

Desço e sigo em direção a minha sala, sem tirar os fones.

Me deparo com a Miriam correndo em minha direção, quase gritando:

-AMIGA! VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR! –Escandalosa como sempre.

-Fala o que houve logo, estou curiosa. –Vou direto ao ponto.

-TEMOS UM ALUNO NOVO NA NOSSA TURMA! E devo dizer... –Ela chega ao meu ouvido e fala: - Ele é um gato.

Reviro os olhos. Eu esperava algo mais interessante. Esses assuntos não fazem tanto o meu tipo. Mas comemoro para não parecer que não dei a mínima.

Nos sentamos num banco próximo a sala e minha amiga me entrega o seu caderno. Coloco na mochila para copiar depois. Dou apenas uma folheada nos papéis e vejo que tem muita matéria. Solto um suspiro só de imaginar.

O sino toca e entramos na sala de aula. Coloco tudo na mesa e aguardamos o professor de química chegar. Mas antes dele, aparece um garoto loiro, muito belo por sinal. Nunca o vi antes nessa escola, possivelmente seja o garoto que a Miriam citou antes da aula. O tal "aluno novo". Nada de interessante na aparência, digamos que é como todos os outros.

Ele senta na carteira do fundo, a única que ainda sobra. Sua aparência nerd não combina com a galera do fundão. Imagino que não é o lugar que ele gostaria de estar.

O professor chega e sem mais delongas, inicia a aula. Porém, antes de tudo, pede para o garoto novo se levantar e se apresentar.

Ele faz o que Sr. Marks pede. O menino se arruma e solta seu nome ao público. Todos arqueiam as sobrancelhas ao ouvir:

-Meu nome é Théo Rutherward. Prazer em conhecer todos vocês.








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