18 | Lago

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Pensava que nunca mais ia voltar a este sítio depois do que aconteceu. Todo este mundo faz lembrar-me do incidente, ao início não conseguia dormir com a cara dele a assombrar cada noite, mas para quê tanta culpa e tristeza, como o meu avô dizia no meio da morte, nós estamos vivos. Ao princípio pensei que ele dizia isso só para resolver negócios quando a nossa família ia aos funerais mas ele tinha razão.

Olho para o lago cheio de patos das mais variadas raças e feitios que o meu pai trouxe-me aqui pela primeira vez e contou uma história de como ele já estivera no meu lugar quando ele tinha a minha idade e depois deu uma espingarda e mandou-me matar um homem que estava do outro lado do rio a passear o cão, primeiro perguntei-lhe porque que raio eu haveria de fazer aquilo o homem não fez mal nenhum, o meu pai ri-se como eu nunca o tinha visto rir e pegou o telefone, telefonou para alguém que no momento eu não sabia quem era, mas quando eu vi o homem do outro lado a atender e ouvi o meu pai a discutir com ele como foi divertido e emocionante matar uma família inteira. Deu-me vontade de vomitar. Quando ele acabou a chamada, ele só me disse "Tu sabes o que fazer" e voltou para carro. Comecei por montar a arma, mirei o alvo e matei sem hesitação. O corpo do homem a cair no chão e o cão de roda do corpo dele não me deu algum remorso. Eu tinha treze anos.

Eu nem acredito que ao início acreditei mesmo íamos passar tempo pai e filha, eu era mesmo ingénua naquela época.

Depois começaram os treinos ainda mais intensivos, já que eu tinha treino de arma em que o meu pai não me deixava sair mais de casa dava a desculpa que eu tinha estar focada para liderar, o mundo lá fora não tinha piedade. Inicialmente era engraçado eu era tão nova e o meu pai estava sempre a perguntar-me quem é que ia liderar o império quando ele fosse e eu como uma boa filha fazia o que ele pedia. Mas eu agora eu quero virar o jogo, já que o Harry é um playboy ambulante que vai arruinar o património da minha família, eu não quero que ele herde o império que a minha família esforçou-se tanto para manter e que eu sacrifiquei quase a minha alma.

Oiço o ruído de vários carros atrás de mim, viro-me e vejo dois automóveis, um Rolls Royce Ghost e um Rolls Royce Phantom Limo. O meu pai sai obviamente do ghost e dirige-se na minha direção enquanto um motorista que me parece estranhamente reconhecível sai pela porta do condutor do meu mais recente antigo carro e um homem dirige-se para o carro que eu conduzi até aqui.

- Sabes, Natacha, eu prefiro a tua versão antiga daquela que mostraste nos últimos anos, ainda bem que voltaste aos trilhos – oh elogio do meu querido pai.

- Fico feliz por fazer o que eu lhe pedi – eu disse quando encosto-me ao ferro que estava a volta do lago. – E a mala? – O Mercedes do Harry já tinha ido embora

- Já está na limusine.

- É sempre um prazer fazer negócios consigo, Pai. – O motorista já tinha aberto a porta, eu já estava metade dentro, metade fora e o meu pai já estava a entrar dentro do seu carro – E pai mantenha-se contactável eu vou contacta-lo ainda hoje.

Entrei na limusine e pousei a minha mala.

- Para onde, senhora?

- Para a Capital. – Ele começou a conduzir para longe do lago.

- Sim, senhora. – Já sei onde o conheço, não sei como não o reconheci mais cedo.

- Jorge, como vai a família? – Eu pego numa taça de champanhe que estava em cima da míni mesa ao meu lado.- Bem, senhora. A Maria está grávida – Eu sorri e olho para fora da janela preta.

- Que bom, Jorge. – O quer que seja as pessoas pensam, o Jorge não foi só o meu motorista, ele foi o que tive mais perto de um amigo antes do episódio inesperado.

Herdeira [H.S] & [J.B]Onde histórias criam vida. Descubra agora