Eu não tinha outra saída

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ALICIA.

Acordei no meio da madrugada, apalpei o outro lado da cama e Andrew não estava deitado, seu lado da cama estava vazio, o que me fez sentir medo de ele ter saído de fininho no meio da noite, e desistido de nós. O medo e o pânico de perdê-lo me consumiram instantaneamente, firmei meus pulsos no colchão e me sentei na cama. O quarto estava escuro. Mas, pude vê-lo sentado em uma poltrona na frente da cama.

Olhei para ele por um longo tempo, Andrew estava fitando o nada. Seus olhos estavam vazios e longes. Espero que ele não esteja pensando em se afastar novamente, isso acabaria comigo, eu não conseguiria trabalhar ao lado do homem que amo se ele se tornar frio. Eu sei que está sendo difícil para ele, para mim também está, mas agora, mais do que nunca precisamos um do outro.

Claro que a possibilidade da mãe dele ser a culpada da morte dos meus pais não sai da minha cabeça. Se Michelle fez isso, entregar o próprio marido para a aliança, ela é um monstro. Ela não pensou em seus filhos. Como ela consegue viver? Pois se ela fez isso, não matou apenas o marido, mas também o filho. Será que ela se sente culpada? Ou algo do tipo? Ou ela é uma mulher seca e sem coração? Capaz de matar o próprio filho?

— Andrew! — resmungo, acendo a luz do abajur para poder vê-lo melhor. Ele olha para mim, seus olhos fitam os meus e ele sorri. Um sorriso fraco e sem vida. — Porque não está deitado? — indago.

Andrew levanta-se e se aproxima, para ao lado da cama e olha para mim por alguns segundo. Até deitar-se ao meu lado. Coloco minha cabeça sobre seu peito e ficamos em silêncio por um longo tempo.

— É sobre sua mãe, não é? Todo esse silêncio, você está distante novamente, pensativo. – digo, colocando minha mão sobre o peito dele. Ele respira fundo. Limpa a garganta.

— É impossível não pensar na minha mãe e nessas últimas novidades sobre a aliança. Tudo isso que está acontecendo pode ser culpa dela. A morte do meu pai e dos seus, pode ser culpa da minha mãe, a pessoa que durante anos eu pensei que estava protegendo. A aliança ter nos encontrado pode ser culpa dela. Alicia, minha mãe é um monstro. — diz, com a voz carregada de ódio.

Tudo está sendo terrível para Andrew, eu posso ver a raiva e a dor que ele sente. Sei que eu no lugar dele, me sentiria do mesmo jeito. Que mãe é capaz de fazer isso com o pai de seus filhos e até com o próprio filho? Não vou mentir, sinto ódio de Michelle por pensar que ela é capaz de ter feito isso e também causado a morte dos meus pais.

— Eu sei. Passei o dia inteiro te falando para não se precipitar. Mas, a verdade é que, pode sim ter sido sua mãe, Andrew. E eu não te culpo. Não vou me afastar de você. E nem pedir para você odiar sua mãe. — Ele envolve os braços nos meus ombros e me aperta.

— Eu queria estar lá. Queria confrontá-la. Escutar da boca dela. E se ela fez tudo isso, eu quero pedir por que. Por que ela faz parte de uma aliança criminosa? Por que ela entregou meu pai e os seus pais? — a voz de Andrew é falha. Ele parece estar engolindo o choro.

— Vamos estar lá então. Você tem esse direito. — murmuro.

— Você está falando sério? Quer mesmo desacatar uma ordem do general?

— Sim. — respondo.

— Então vamos estar lá. E minha mãe vai ter que me falar tudo. Eu não saio da casa dela, sem respostas. — decreta.

— Será mesmo que ela vai falar a verdade? — indago. — Podíamos ter uma dose do soro da Inês. Eu sabia que aquilo poderia ser útil um dia. — Andrew sorri e beija o topo da minha cabeça.

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