Especial de Natal - Rose Baker

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Bom, pessoal!! 

O livro acabou mas eu realmente não pude deixar de sonhar com a estória de Julian Corbat.

Por causa disso, decidi escrever alguns adicionais de vez em quando à respeito dele, da vida dele antes e depois de Katie, de Rose e dos demais personagens!! 

Para começar, em comemoração ao natal, segue o primeiro adicional novinho pra vcs!! 

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~~Rose Baker

Roselyn Allen Baker era uma mistura de felicidade e tristeza. Ao mesmo tempo que conquistava sua tão sonhada independência, embora reprimida por toda a sociedade retrógrada do final século XIX, se vira obrigada a deixar para trás sua cidade Battle Creek e a única pessoa a quem aprendeu amar de verdade em toda sua vida. Seu pai, Dr. George William Baker, era um homem singular. Após perder a esposa no parto, decidiu que sua unica filha, resultado de sua trágica história de amor, não seria obrigada a viver como uma escrava submissa como todas as outras moças de sua época. Pelo contrário, a pequena Ally, que só ele podia chamar assim, escolheria seus próprios caminhos e seria para ele o retrato da esposa que perdera e dos demais filhos que a vida não o permitiu ter. 

Era uma responsabilidade e tanto para Rose, mas ela desde cedo aprendeu a ser forte. Cuidava de seu pai, e ele cuidava dela. Amava a seu pai, e ele a amava. Viviam um para o outro e ambos para os dois. Dividiam sonhos, tristezas, alegrias, lembranças e até mesmo um bolo de carne, que por mais que os dois seguissem rigorosamente a receita deixada pela mamãe Ally, sempre ficava horrível, ora amargo, ora sem gosto, mas mesmo assim adoravam aquela receita que os permitiam relembrar um pouco da falecida Marilyn Allen.

Rose não chegou a conhecer a mãe, mas sabia absolutamente tudo a seu respeito graças às detalhadas histórias que seu pai lhe contava. Ela era até capaz de ver o rosto de sua mãe refletido em seu espelho quando prendia os cabelos num coque alto, como a mãe costumava usar. Muitas vezes ficavam pai e filha por horas sentados junto à penteadeira chorando baixinho e remoendo a tristeza por terem perdido a luz da vida deles tão cedo. 

Rose sabia que morreria de saudades de seu pai e da vidinha compartilhada que tinham. Enquanto esteve na escola de enfermagem, o via pouco, mas mesmo assim, estavam juntos em todas a datas especiais e em cada folga de seu período letivo. Mas agora seria diferente. Morando em outra cidade, não poderia ver seu Daddy com tanta frequência. Considerando suas escalas trabalhistas, ficaria ainda mais complicado. Embora ambos sentissem falta da mãe de Rose, esse seria o primeiro natal que todos dois ficariam realmente sozinhos. 

A enfermeira Baker tinha acabado de começar no manicômio de Kalamazoo. Dezembro de 1878, num emprego novo, numa cidade nova, apontada e acusada por todos por não ser casada e buscar uma vida independente, a moça não tinha nenhum amigo ali. Decidira que passaria todo o seu dia 25 de dezembro concentrada em suas atividades no centro psiquiátrico e sequer lembraria da data comemorativa. A essa altura, seu pai já teria recebido o cartão de natal que enviara com antecedência, então não restava alternativas. Era focar no trabalho para esquecer que estava sozinha. 

Porém, aquele dia tudo estava calmo. Muitos doentes (os menos piores, pelo menos) foram passar o natal com seus familiares. Aqueles em estado mais críticos passavam a maior parte do tempo tão sedados que não lembravam nem o próprio nome. Tinham ainda aqueles que eram completamente esquecidos pelas suas famílias, mas estes  já tinham tanto tempo ali, que já até  tinham criado elos entre sim e viviam com suas gangues. Rose não tinha muito a fazer. Era um dia ocioso, nostálgico e triste. 

Com nenhum diretor presente numa data festiva e sem ninguém para vigiá-la, Rose caminhou até um salão de convivência criado para os visitantes mas que quase nunca era utilizado, sentou-se numa das poltronas e ficou olhando para a lareira que jazia apagada para evitar acidentes com os pacientes. Fitou-a como se pudesse ver as chamas que nunca dançaram ali  e deixou que uma lágrima tímida acariciasse sua pele macia. Apesar da aparência frágil, além de seu pai, ninguém nunca a tinha visto chorar, mas dessa vez ela decidiu que não reprimiria lágrima alguma, até porque, duvidava muito que alguém ali pararia para observar uma "vadia rebelde" fazendo drama de mulherzinha. 

Katie BenderOnde histórias criam vida. Descubra agora