Capítulo 9.

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    Estou cansada, por esse motivo, peço licença e subo as escadas em direção ao meu quarto. 

   Théo.

   Então esse é seu nome. Belo nome. Belos olhos. Péssimas roupas.

   Realmente suas roupas eram terríveis. Mais pareciam trapos do que trajes. Calças com furos nos joelhos, jaquetas que possuem espinhos metálicos. Perfeito aos olhos dele, horrível aos meus. Mas não o julgarei, afinal, se ele se sente bem assim, por mim tudo bem.

   Confesso que sua atitude foi um tanto quanto grosseira. Caso não se lembre, Théo me atropelou e isso é motivo suficiente para prestar socorro. Coisa que ele não fez. Nem mesmo se importou com isso. Na verdade, eu nem ligo, o que mais quero é ficar sozinha e não ter que olhar pra mais ninguém. Não hoje.

   Fico deitada na cama, com a mesma roupa, somente tirando um cochilo breve. Porém, esse "cochilo breve" acaba tirando, exatamente, treze horas do meu dia. Ou seja, durmo até as onze horas e não vejo o tempo passar.

   Abro os olhos, ainda sonolenta. Vejo meu estado e sei que preciso de um banho urgentemente. Vou ao banheiro e ligo o chuveiro.

   A água está uma maravilha, chego a pensar em ficar ali para sempre, quando ouço um barulho estranho vindo do meu quarto.

   Alguém está gritando lá dentro e tenho receio de querer saber quem é. Rapidamente, pego a toalha e vou para a direção de onde estão vindo todos esses escândalos. Não quero abrir a porta, mas sou obrigada.

   Um frio percorre meu corpo e fico paralisada.

-O que foi isso?! –Grito.

-Ah... Você está aí. Eu estava te procurando, irmãzinha. – Thomas diz essa última palavra com tanto desdém que chego a estranhar. Observo que sua camiseta está aberta e seu cabelo está completamente bagunçado. Chego a pensar que ele possa ter bebido, mas sei que ele jamais faria isso, então tiro essa hipótese da minha cabeça.

   Parece que um furacão invadiu o meu quarto.

-O que foi tudo isso, Thomas?! –Como ele não me respondeu, pergunto novamente.

-Isso? – Pergunta, apontando para o local ao todo. – Isso não foi nada. Eu não fiz nada. Você está paranóica. –Afirma, aos risos.

   O pensamento de que ele esteja bêbado me volta à mente. Agora com mais intensidade. Tenho quase certeza que sei o motivo de sua agitação, mas tenho medo de responder.

   Ultimamente ando com muito medo, e não gosto disso. Sempre enfrentei tudo de cabeça erguida. Se isso tudo é por causa de uma chuva, eu preciso ir a um psicólogo imediatamente. Não estou bem. Você está paranóica. Acho que estou mesmo paranóica.

   Trauma? Talvez. É provável que eu tenha algum trauma. Porém, não faço ideia de qual seja. Essa agonia de querer saber de algo continuará me perseguindo e nunca vou me desfazer dela enquanto não souber de nada.

   Sei que com meu irmão naquele estado, nunca teremos uma conversa madura, então vou direto ao ponto.

-Não minta para mim, nem que sua vida dependesse disso. Só responda. – Respiro fundo, e finalmente pergunto. –Você bebeu? –Me dói muito ter que perguntar isso, mas quando se necessita de algo, deve-se correr atrás, mesmo que isso machuque.

-Você tem problemas. –Meu irmão me empurra com força, o que me faz cair na cama. Ele vai em direção da porta, e vejo que está saindo do meu quarto. Quero explicações vindas dele, então corro, no objetivo de tentar alcançá-lo.

   Thomas está fora de si. Agindo irracionalmente e, nesse momento, sou a única que pode confortá-lo.

-Só quero que me responda, Thomas. Isso não é nada demais! –Berro.

-O que isso significaria para você? O que mudaria? O que faria diferença se soubesse que eu bebi?! E sim, eu bebi. E isso não é da sua conta! –Diz, com um tom de voz exaltado. Sua voz está amedrontadora, o que me deixa com medo. Fico com muito medo do meu irmão, coisa que eu não deveria estar. –Sou maior de idade e você não deve se intrometer na minha vida. Eu só quero descansar, garota. Aposto que seu dia não foi pior que o meu. Vá dormir e me deixe em paz, pelo menos hoje!

 Olho profundamente em seus olhos. Uma raiva incomum invade meu corpo. Se ele acha que deve descontar toda a sua raiva em mim, Thomas está completamente enganado.

Levanto minha mão, que vai direto no rosto do meu irmão. Meu ato foi intencional, mas fico arrependida por ter o feito.    





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