Capítulo 15

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Fiquei acordada a noite toda, eu estou começando a pensar na hipótese de falar com a polícia, mas não posso fazer isso porque teria que envolver Lorenzo e ele estaria encrencado, sou maior de idade, mas ele continua sendo meu professor! Pode dar algum problema para ele e eu não conseguirei conviver sabendo que o prejudiquei.

Estou deitada, são dez e meia da manhã, não vou para faculdade hoje, já recebi umas dez ligações da Mary e não atendi nenhuma. Ela mandou mensagem também, mas eu só consigo pensar que tinha alguém do outro lado da rua da minha casa me vigiando. Caramba nem no celular com ele eu posso falar mais? Isso está ficando chato! Alguém bate na porta

 – Entra – me sento na cama, é papai 

– Hei Anne está doente? – ele anda até a cama e se senta na ponta 

– Estou um pouco enjoada papai, está tudo bem? – ele abaixa a cabeça e depois me olha nos olhos 

– Não minha filha, acho melhor você se arrumar e irmos para o hospital – oh não, a mãe de Diogo...

– O que houve papai? – me levanto num pulo

 – O pulmão dela se encheu de sangue e eles estão tentando resolver, mas ela está em risco, estão fazendo uma cirurgia agora mesmo, estou indo para lá – ai meu Deus, não pode ser! Ela está morrendo. Corro para o chuveiro

 – Vou descer em cinco minutos – ouço a porta batendo. Tomo o banho mais rápido da história, nem molho a cabeça para não tomar tempo. Visto uma calça jeans e uma blusa de manga curta cinza, coloco meu tênis o mais rápido possível e corro para baixo. Só consigo pensar em Diogo, como ele deve estar péssimo, sua mãe companheira da vida está morrendo e eu sei como é a dor de perder uma mãe, dói até hoje em mim. No caminho paramos para abastecer e eu começo a chorar 

– Calma querida, eles estão tentando salva-la ok? – papai tenta me acalmar e eu tento me conter, estou indo dar forças para o meu amigo, preciso ser forte! Contenho minhas lágrimas até chegarmos no hospital. Subimos rapidamente e a cena que vejo me paralisa. Parece que está tudo em câmera lenta, vejo o médico falando com Diogo e ele caindo no chão gritando, vejo Manu correndo até ele, vou me aproximando, vejo Mary parada em pé com a mão na boca pasma segurando o choro. Continuo andando e vou até ela e nos abraçamos. Tudo acontece tão devagar, a dor chega de repente, vamos até ele e o abraçamos forte, os quatro abraçados. Diogo não para de gritar 

– NÃO, NÃO, NÃO POR FAVOR NÃO! – ele se solta do nosso abraço e corre até a sala de cirurgia, mas é tarde demais não há mais o que ser feito a não ser chorar. Ela se foi, se foi para sempre e essa dor que carregamos da morte de alguém muito próximo é terrível, essa dor eu sei que nunca se vai, ela fica conosco para sempre nos lembrando que a vida é um sopro, é um fiozinho frágil que pode ser quebrado facilmente. Diogo não volta da sala, sentamos e esperamos, ele fica lá por mais de uma hora, papai foi até a escola dos meninos para buscar Teddy e Dylan, oh céus pobre Dylan. Viro para Manu que está bastante abalada

 – Como que isso tudo aconteceu? – ela me olha 

– Foi tão depressa Anne, estávamos dormindo aqui sentados, resolvi ficar aqui com ele porque ele precisava de companhia, então quando amanheceu acordamos com o alvoroço, levaram ela para sala de cirurgia correndo, ela estava sufocando, entrou uma quantidade de sangue em seus pulmões e o resto você já deve imaginar. Diogo não parou de chorar desde então, ele está muito mal estou preocupada, ele ainda está lá dentro? – dou um abraço de lado nela

 – Ele deve estar se despedindo ou algo assim, vamos dar um tempo pra ele, é uma dor inexplicável só quem já sentiu sabe – nesse momento Mary se aproxima e aperta minha mão. De repente chega papai com os meninos, Dylan está arrasado, não fala nada mais o olhar dele diz tudo, levanto e o abraço apertado pobre menino, tão novo, mas tão forte 

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