E é isso que acontece.
Termino o dia bem, mas o inicio da pior maneira possível.
Após passar a noite toda ao lado do meu irmão, brincando e se divertindo, eu resolvo ir dormir no meu quarto. Por mais que o papo esteja bom, eu me sinto cansada e necessitada de uma boa noite de sono.
Thomas compreende perfeitamente minha situação. Essa é uma das coisas nas quais o admiro muito. A compreensão e paciência, coisa que também tenho, em falta.
Claro que antes de capotar na minha cama, eu tomo um banho quente e visto meu pijama tradicional. Assim me sinto mais confortável.
Deito e me enrolo em meio aos cobertores. Fecho os olhos e apenas sinto o leve toque dos lábios de Thomas na minha bochecha, e ouço um sussurro dizendo "boa noite".
Fecho os olhos, porém, o sono não vem. Preciso dele, mas ele está longe. A insônia está se aproximando. E não gosto disso. Preciso dormir, preciso descansar meu corpo e minha mente, mas uma leve lembrança me atormenta na madrugada e perco a noção do erro que cometi ao me esquecer da aula de reposição que teria hoje, ou melhor, ontem, no sábado.
Permaneço deitada, me preparando psicologicamente para todas as confusões e encrencas que sei que não vou conseguir escapar.
Essa é uma aula comum, mas também é de grande importância. A reposição significa que tive que refazer algo que não fiz. E não fiz de novo. Faltei, praticamente, em duas aulas do professor Gonzáles. Grave, ou melhor, gravíssimo. Eu tiro notas boas, mas ninguém escapa de uma boa puxada de orelha do meu professor de geografia.
Várias coisas passam pela minha cabeça. Entre elas, a ideia de dizer que estava doente e que não pude ir. Tecnicamente, eu poderia estar doente, pois fiquei naquela chuva terrível e podia ter pegado um resfriado.
Acho a ideia magnífica, mas não chegaria nem perto de convencê-lo, porque tenho a Miriam, que também tinha que comparecer, e ela é uma das pessoas que eu comunicaria caso estivesse em más condições de saúde.
Desisto de pensar. Apenas tento fechar os olhos novamente e cair num sono fictício.
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Amanheço com a cara inchada, como se eu tivesse chorado a noite inteira, mas não foi esse o caso.
Como é domingo, a Margaret não vem, então temos que nos virar e preparar o café do nosso jeito. Thomas ainda está dormindo, e como sei que hoje é praticamente seu dia de folga, ele provavelmente demorará a despertar, então faço um café para uma só pessoa.
Ignoro a lembrança que tive e aproveito meu café como se nada estivesse acontecendo. E como sei que ignorar as coisas não é melhor maneira de resolvê-las, escuto meu telefone tocar, e quando o ligo, vejo que quem está na chamada é Miriam.
Receio em atender ao telefonema e ela vir com aquela voz aguda gritando comigo logo de manhã. Não atento, afinal.
Por incrível que pareça, ela não retorna a ligar, o que não é algo de seu feitio. Preocupada, ligo de volta para ter certeza de que está tudo bem.
-Alo? Miriam? Você está bem? Você me ligou e como não atendi você não voltou a ligar, achei estranho e resolvi conferir. Ta tudo legal aí?
Ouço gargalhadas no fundo e um "eu te falei". Logo minha amiga começa a falar.
-Claro que está tudo bem. Eu sabia que você continuaria me ignorando e por isso o Alex me ensinou esse truque. Ele é incrível, não é? –Concordo. Miriam não me ligou para elogiar seu namoradinho. Pergunto o que deseja mesmo sabendo o que é. –Georgia, você faltou à reposição ontem. E devo lhe dizer que o professor está uma fera, principalmente com você. Acho que seria uma boa se você faltasse na sexta que vem, pois ele com certeza vai querer explicações concretas, assim como eu! Por onde você andou ontem, garota?
-Meus pais estiveram aqui e me levaram para um passeio a tarde. Me esqueci completamente, Mira. Por favor, dá pra dizer pra ele que eu tava doente ou coisa do tipo? Não sei mais o que fazer. –Digo, agoniada.
-Oh, amiga. Claro. Amanhã eu levo a matéria para você copiar, ok? Vai ficar tudo bem.
Agradeço e desligo o telefone.
Miriam tem um cérebro pequeno, mas um coração enorme. E essa é a coisa que eu mais amo nela.
NOTAS DO AUTOR
Mais um capítulo fresquinho pra vocês!
Voltaremos a postar normalmente (às segundas e quintas).
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Georgia
Ficção AdolescenteGeorgia nada mais é que uma garota de dezesseis anos, com muitos sonhos e um futuro já planejado em sua cabeça. Porém, o destino que imagina é totalmente diferente do que realmente será. Dois garotos surgem na história, trazendo junto à eles, acon...