- Porque fizeste isto, Natacha? – O Harry fala com dificuldade, enquanto olha para mim a sangrar do peito. O chão do escritório dele estava encharcado como as minhas calças e as minhas mãos que pressionavam contra ao peito dele. – Eu gostava de ti, não entendo porque traíste-me - Eu via o furo que a bala no peito dele a bombardear sangue para lado de fora como fosse um disco riscado que não saia da minha cabeça.
- Desculpa – Eu digo a chorar – Eu não queria que nada disto acontecesse. Eu não queria! – Eu gritava para ele perceber que eu não queria que nada do que ocorreu tivesse acontecido. Ele cada vez está a perder mais sangue e não há nada que eu possa fazer para impedir. Eu não posso perde-lo.
-Agora é muito tarde para arrependimentos já que eu estou morto. – Ele fecha os olhos. Eu não sinto o batimento cárdico dele. Começo a dar murros no peito dele para ativar o batimento, mas ele não mostra sinais de vida. Sinais de vida.
-Herdeira – Eu viro-me para trás, devido a mão que estava no meu ombro - Estamos aqui para vir buscar o corpo – Eu assinto ainda a chorar e afasto-me do corpo dele sem conseguir tirar os olhos dele. A culpa foi minha. Ele está morto por minha causa.
- Natacha, não faz mal.- Um homem puxou o meu corpo contra ao dele, como o Harry faz. Fazia. - Foi o melhor para todos, tu sabias que ele era um obstáculo. - Eu estou catónica, não consigo fazer nenhum movimento para soltar-me deste homem - Agora já podemos estar juntos. – Era o Dastan. O homem que estava a levantar o corpo do Harry era o Bieber.
- Sra. Styles! Sra. Styles! Acorde. – O som da máquina do batimento cárdico invade a sala como único som. O que está acontecer? Foi só um sonho, que parece estar a tornar-se realidade. Estava a dormir com os joelhos no chão e com a cabeça numa ponta da cama onde o Harry está deitado, imovél. Ele parece tao pacífico. Alguém toca no meu ombro esquerdo novamente obrigando-me a olhar para trás onde o médico que examinou o Harry estava a minha espera.
- Alguma novidade? – Eu fungo, as lagrimas que estavam presas não aguentaram mais. Eu não aguentei mais. Eu não aguento mais vê-lo neste estado.
- A senhora sabe que o prognóstico é mau. A bala que acertou no seu marido passou a milímetros do coração foi uma sorte, ele ainda estar vivo. Se a senhora não o tivesse encontrado mais cedo, ele agora estava morto. - Eu levanto-me ainda cheia de sangue do Harry pelo meu corpo todo e ponho-me a frente do médico a esperar que ele dê-me alguma novidade.
- Não está a dizer-me nada que já não soubesse. – Eu digo agora chateada por ele não parecer competente para tratar do meu marido. O meu pai tinha razão eu devia ter chamado o médico do Centro, não o que o pai do Harry aconselhou, o médico do Norte.
- Estás horas são criticas, se ele vai viver, morrer ou até ficar em coma. Está tudo nas mãos dele. – Este médico está a gozar com a minha cara. Está nas mãos dele? Ele está acamado, ele não se move.
- Faça o que for necessário e depois saia. Informe que eu não quero ser incomodada, se não for estritamente necessário.
Ele verifica o soro e depois sai deixando-me sozinha com os meus pensamentos perdidos ajoelhada ao lado dele.
Quando o meu pai mandou matar o Dastan, ele dizia que tinha sido para o melhor, ele não era confiável, na altura eu não entendia, eu só sentia o meu coração partido e só via raiva e tristeza a minha frente, o que deu origem ao meu afastamento da família, ainda lembro-me a tristeza do Enzo, a agressividade do meu pai, até parecia que ele queria que eu acordasse, e a entrada nos jogos do meu tio e a partir daí foi só a descer até chegar ao fundo do poço. E quando o Harry apareceu parecia uma maldição que mais tarde salvou-me da avalanche que era o Dastan. A ausência do Harry está a matar-me aos poucos, este estado que ele se encontra está a influenciar o meu julgamento. Ele está a influenciar-me, amar é tão doloroso, parece que queima no meu peito, o meu coração mais especificamente. Agora entendo tudo o que o meu pai disse ele não era bom e este é o resultado da minha falha. Se ele não acordar, eu nunca vou ser capaz de perdoar-me. As lagrimas dos meus olhos pareciam que nunca eram suficientes. As lagrimas que escorriam não eram nada comparadas a dor que eu sentia.
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Herdeira [H.S] & [J.B]
FanfictionNão sei o que é pior, eu viver num mundo onde matar alguém é como respirar ou eu estar apaixonada por um deles.