capítulo 7

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No dia seguinte, Dr. Rui saiu cedo para o hospital e, às nove horas, dona Flávia levou tia ninota até ao médico que, de três em três meses, dava-lhe uma checada no coração.

A casa ficou vazia, e Lília dormiu até às dez.
Os dois carros chegaram ao meio-dia: primeiro o de dona Flávia e atrás, o de dr. Rui. Tia ninota estava muito falante, pelo jeito o resultado dos exames devia ter sido satisfatório.

O almoço foi muito alegre. Eles conversaram animados até às duas horas, enquanto a tia e dona Flávia repousavam, o médico voltou ao serviço.

Aquela tarde, Lília havia programado ir até o shopping center para comprar alguns CDs e um filme. Para isso, lá pelas três horas, arrumou-se, pegou a bolsa e desceu. Alice estava na cozinha, e a empregada que passava roupa três vezes por semana tinha acabado de chegar.
- vai sair sem tomar café?- perguntou Alice, preocupada.
- vou comer uns doces por aí - respondeu Lília - avise a mamãe que fui ao cinema, tá?
A empregada encolheu os ombros, e Lília saiu.
O passeio daquela tarde deixou-a alegre, despreocupada. Verdade que pensou algumas vezes em Marcos César. Mas cada vez que afastava mais o pensamento, raciocinando que era melhor ser livre do que ter um namorado complicado daqueles. Ela divertiu-se bastante, o filme foi uma comédia, e o CD que comprou era do lulu Santos. Fazia tempo que sonhava com aquele CD. Quando chegou em casa, já ao entrar, Lília percebeu que havia alguma coisa errada. Alice, que adorava fofocas, foi logo despejando tudo:
- Menina, você teve uma sorte em ter saído que nem imagina! Sabe que assim que você virou as costas, dona Cláudia veio visitar a sua mãe?
- A mãe do Marcos César esteve aqui? - perguntou Lília, admirada. - o que ela queria?
- por a acaso você pensa que eu fico atrás das portas escutando a conversa dos outros, menina? - perguntou a empregada, ofendida.
- acho não, eu tenho certeza porque já vi muitas vezes - afirmou Lília.
- bem... Eu fico mesmo! - concordou Alice, vincando a cabeça. - Dona Cláudia disse que o Marcos César está muito abalado por causa da briga entre vocês, não quer sair de casa... o médico falou que é esgotamento nervoso.
- ah, esgotamento nervoso com aquele tamanho, com aquele corpo? - repetiu Lília. - eu posso imaginar muito bem o que as duas falaram de mim! - dizendo isso, só faltou despejar fogo pelos olhos. - Alice, prepare-se, porque vai subir um cogumelo atômico nessa casa!
- Menina maluca, o que você vai fazer? - perguntou Alice, tentando segurar Lília pelo braço.
- Eu vou tomar umas certas providências. - respondeu Lília, atravessando a porta. - pode ficar atrás da porta para escutar tudinho!
A empregada suspirou, revirou os olhos e, como era de seu costume, foi mesmo encostar o ouvido na porta para saber o que ia acontecer...

A ladeira da saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora