capítulo 8

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Saiu uma briga daquelas! Em nome da boa educação, dona Flávia exigia que a filha fosse fazer uma visita a Marcos César.

- Não precisam falar em namoro - insistiu. - trata-se apenas de uma visita a um amigo doente, e não há nada demais nisso!
Lília, porém, não concordava. Teimou, explicou, insistiu que uma visita não adiantaria nada. Muito ao contrário, só complicaria as coisas. E, como a mãe não cedia os argumentos, a menina acabou gritando:
- O dia em que Marcos César estiver com esgotamento nervoso, minha avó é bicicleta de três rodas! - e retirou-se correndo para o quarto enquanto, na cozinha, Alice fazia sinal de bem-feito.
Trancando-se no quarto, Lília jogou-se na cama e cobriu a cabeça com o travesseiro. Bufava indignada. "Porque a mãe achava que tinha o direito de cotrolhar-lhe a emoção?" pouco a pouco, escureceu. Lília não percebeu, pois continuou com a cabeça escondida debaixo do travesseiro.

Lá pelas sete, ouviu batidas leves à porta do quarto.
- vá embora, não quero conversar com ninguém! - gritou ela.
- Sou eu, seu pai. Preciso conversar com você, Lília. Abra a porta.

Dr. Rui não costumava fazer discursos como dona Flávia. Então, pensando nisso, ela se levantou e abriu a porta. Viu o pai de pé com uma expressão tranquila. Sempre que o via daquele jeito, Lília sentia-se envergonhada. Sentando-se má cama, abraçou o travesseiro do jeito que a mãe implicava.
- já sei - disse ela, assim que o pai sentou-se a seu lado. - ela contou tudo a você, não contou?
Passando-lhe o braço sobre os ombros, o pai puxou-lhe o corpo contra o dele.
- escute, Lília, quero fazer uma proposta a você...
- se for para visitar o Marcos César..
- Não é nada disso. Você devia passar uns dias em ouro preto com tia ninota. O que acha da ideia?
- ouro preto? - perguntou-lhe ela, admirada.
- É, você está em férias, não conhece ouro preto e podia distrair um pouco a cabeça. Aqui dentro você vive como um passarinho preso. Por que não aproveita?

Ainda sob o impacto da surpresa, ela começou a pensar "Seria ótimo ficar um pouco longe das implicâncias da mãe e dos telefonemas de Marcos César e família. Teria sossego, por que não? Além do mais, ia curtir novas amizades.."

De repente, porém, ela torceu o nariz.
- seria uma boa se.. Tia ninota não fosse tão implicante!
Dr. Rui caiu na risada. - sua tia não é implicante Lília, nem vai pegar no seu pé. Tia ninota é apenas uma pessoa franca, honesta, costuma dizer tudo o que pensa. Para falar a verdade, entre ter um amigo falso e um inimigo franco, eu prefiro o inimigo franco porque posso confiar nele. Além do mais, tia ninota não é sua amiga. Dai, você teria nela uma amiga franca, mesmo que pareça chata ou implicante. Não é uma boa?

Lília pensou um pouquinho. Depois, abraçou forte o pai.
- Papai, porque todos os pais do mundo não são como você? Você é otimosupermaravilhoso! - e deu-lhe um beijo na testa.

A ladeira da saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora