• Cinco - Parte II •

449 40 0
                                    

Rebecca

Seguimos em silêncio dentro do carro. Eu presto atenção na rua e Sebastian se distrai com a vista, mas sei pelos seus olhares discretos na minha direção e seu abrir e fechar de mãos constantes que ele quer falar alguma coisa.

- É melhor perguntar logo antes eu te jogo pra fora do carro - falo rude.

- O que você quis dizer com "Eu tenho mais autoridade que vocês da CSNI"?

Penso no que dizer, eu não fui tão literal. Mas também não quero abrir tanto minha vida para ele.

- Eu não quis dizer no sentido literal, eu estava com raiva, além do mais, eu posso fazer qualquer coisa sem Consequências desde que ninguém saiba o que eu estou fazendo. Não podem me culpar por algo que não fiz, certo? - uso minha voz doce e em tom de desculpas, Sebastian olha pra mim satisfeito e sorrio.

Deu certo.

O resto do caminho é silencioso, até quando chegamos na rua da entrada da agência.

Ao redor da Tody's Recordes duas viaturas policiais soavam suas sirenes e impediam alguns curiosos de se aproximarem. Um caminhão de bombeiros tentava apagar o fogo da loja que era real.

Olho rapidamente para Sebastian que me entende e deixo o carro de qualquer jeito na calçada pulando para fora e correndo em direção a loja.

- O que aconteceu? - Sebastian pergunta para um dos policiais.

- Ligaram pra DP dizendo que ouviram explosões e tremores, quando chegamos essa loja estava pegando fogo.

Sebastian me olha em pânico e nos dois pulamos as cercas, que impediam a aproximação das pessoas, correndo em direção ao grande portão de metal que é a passagem holográfica pra agência.

- Vocês dois! Parem! - o policial grita, mas já estávamos na frente do portão.

Sebastian bate no portão e o som alto nos assusta. É de verdade.

- O que aconteceu com o holograma? - pergunto.

- Em casos extremos eles descem o portão real impedindo a passagem de qualquer um - diz Sebastian tentando raciocinar. - Becca é sério, só em casos extremos, Aaron não fecharia a passagem, sabendo que existem agentes do lado de fora, por alguma coisa tola. Aconteceu algo.

Ligo minha pulseira e o quadro digital aparece até metade do meu antebraço. Tirando uma tela azul só existem as palavras: Sem Sinal.

Sebastian olha para o meu pulso, - Temos que entrar Becca.

Concordo com a cabeça no mesmo instante em que o policial se aproxima de nós.

- Vocês não tem permissão para entrarem aqui, a loja está pegando fogo e pode explodir a qualquer momento - o policial diz autoritário com uma voz de quem fuma muitos cigarros por dia. Então ele analisa meu corpo e sei que ferro. Estou usando o uniforme. - Você tem permissão para porte de todas essas armas?

Sebastian olha pra mim com um sorriso irônico e eu reviro os olhos. Não to com tempo pra perder com isso.

- Corre - digo e nós dois corremos ouvindo os gritos do policial. - Tem outra entrada?

- Milenium Park - ele diz e continuamos correndo.

Pouco tempo depois entramos no park e seguimos até uma casa de maquinas .

Óbvio.

Entramos e Sebastian puxa uma das bombas para o lado, ele puxa um aro de metal revelando uma escada vertical para um túnel escuro.

- Vamos lá! - Ele tem a cara de pau de sorrir.

Ele pula direito pra baixo sem usar a escada, mas como não sei a altura prefiro usar a mesma. Acabou que não eram nem três metros.

Assim como eu Sebastian aciona sua pulseira e liga a lanterna, faço o mesmo.

O lugar era totalmente escuro, tinha cheiro de água e cimento - bem, tanto as paredes quanto o chão era feito de cimento, então é meio lógico - tudo era um silêncio massacrante. Eu só ouvia a nossas respirações.

Eu fico imaginando o que aconteceu para eles trancarem a entrada, ou o sinal ter sido cortado.

Merda! Eu nem dormi no meu quarto ainda.

Ouço Sebastian destravando sua arma e sei que estamos perto. Chegamos a uma parede, impedindo nossa continuação, olho confusa para Sebastian, mas ele está no chão abrindo outra passagem, uma luz branca no chão ilumina o nosso redor, assim como o barulho de um sinal de alarme. Olho pra baixo e sei que é um dos muitos corredores. Dessa vez não tem escadas então vamos ter que pular.

Eu vou primeiro, pulo arrumando meu corpo para que eu não me machuque na queda, quando atinjo o chão rolo o corpo pra frente já levantando em seguida. Sebastian vem logo atrás de mim.

O lugar todo está um silêncio, tirando o alarme, não se escuta mais nada. O corredor branco vazio chama minha atenção. Esse lugar é sempre movimentado.

Ouço o barulho de algo se quebrando, olho pro chão e vi que pisei em um pedaço de vidro preto, e pelo caminho eles aumentam. Olho para Sebastian, começamos a correr. Agora os estragos são maiores, conforme corremos as paredes e vidros vão ficando cada vez mais quebrados, indícios de explosões, água aparece em grandes quantidades e depois cai em cima de mim pelo sistema de incêndio.

Conforme nos aproximamos a situação realmente só piora. Chegamos a área de controle, estamos no andar de cima nos segurando nos corrimãos. Embaixo um caos total, é óbvio que usaram algum explosivo fraco, mas muitos, todos os monitores e computadores foram quebrados. E o pior, uma pilha de corpos coberta por um pano branco no meio de toda a bagunça de escombros água e alarme.

No pano um aviso em vermelho.

Os códigos.

Consequências de um ErroOnde histórias criam vida. Descubra agora